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Raio-X do GP da Áustria – Verstappen afirma domínio, mas existe espaço para falar de outros no grid

A Red Bull pode ter dominado a etapa, mas a McLaren chamou a atenção no trabalho realizado neste fim de semana

O GP da Áustria marcou o início de um mês agitado na Fórmula 1, pois quatro provas serão disputadas em julho. A corrida desse último fim de semana levantou alguns pontos, principalmente após esse momento que nove provas já foram disputadas.

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McLaren é um destaque na etapa

Lando Norris, McLaren MCL60

Certamente a McLaren foi um destaque neste fim de semana na Áustria, a equipe apareceu com um pacote de atualizações e promete entregar mais uma serie de modificações nos GPs da Inglaterra e Hungria. A McLaren estava ansiosa para promover o seu grande pacote de atualizações, na tentativa de melhorar o desempenho em pista.

Essa primeira mudança foi focada na parte aerodinâmica, um déficit no projeto inicial do MCL60. Longo nos testes de pré-temporada a McLaren realizou a identificação de vários problemas e começou a trabalhar para melhorar o desempenho do seu carro, algumas mudanças pontuais foram feitas, mas nada como o pacote introduzido na Áustria.

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Apenas Lando Norris contou com as alterações no carro, mas foi um fim de semana produtivo, nas classificações e corrida. Mesmo no sábado, quando a Sprint era disputada e o piloto inglês lidou com o sistema de anti-stall, eles coletaram dados e passaram a noite de sábado tentando compreender o que tinha acontecido, tentando evitar novos problemas.

O Red Bull Ring é uma pista que casa muito com o estilo de Lando Norris, dessa forma o GP da Inglaterra servirá como um termômetro melhor para o time compreender o seu carro e as atualizações. O time consegue ver uma luz, mas ainda não se empolga completamente com o resultado. Nessa 10ª etapa, Oscar Piastri também contará com um carro atualizado e esse é o momento para o piloto australiano mostrar o seu potencial e tentar mais uma vez andar próximo ao companheiro de equipe.

Aston Martin e Mercedes, os seus apagões

O sonho era travar disputas e ter um bom desempenho na Áustria, mas não aconteceu com a Aston Martin e tão pouco com a Mercedes – Foto: reprodução F1

Após o GP do Canadá, Fernando Alonso estava otimista com a realização da corrida na Áustria, esperando mais uma boa disputa, principalmente com a Mercedes, mas o resultado foi ser superado pela McLaren de Lando Norris.

O final da corrida principal ficou marcado por uma chuva de punições, que contribuiu para a Aston Martin obter mais alguns pontinhos e ser beneficiada pelo protesto que o time realizou pós-corrida, no entanto, na pista o desempenho não surgiu como o esperado.

Aqui vale ressaltar que com nove corridas realizadas, a Aston Martin tem mostrado um bom desempenho em várias pistas, porém, mesmo desenvolvendo a sua aerodinâmica mais semelhante da Red Bull, esse não é o mesmo carro com eficiência da sua inspiração. E fica cada vez mais nítido que a briga no meio do pelotão tem se intensificado principalmente pelos times apresentarem suas atualizações, provocando uma oscilação no grid.

A realidade é que nenhum desses outros times que está atrás da Red Bull tem um carro que beira o projeto do time austríaco, todos tem pontos para melhorar. Além disso, eles não contam com um equipamento que responde bem em todas as pistas do calendário, por isso eles precisam explorar aquilo que é forte nos seus projetos, dentro das características de cada uma das pistas que vão enfrentar.

A Mercedes passa pelo mesmo, depois que o W14 foi atualizado, eles pegaram alguns circuitos favoráveis para as suas modificações. Porém, o carro do time alemão é um aparato de mudanças tentando seguir a tendência do grid, adaptado a sua realidade, um verdadeiro Frankenstein. A Áustria abriu uma porta que possibilitou a Mercedes ver de forma mais nítida os defeitos que o seu carro tem, dentro da realidade que o time vive agora.

Uma vantagem da Mercedes até o momento, é que Lewis Hamilton e George Russell tem pontuado com frequências e costumam andar próximos no grid, muitas vezes compartilham as mesmas dificuldades. Por mais que a Mercedes não tenha um ritmo de classificação, geralmente eles apresentam uma estratégia melhor na corrida e conseguem arriscar.

Obviamente, na Mercedes eles começaram a temporada com um passo atrás, observando os seus adversários em seus progressos. Agora é necessário correr atrás do tempo perdido, enquanto lida com essa oscilação que acontece no grid.

Agora a Aston Martin também compreende melhor que vai ter essas quedas em alguns circuitos e dependendo da característica do traçado, será ainda mais necessário focar em seus pontos fortes. A Mercedes também vai pelo mesmo caminho, tentando sanar as suas dificuldades.

Ferrari, um fim de semana melhor

Charles Leclerc obteve um pódio com a Ferrari na Corrida Principal – Foto: reprodução Ferrari

Desde o Canadá, podemos dizer que existe uma fagulha de esperança para o restante da temporada do time italiano. As mudanças que foram realizadas no carro e receberam um complemento de atualizações neste fim de semana, foram produtivas para a Ferrari.

Aparentemente o time está conseguindo lidar melhor com a degradação dos pneus e o ritmo de corrida apresentou um progresso. Carlos Sainz faturou um ‘pódio’ na Sprint, enquanto Charles Leclerc faturou o segundo lugar na Corrida Principal. O GP da Inglaterra será uma prova interessante para observar a Ferrari, por ser um circuito que cobra muito dos compostos.

Começando pelo sábado, Leclerc enfrentou mais dificuldades, pois não fez uma excelente classificação e ao brigar no pelotão intermediário, enfrentou Esteban Ocon e Lando Norris que tinha perdido algumas posições depois do anti-stall. Em um circuito úmido, mas com uma pista secando e em constante evolução, Leclerc não realizou a sua parada no melhor momento, foi devolvido no tráfego e seguiu mais uma vez duelando com o piloto da Alpine, sem conseguir uma ultrapassagem.

Repito, Leclerc é extremamente rápido, o reflexo disso é a classificação realizada na sexta-feira, quando o piloto ficou separado por apenas 0s048 de Max Verstappen. O número de poles de Leclerc refletem isso, mas em corrida ainda esperamos um pouco mais do monegasco. Mais afinco nas batalhas, saber negociar melhor o seu espaço em pista. Por mais que o carro da Ferrari tenha seus defeitos, em algumas batalhas é claro que esse carro é mais eficiente, então uma reação melhor é esperada.

No domingo, a Ferrari foi pela linha: vamos aproveitar a oportunidade de conquistar o máximo de pontos possíveis. Nessa, Carlos Sainz que sentia que estava um pouco mais rápido, gostaria de ter ultrapassado Charles Leclerc para tentar uma possível batalha com Max Verstappen, mas a liberação não aconteceu.

A primeira parada nos boxes da Ferrari foi realizada em um pit-stop duplo – Carlos foi prejudicado e precisou recuperar as posições perdidas, mas saiu da cola de Charles Leclerc. O fim de semana do monegasco também foi marcado pela possibilidade de liderar a corrida, já que na primeira troca de pneus Max Verstappen perdeu a ponta para Leclerc.

Uma batalha um pouco mais dura com o holandês era esperada. Max até ressaltou na coletiva pós-corrida que gostaria de ter mais batalhas com Leclerc, mas infelizmente a diferença de equipamentos não permite. O final da corrida foi marcado pela tensão de uma possível aproximação de Sergio Pérez, mas ela não aconteceu. Leclerc salvou o segundo lugar.

Sainz tinha ritmo, estava competitivo durante todo o fim de semana, porém, as punições prejudicaram o seu resultado. O espanhol não estava nada feliz quando a corrida terminou, por todas as circunstâncias e provavelmente o resultado do domingo amargou ainda mais na boca por conta das punições que saíram após o término do GP da Áustria.

O duelo de Sainz com Pérez certamente empolgou, já que o piloto tentou dificultar a vida do mexicano, fazendo o possível para defender o terceiro lugar e uma possível dobradinha da Ferrari.

A Ferrari faturou o 800º pódio com a conquista de Leclerc neste fim de semana no Red Bull Ring.

Sobrando

Max Verstappen tem fim de semana irretocável na Áustria – Foto: reprodução Red Bull

Corrida sim e corrida também, o desempenho da Red Bull e seu preparo para a temporada 2023 ficam evidentes. O time tem um excelente carro e Max Verstappen novamente apresentou um desempenho irretocável. Se o holandês não tivesse perdido a liderança para Charles Leclerc em sua primeira parada, seria o fim de semana em que a palavra perfeição não bastaria para a descrição.

Verstappen faturou duas poles e duas vitórias, conquistou o máximo de pontos que estavam disponíveis na Áustria. O piloto que abriu mais de 23 segundos para Leclerc, brigou com a equipe para realizar uma parada adicional e faturar o ponto da volta mais rápida, só porque era possível.

Ao longo desse ano, Verstappen tem brincado com as outras equipes, não podemos nem os chamar de adversários, já que eles não possuem um equipamento tão forte como que conta o holandês. Verstappen que tem tanta confiança em seu time, solicitou a troca de pneus no final da prova, pois sabe que a Red Bull treinou e treina incansavelmente para ter as melhores marcas de pit-stop. Instalou os pneus macios e foi devolvido com mais de três segundos de vantagem para Leclerc. Esse é o ano que Verstappen tem desfrutado. O que seria da Fórmula 1 se eles não corressem riscos? O pit-stop pode ser o momento mais delicado de uma corrida, compreendo a apreensão do risco de perder uma corrida ganha, mas a Red Bull está em ano que eles tem pleno controle da situação.

Por outro lado, no boxes ao lado do de Verstappen a realidade é diferente. Por mais que no resultado Sergio Pérez tenha faturado dois pódios com a Red Bull, o piloto mexicano ainda tem cometido os seus deslizes. Na sexta-feira Pérez foi eliminado no Q2 (pela quarta vez consecutiva), pois as suas voltas rápidas foram deletadas, ele não conseguiu respeitar os limites de pista. No domingo precisou trabalhar com uma estratégia para se recuperar no grid e faturou o terceiro lugar.

Pérez que não tinha participado das coletivas na quinta-feira por conta de uma gripe, lutou o fim de semana com o corpo e a febre para estar no carro. A posição do piloto é questionada, todos querem saber o futuro de Pérez na Red Bull.

O mexicano tentou mostrar que ainda tem forças para brigar, escolheu a prova Sprint para atacar Max Verstappen tentando faturar a primeira posição, mas não tirou a ponta do holandês. No domingo travou uma batalha brilhante com Carlos Sainz, o piloto da Ferrari foi aguerrido tentando defender o terceiro lugar. Pérez penou um pouco para faturar o resultado, mas o seu equipamento falou mais alto na disputa.

O dilema das Alphas

Falta ritmo no final do grid – Foto: reprodução

Não é um bom ano, tanto para Alfa Romeo como a AlphaTauri. Falta ritmo, desenvolvimento, atualizações. 2023 é marcado por um ano de quedas desses times que se arrastam no final do pelotão, mas ainda insistem em dizer que estão perseguindo os pontos.

Com as últimas atualizações da Williams e até o desempenho da Haas em circunstâncias adversas, AlphaTauri e Alfa Romeo vão penando no grid. Os dois times passando por uma fase de transição. O time de Faenza informa que no próximo ano terá um outro nome e vai se aproximar mais uma vez da Red Bull. Enquanto a equipe de Hinwil passa por uma transição e preparação para a chegada da Audi – difícil julgar como será até 2026, afinal, ao mesmo tempo que precisam poupar recursos, seria interessante mostrar um pouco mais de performance.

Yuki Tsunoda tem tentado extrair algo da AlphaTauri, os dois pontos conquistados pela equipe, mas que fazem o time ser apenas o décimo colocado do Campeonato são o resultado dessa fase difícil.

Tsunoda tentou fazer milagre na prova principal, mas se chocou com Esteban Ocon, danificando a asa dianteira, na sequência precisou passar pelos boxes para substituir a asa. Ao longo da corrida, Tsunoda foi punido por exceder os limites de pista, mesmo com pouco ritmo. Nyck De Vries também entrou na lista de pilotos que foram punidos após o encerramento da prova.

Na Alfa Romeo, Zhou Guanyu respeitou os limites de pista e assim como George Russell não teve nenhuma volta deletada. Seguiu as regras, mas foi a melhor marca que fica desse fim de semana. A falta de competitividade também acertou Valtteri Bottas e para completar o fim de semana complicado, na corrida principal o finlandês precisou passar pelos boxes para limpar os dutos do freio traseiro, pois eles apresentavam uma obstrução.

Nesses dois boxes, existe muito trabalho para ser realizado.

Haas, se salvando com os seus 11 pontos

A Haas surpreende em um traçado molhado, mas quando a pista seca, o time some no bolo do final do grid – Foto: reprodução Haas

O time norte americano ocupa a sétima posição do Campeonato, superando Alfa Romeo (9 pontos), Williams (7 pontos) e AlphaTauri (2 pontos). Com a realização do GP da Áustria, a Haas conseguiu pontos para superar a Alfa Romeo e tomar o sétimo lugar.

A situação da equipe está longe de ser a melhor, perto desses times que ocupam o final do pelotão, no entanto, a Haas tem certo potencial em pista molhada. No sábado o time se destacou, os dois carros estiveram presentes no Q3. Na Sprint Nico Hülkenberg foi aos boxes realizando a sua parada em um momento adequado, para ocupar a zona de pontuação com o sexto lugar, depois de perder certo desempenho quando a pista começou a secar.

No domingo, Hülkenberg abandonou depois que o carro apresentou problemas. Kevin Magnussen não tinha ritmo na pista seca que os times enfrentaram no domingo, desta forma o dinamarquês não pode lutar por pontos.

A Haas é mais um time que precisa encontrar uma forma para melhorar o carro em corrida, já que em classificação o time tem conseguido os seus brilhos.

8 pilotos punidos pós-corrida

Mesmo com a FIA colocando mais pessoas para observar pontos específicos da pista e os sensores contribuindo para que voltas fossem deletadas, o GP da Áustria não foi fácil para lidar com todas as verificações que eram necessárias.

Quando a corrida foi encerrada, a Aston Martin entrou com um protesto, solicitando uma investigação sobre a conduta dos pilotos na corrida, pois eles tinham certeza de que alguns competidores não tinham respeitado os limites de pista.

O protesto foi acatado, afinal tinha ficado claro que uma falha aconteceu ao longo da prova. Vários pilotos que deveriam receber punições com o andamento da corrida, mas isso não aconteceu e até mesmo faltou certa comunicação com os comissários. Após o encerramento da prova, a FIA confirmou que 83 voltas foram deletadas, pois os pilotos excederam os limites de pista. Apenas George Russell e Zhou Guanyu se mantiveram dentro dos trilhos.

LEIA MAIS: Resultado do GP da Áustria sofre alteração. 8 pilotos são punidos por exceder os limites de pista

O problema gerou um novo resultado pós-corrida, algo que a categoria tem tentado evitar, para que o espectador que assistiu a prova, não lide com uma modificação do resultado. Porém, neste fim de semana era impossível cuidar de tudo, afinal, o número de voltas deletadas ultrapassou o número de voltas do GP da Áustria.

No entanto, acho que faltou certa transparência, poderiam ter comunicado ao longo da transmissão que ao final da corrida seria necessário analisar as voltas da prova, pois nem todos os pilotos receberiam punições com a corrida em andamento. É claro que os times preferem ser sinalizados sobre punições no andamento da prova, pois é possível solicitar aos competidores para aumentar o ritmo e tomar algumas medidas par não ser tão prejudicado.

Esteban Ocon se superou por exceder os limites de pista, o piloto recebeu duas punições de cinco segundos e duas de dez segundos. Foi realmente o festival de punições.

Os comissários solicitaram para que medidas possam ser tomadas para evitar esse tanto de punições por limites de pista. Essa pauta volta a tomar conta da discussão, pois a categoria vai enfrentar agora mais circuitos permanentes, diferente dos traçados de rua que o limite de pista é um muro.

Para evitar que os competidores passem em pontos específicos da pista, podem usar grama, brita e até mesmo aqueles salsichões que danificam o assoalho do carro, porém, todos esses aparatos podem afetar a segurança dos pilotos. É necessário ver quais medidas serão tomadas.

E mesmo contando com mais pessoas para chefiar as curvas, nem sempre é possível identificar com clareza se um piloto extravasou ou não os limites de pista, pois a câmera engana, a curvatura do pneu também pode prejudicar a avaliação.

A Fórmula 1 que tanto tem prezado pelo espetáculo, vê mais uma falha sendo o ponto central de discussão após o encerramento de uma prova.

Resultado do GP da Áustria após as punições que foram aplicadas – Foto: reprodução FIA

 

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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