A Toro Rosso teve uma temporada no mínimo frustrante, diversos problemas internos e com os motores Renault, mas neste quesito todos os que fizeram uso da unidade motriz da montadora francesa se sentiram decepcionados e tiveram que lidar com diversas punições ao longo do ano.
A grande questão é que a própria fornecedora dos motores também precisou fazer jogo de cintura com as quebras e no final da temporada reduziram o desempenho dos motores para evitar quebras na pista para que pudessem chegar ao final das corridas. A insatisfação com a Renault trouxe de volta à tona o desejo de Red Bull e Toro Rosso se separarem da fornecedora francesa, mas ficaram à deriva quanto a um possível novo fornecedor, já que as duas equipes são encaradas como ameaças para uma possível disputa por títulos, pois são ótimas desenvolvedoras de chassi e com um motor competitivo as duas voltariam para o páreo.
Foram inúmeras trocas durante o ano, tanto de motores quando dos seus componentes, o que acarretou em punições para a equipe, que acabou largando várias vezes da última posição do grid. Ainda se viram na situação lastimável de perder treinos inteiros por causa do motor que literalmente abriu o bico e sabemos que essas trocas não são nada rápidas.
A briga ficou tão intensa que a Toro Rosso precisou recorrer a Honda, que vai deixar de ser fornecedora da McLaren para conseguir disputar na Fórmula 1 no próximo ano, no entanto vai acabar vivenciando mais uma temporada de incertezas já que o motor da montadora japonesa também não é o mais confiável do grid e segue em desenvolvimento.
lll Carlos Sainz Vs Daniil Kvyat
Essa foi uma novela à parte protagonizada dentro da Toro Rosso. Carlos Sainz de longe teve um desempenho melhor que o russo Danil Kvyat, que fez uma temporada marcada por abandonos, quebras e batidas, tanto que a maré de azar sobre ele daria um livro completo, fora o fato de já ter que lidar com um rebaixamento no ano anterior (da equipe principal RBR para a secundária STR) fato que abala e muito a confiança de um piloto.
No post “A Fórmula 1 pune, Jolyon Palmer faz a sua última corrida pela Renault”, (que recomendo fortemente a leitura) falei sobre o Palmer e sobre a atitude da Fórmula 1 e das equipes punirem os seus pilotos de forma drástica e isso pode ser remetido para a situação do Kvyat. Não entregar resultados é algo muito cobrado na categoria até porque envolve dinheiro, mas esta questão já é batida para falar sobre esse assunto nesse post. Não ter quem te substituir como no futebol quando você está em uma má fase também é uma questão, o piloto é um ser único, mas mesmo trabalhando em equipe, muitas vezes o holofote é só para quem está guiando o carro.
Como em tudo no mundo, os erros são mais apontados do que os sucessos, na mídia não foi diferente e os abandonos de Kvyat e as comparações com Carlos Sainz não foram poupadas.
A Toro Rosso errou na hora de trocar o piloto? Sim e não. Trocar Kvyat e depois chamá-lo para tapar buraco foi completamente desumano, mas falando em questão de empresa, ela fez o que tinha que ser feito. Esperar que as novas contratações trariam chances para brigar com a Renault não foi muito sábio, pegar dois pilotos por mais experientes que eles tenham sido em outras categorias e jogá-los em carros desconhecidos não é a melhor forma de tentar resolver todos os problemas de uma equipe, toda esta troca requer adaptação.
Carlos Sainz foi requisitado pela Renault antes da temporada acabar, se já vinha fazendo um bom trabalho na Toro Rosso, continuou a boa performance na nova equipe, já tentando se colocar na frente de Nico Hulkenberg, isso mostra a garra que o espanhol tem.
lll Próxima temporada
Tudo vai ser novo, Bredon Hartley e Pierre Gasly já foram confirmados pelo time e espero que desta vez ninguém seja demitido no meio de uma temporada. Os motores serão fornecidos pela Honda como mencionado na primeira parte deste texto e a fornecedora japonesa já sabe que o trabalho e evolução da sua unidade motriz serão cobrados, assim como a McLaren, vemos que quando o casamento não dá certo, a equipe não tem medo de colocar a boca no mundo para reclamar dos serviços prestados, mesmo que acabe entrando em um buraco sem saída, já que atualmente não tem como contar com nenhuma outra fornecedora.