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Se tem um preço por estar na ponta

A Red Bull é um foco para os adversários, a equipe sempre acaba chamando a atenção quanto a resoluções aerodinâmicas e leitura do regulamento. Eles contam com Adrian Newey, diretor técnico do time que sempre apresenta inovações para os carros da equipe. Obviamente o RB16B está dentre as marcas de sucesso e produção da equipe, pois conseguiram lidar da melhor forma com a troca do regulamento de 2021.

Os carros de 2021 passaram por uma redução do downforce, além de receber pneus mais reforçados. No início da temporada o rake da Red Bull e a filosofia do seu carro foi muito analisada pelos rivais, afinal, a equipe acabou crescendo neste ano, tendo a possibilidade de desafiar a Mercedes.

Outro ponto que também direcionou olhares mais atentos ao carro da equipe, esteve ligado as asas flexíveis. Em maio um burburinho alimentado pela Mercedes, questionou as asas usadas na parte traseira pelo time austríaco. Pouco depois a FIA implementou novas verificações e mudanças do que era ‘tolerável’ para a utilização.

Em uma entrevista recente divulgada pela Red Bull, Newey comentou que todos esses olhares ocorrem pela execução do bom trabalho. O carro é rápido e mostrou muitas vezes superioridade em alguns circuitos.

“Em muitos aspectos, é um elogio para a equipe nos vermos sob tamanha análise de outras pessoas. Já passamos por isso antes, mas não consigo me lembrar de uma época em que tenhamos recebido o mesmo nível de politicagem nos bastidores e lobby contra nosso carro.”

“Possivelmente, se você olhar para trás, quando estávamos em 2010/2011, estávamos sob constante avaliação e nos adaptamos a cada conjunto de mudanças no regulamento”, afirmou Newey.

A Red Bull ganhou mais evidência quando teve um carro melhor para batalhar pelo Campeonato de Construtores em 2021 – Foto: reprodução

Fica claro quando tem um time que está se destacando, que outras equipes acabam prestando mais atenção, contestando engenhosidades dos outros carros. É justamente uma carta que várias equipes acabam guardando, tentando usar em algum momento para benefício próprio. Um exemplo recente foi o carro da Racing Point usado na temporada passada, uma cópia da Mercedes que acabou provocando mudanças no regulamento depois de questionamento de outras equipes.

Com o passar dos anos, os carros de Fórmula 1 se tornaram muito complexos e mesmo com todas as avaliações da FIA, eles não são capazes de descobrir todos os truques dos times. Eles contam com essas ‘picuinhas’ entre as equipes para tornar as suas regras mais rígidas e implementar outras verificações.

“Já estivemos aqui nas últimas batalhas pelo campeonato com a Ferrari, o que também envolveu algumas linhas sobre a flexibilidade da carroceria. Particularmente unca gostei muito da analogia da guerra, mas é uma analogia decente, e você tem que olhar para todos os aspectos que puder para melhorar sua posição competitiva.”

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A beleza da Fórmula 1 está justamente nisso, buscar soluções para melhorar alguns décimos, desafiar os rivais com inovações que só você conseguiu já que explorou brechas das regras. Mas o preço que se paga é justamente ter todas as equipes prestando atenção de forma mais critica ao seu trabalho. 

Não é um segredo para ninguém, mas durante as provas as equipes acabam usando fotógrafos que estão na pista só para capitar os detalhes de outros carros. Coisas que são usadas para a análise e aperfeiçoamento do próprio equipamento.

“Essa é a natureza da Fórmula 1, e uma das coisas que a torna tão estimulante, mas é a frequência e intensidade deste ano que é bastante reveladora”, acrescentou Newey.

Sobre as asas flexíveis o ganho apontado pela Mercedes, Newey informou que a Red Bull não estava se beneficiando tanto assim com a elasticidade.

“Se você considerar o problema da asa traseira flexível, certamente não fomos a única equipe a ter essa questão, mas é claro, quando a Mercedes começou a fazer barulho sobre isso, eles não estavam preocupados com o que a Alfa estava fazendo”, disse Newey.

“Eles só estavam preocupados se estávamos obtendo um benefício, o que realmente não estávamos, mas havia uma implicação de custo em mudar essa parte que obviamente era pesado. No entanto, é uma grande prova da profundidade de nossa equipe que podemos responder às mudanças e é um grande exemplo de quando nossa equipe é colocada em um canto, podemos sair lutando e continuar a ser tão competitivos”, concluiu.

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E depois dos anos de sucesso que a Red Bull teve quando Sebastian Vettel ainda guiava pelo time, a temporada atual é a melhor campanha da equipa nos últimos anos. O carro se mostra muito eficiente, assim como a unidade de potência entregue pela Honda. Este salto de performance acaba realmente chamando a atenção.

Depois do GP da Hungria a Red Bull foi superada pela Mercedes, agora está na segunda posição do Campeonato de Construtores e conta com 291 pontos, contra 303 conquistados pela Mercedes. Do GP de Mônaco ao GP da Inglaterra, a equipe austríaca esteve na liderança.  

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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