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Fórmula 1 deve lançar categoria feminina para apoiar a formação de pilotas

Após a W Series enfrentar problemas financeiros, Fórmula 1 pode apresentar uma categoria feminina para apoiar a base e as mulheres no automobilismo

Durante o GP dos Estados Unidos, a BBC mencionou a possibilidade da Fórmula 1 criar um campeonato feminino, com o objetivo de auxiliar as mulheres no automobilismo. O campeonato não seria um rival da W Series, mas sim uma forma de complementar o trabalho que a categoria realiza.

O plano é que a nova série seja lançada no próximo ano, voltada para mulheres a partir dos 16 anos, contando com cerca de 12 a 15 assentos disponíveis. A F1 não deu mais detalhes sobre a categoria, mas provavelmente ela será vista como mais um degrau, complementando o trabalho que hoje é realizado por Fórmula 3 e Fórmula 2, sendo o principal caminho para chegar à Fórmula 1.

A ideia é mencionada pouco depois da W Series antecipar o encerramento da temporada 2022 e enfrentar problemas financeiros. Mesmo com a categoria feminina incentivando e apoiando as mulheres no automobilismo, faltou um pouco de empenho da própria Fórmula 1 e seus campeonatos de base para incentivar as mulheres no automobilismo e ser realmente uma alternativa depois da W Series.

A categoria feminina é como um campeonato de Fórmula 3 regional, o carro usado pela W Series é um F3, mas não conta com as mesmas configurações do F3 usado pela categoria de base da Fórmula 1.

A Fórmula 1 deve começar uma categoria no próximo ano voltada para as mulheres – Foto: reprodução W Series
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A W Series passou a atuar como evento suporte as corridas de Fórmula 1 em 2021, realizando as suas provas nas mesmas pistas que a categoria principal. Embora se aproveitasse do público da F1 para a sua divulgação, a W Series não recebe apoio financeiro da F1 para a organização do seu campeonato. A W Series também é uma categoria independente, não tendo nenhum vínculo com a FIA.

Entende-se que mesmo com a nova categoria não sendo um campeonato para rivalizar com a W Series, a própria Fórmula 1 e FIA poderiam ter feito algo para colaborar com o campeonato, não deixando a W Series chegar no ponto em que é colocada como uma dúvida para o próximo ano.

A W Series encerrou o campeonato de 2022 mais cedo e agora busca patrocinadores de longo e curto prazo, para formar uma estrutura sólida e voltar a competir no próximo ano.

Sabemos que é necessário fazer mais para as mulheres no automobilismo, principalmente quando elas não recebem o mesmo apoio que os homens. O heptacampeão mundial de Fórmula 1, ressaltou recentemente essa necessidade.

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“Não houve foco suficiente para as mulheres no esporte durante toda a vida da F1 e não há ênfase suficiente nisso agora. Eles não estão ampliando o suficiente o grande trabalho que está sendo feito lá”, ressaltou Hamilton.

“Não há representação suficiente em nossa indústria e não há realmente um caminho para essas jovens pilotas chegarem à F1 e então você tem algumas pessoas dizendo que nunca haverá uma mulher na F1”, seguiu o piloto da Mercedes.

“Isso não é uma boa narrativa para nós. Precisamos fazer mais. Com a F1 e a Liberty indo tão bem, não é muito para eles ajudarem nesse espaço.”

Sempre que falamos sobre as mulheres no automobilismo, é necessário ressaltar que elas não contam com o mesmo apoio financeiro e incentivo que um homem tem. Novas categorias que valorizem o trabalho das pilotas são importantes, reconhecemos a necessidade de apoiar a base e ter cada vez mais iniciativas e programas. Porém, todos esses recursos precisam somar e trabalhar juntos, operando como uma engrenagem em sincronia.

A existência da W Series ainda se faz necessária para o esporte, mas as outras categorias precisam incentivar e estar abertas para receber as mulheres. Não adianta muito a campeã da W Series não ter um aporte financeiro para correr em uma Fórmula 3 ou Fórmula 2.

A meritocracia não é suficiente no automobilismo, pois ele não está gerando vagas ou formando mais pilotas. Se não existirem programas mais claros de apoio e até mesmo equipes e vagas criadas para as mulheres nos campeonatos de base ao menos neste começo, nada mudará, mesmo com o surgimento de uma nova categoria.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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