Após uma sequência de corridas realizadas em circuitos de rua, voltar ao autódromo dava uma perspectiva para analisar a posição das equipes no Campeonato. Como a pré-temporada não foi realizada em Barcelona, os times estavam ansiosos para chegar ao circuito e coletar o máximo de dados possíveis tentando compreender de uma melhor forma os seus equipamentos.
Barcelona foi usada em seu layout original e os pilotos gostaram mais do comportamento do carro nesta configuração de traçado. Tivemos uma prova movimentada, principalmente por conta das duas paradas que foram realizadas ao longo da corrida.
A prova deste fim de semana contribuiu para fazer uma leitura melhor de algumas equipes, no entanto, Mônaco já tinha chamado a atenção para alguns pontos. Vamos aos comentários da etapa!
TEAM STANDINGS (after seven races)
A double podium sees @MercedesAMGF1 move up to P2 👏#SpanishGP #F1 pic.twitter.com/cCmTLmGgtA
— Formula 1 (@F1) June 4, 2023
Red Bull, muito distante do resto
Barcelona era uma boa pista para analisar a Red Bull e compreender o momento que a equipe está vivendo. Ficou nítido e ainda mais claro que o time tem um equipamento muito superior e mais estruturado. No início das atividades Max Verstappen até reclamou um pouco do comportamento do carro e mencionou o porpoising, mas com alguns ajustes, o carro passou a se portar melhor na pista.
Esse foi um fim de semana de completo domínio do piloto holandês. Verstappen liderou todos os treinos livres, se definiu como o pole da etapa, venceu a corrida liderando todas as voltas e ainda faturou o ponto extra pela melhor volta da prova. Max Verstappen mostrou mais uma vez como ele e o carro estão bem alinhados e dificilmente perderá esse título ou terá um oponente que possa tornar a disputa mais interessante. O holandês obteve a 40º vitória da carreira.
A Red Bull se alinhou perfeitamente com Verstappen, o desempenho deles faz lembrar alguns momentos em que Sebastian Vettel também vivenciou no time, novamente os adversários precisam trabalhar muito para chegar na equipe austríaca.
Depois de falhar em Mônaco, Sergio Pérez cometeu mais um erro em Barcelona, na sua última tentativa de volta rápida no Q2, extravasou os limites de pista e passou pela brita. Eliminado no Q2, Pérez precisou realizar uma corrida de recuperação para escalar o pelotão. O piloto foi o quarto colocado na prova, em uma corrida que ele tinha tudo para formar uma dobradinha com Max Verstappen.
Se Pérez tinha o desejo de batalhar pelo título, ele mostrou mais uma vez que é um oponente que se abala fácil e por não ter resultados constantes, dificilmente fará oposição à disputa do título. O mexicano poderia ser uma peça interessante nesta luta, no entanto, após duas corridas olhamos para ele e nos perguntamos se ele tem a chance de não ser o vice-campeão da temporada por conta da diferença que Lewis Hamilton, George Russell e Fernando Alonso fazem em seus times.
Mercedes vs. Aston Martin
Como tínhamos apontado, Mercedes e Aston Martin seguiram para Barcelona separados por apenas um ponto no Mundial, mas após o pódio duplo do time alemão, a Mercedes encerrou a rodada à frente da Aston Martin – separados por 18 pontos.
Mudar o conceito do carro foi algo que funcionou na Mercedes e sem dúvidas era necessário fazer essa alteração. O W14 aparenta uma progressão, mesmo com o time ainda lidando com problemas em ritmo de classificação. Antes da definição do grid ser realizada no sábado, Lewis Hamilton acreditava que a Mercedes não chegaria ao top-10, mas o piloto representou o time, depois da eliminação de Russell no Q2.
Em ritmo de corrida, a Mercedes já desbloqueou o seu potencial. Realizaram ultrapassagens e disputas na pista até chegar ao pódio. Superaram a Ferrari em mais uma prova e conquistaram pontos importantes.
A Mercedes deve impactar novamente a competição como aconteceu no ano passado, usando o mesmo artifício: pontuar com os dois carros, obtendo o maior número de pontos por etapa, dentro da realidade que o time se enquadra. Russell e Hamilton são pilotos tem um bom ritmo e estão mais contentes com o W14 e as alterações que foram realizadas. Para tornar a vida deles um pouco mais fácil, eles precisam encontrar uma forma de melhorar o ritmo de classificação.
A Aston Martin como foi apontado no último texto, além do nosso podcast: o time é praticamente de um homem só. Em sete provas, Alonso só não esteve no pódio em duas provas e em Barcelona ele teve um sábado complicado. Na classificação Alonso passeou pela brita e danificou o assoalho do carro, para concluir a atividade o time fez alguns reparos com fita, pois é uma peça muito complexa para trocar em questão de minutos.
Alonso voltou para a pista, mas não tinha como extrair o mesmo do carro, então começou a prova da 8ª posição, depois que Pierre Gasly foi punido. Com Lance Stroll começando a corrida à frente do espanhol, Alonso optou por não incomodar o canadense, se mantendo atrás do companheiro de equipe.
É nítido que a Aston Martin está perdendo pontos preciosos por Alonso e Stroll não entregarem resultados semelhantes, essa foi a corrida que os pilotos conseguiram se encontrar no traçado, Stroll e Alonso foram sexto e sétimo, respectivamente nesta prova. Nos treinos livres os dois pilotos estavam bem distantes, mas os times tinham um cronograma extenso para avaliar os seus carros. O carro não parecia tão rápido usando os pneus duros e macios e chegar ao pódio não era uma realidade neste fim de semana. Alonso que implodiu novamente a Alonso-mania na Espanha, não pode celebrar na frente do seu público.
Agora é aguardar as próximas corridas, para saber se a Mercedes vai encontrar um ritmo superior ao apresentado pela Aston Martin e como os pilotos da equipe britânica vão se portar na captação de pontos.
Alpine, desempenho que chama a atenção
A Alpine deixou Mônaco com um pódio e a missão de obter bons resultados nas próximas corridas. O desempenho do time francês não parece que é fogo de palha e eles realmente estão roubando a cena.
Na classificação, Pierre Gasly e Esteban Ocon estiveram entre os dez primeiros colocados, participando ativamente do Q3. O grande prejuízo foram as duas punições para Gasly, desta forma o piloto perdeu seis posições no grid de largada, começando a corrida do décimo lugar.
Ao longo da prova, esperávamos um desempenho melhor do piloto francês, mas ele por pouco não terminou fora da zona de pontuação. Gasly herdou o décimo lugar após Yuki Tsunoda ser punido. Essa é a terceira corrida consecutiva que os pilotos da Alpine pontuaram.
O interessante desse desempenho da Alpine é que cada vez mais o time francês amplia a distância para os pilotos da McLaren. Nessas mesmas três corridas, os Papayas conquistaram apenas três pontos. Enquanto a McLaren surpreendeu na classificação, a corrida ficou completamente comprometida depois que Lando Norris e Lewis Hamilton se tocaram na largada. O ritmo de corrida da McLaren também não era agradável e eles não se entenderam com os pneus.
Ferrari, quantas vezes vamos falar sobre os erros?
A Ferrari apareceu de cara nova em Barcelona, com o design do carro revisado, mudanças para melhorar o desempenho do equipamento, ainda que o time não tenha a intenção de mudar drasticamente o conceito do SF-23. Carlos Sainz se sentiu confortável com as mudanças, mas o time precisou avalias as alterações, comparando o carro atualizado de Sainz, com o modelo antigo guiado por Charles Leclerc.
Do sábado em diante, a Ferrari teve surpresas desagradáveis. Charles Leclerc não estava se encontrando com o carro, não se classificou bem e para o domingo o time trabalhou para fazer algumas alterações na traseira do carro. Com o monegasco reclamando de uma sensação ruim no carro, a Ferrari buscou um diagnóstico e não tinha encontrado nada, mas optaram por fazer algumas alterações antes do início da prova. Leclerc começou a corrida do pit-lane e terminou apenas na 11ª posição.
A corrida do piloto monegasco não foi fácil, ele não se sentiu muito confortável com os pneus duros, ainda que estivesse realizando ultrapassagens no traçado. Leclerc parou muito cedo para instalar os pneus macios e fazer um stint maior, mas parecia que com esses jogos ele não estava rendendo, no entanto, na visão do piloto, ele estava mais confortável. Charles queria completar a prova com os pneus macios, mas a Ferrari foi para mais um jogo de duros, mesmo após se comunicar com o piloto no rádio. Naquela altura da prova parecia que a corrida de Leclerc estava perdida e ele se quer conseguiu chegar aos pontos.
Se em classificação Carlos Sainz fez um bom trabalho para dividir a primeira fila com Max Verstappen, a corrida foi caótica. O carro da Ferrari não tem um ritmo de corrida adequado e com as escolhas estratégias o desempenho de Sainz ficou comprometido. O espanhol terminou a prova apenas na 5ª posição, pois a Aston Martin não buscou esse resultado.
O caminho da Ferrari na Fórmula 1 é bem frustrante, mesmo com todas as mudanças a equipe não encontra um respiro para ter um resultado melhor. O time parece não encarar a corrida como a parte de um todo, erra em estratégias e não consegue atingir um desempenho melhor. O início de 2023 e todos os problemas que eles já enfrentaram tornam mais difíceis acreditar em um desempenho melhor da Ferrari em breve.
Uma batalha empolgante
Na Espanha Zhou Guanyu da Alfa Romeo e Yuki Tsunoda se encontraram em pista, mas antes disso os pilotos estavam fazendo uma corrida interessante e travando duelos em pista, em uma disputa com os pilotos da Haas.
Esses são competidores que tem empolgado e aos poucos estamos vendo melhores versões deles em pista. Tsunoda tem sido elogiado pela performance apresentada, o piloto tem batalhado para terminar corridas na zona de pontuação e mostra mais esforço perseguindo resultados melhores.
O japonês foi punido no GP da Espanha por conta de um toque em Zhou enquanto os pilotos disputavam o nono lugar. A opinião de algumas pessoas é que a punição foi muito rigorosa e aquele poderia ser um incidente de corrida. Tsunoda buscava mais alguns pontos com a AlphaTauri, as foi Zhou Guanyu que faturou a nona posição, segunda vez na zona de pontuação em 2023 depois do resultado na Austrália, o resultado faz com que a Haas e a Alfa encerrem a rodada empatados. Zhou, assim como Tsunoda tem tentado furar a bolha do Top-10 com o seu carro, mas esse é um grid cada vez mais competitivo. A Alfa Romeo que tem passado por uma série de mudanças, precisa observar esse esforço e progressão até mesmo para verificar a possibilidade de renovar o contrato com o piloto.
A disputa entre Zhou e Tsunoda deixou o final da prova mais movimentado e emocionante, uma pena que o confronto foi prejudicado pelo toque.
A Fórmula 1 realiza uma breve pausa, antes de retornar no Canadá na próxima semana.