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Raio-X da Arábia Saudita – Red Bull aproveita Jeddah para conquistar os primeiros pontos da temporada

A segunda prova da temporada 2022 foi encerrada com uma vitória de Max Verstappen, após o piloto holandês batalhar diretamente com Charles Leclerc pela ponta. O time austríaco deixa a segunda prova da temporada, agora ocupando a terceira posição do Campeonato de Construtores com 37 pontos e finalmente respira aliviada após os seus dois pilotos finalizarem a prova.

Este é mais um Raio-X da Temporada 2022 da Fórmula 1, um breve relato sobre cada um dos times e a sua performance em Jeddah.

Ferrari

A Ferrari deixou o GP da Arábia Saudita sem obter uma nova vitória, mas conservou uma dobradinha com Leclerc e Sainz – Foto: reprodução Ferrari

A Ferrari segue líder dos construtores, mesmo deixando escapar uma segunda vitória na corrida do ano. Novamente o time obteve uma dobradinha, mas dessa vez formada pelo segundo lugar de Charles Leclerc e a terceira posição de Carlos Sainz.

O time italiano segue conservando a sua confiança, principalmente quando fez questão de liderar todos os treinos livres desde que chegou à Jeddah. Charles Leclerc e Carlos Sainz disputaram a pole, mas foram surpreendidos por Sergio Pérez no sábado.

No domingo se valeram de um blefe para levar à Red Bull aos boxes, instantes depois por conta do Safety Car provocado pela batida de Nicholas Latifi, o monegasco foi devolvido para a pista na liderança da prova. Depois vimos Verstappen e Leclerc se se enfrentando em uma sequência de voltas, brigando pela pole.

Os carros tiveram um bom desempenho, além disso, em uma pista onde o asfalto é menos abrasivo, conseguiram conservar os compostos para se enfrentar mais vezes na pista. A Ferrari mostrou mais uma vez que tem um equipamento muito forte, se conseguir manter as atualizações é uma forte candidata para dominar outras provas ao longo do calendário. Em alguns traçados, provavelmente vamos ver a Red Bull e a Ferrari se isolando em seus duelos particulares pela ponta.

Carlos Sainz ressalta que ainda não conseguiu um desempenho melhor, mesmo em seu segundo pódio consecutivo na temporada, pois ainda não está 100% adaptado ao carro. O piloto recuperou a sua posição de largada, após Sergio Pérez realizar uma ultrapassagem no espanhol durante o Safety Car, quando a janela de parada nos boxes teve início.

Mercedes

A Mercedes ainda está tentando encontrar uma solução para a aposta que realizou para 2022. Hamilton esteve próximo de obter uma posição melhor na corrida, se não fosse o fato da equipe errar o momento de chama-lo aos boxes – Foto: reprodução

As coisas estão definitivamente bagunçadas na Mercedes, neste primeiro momento eles até mesmo demonstram estar perdidos, precisando ainda realizar alguns tentes durante a etapa para compreender melhor o equipamento.  No TL3 quando os carros foram preparados para a classificação, ficou um pouco mais palpável a dificuldade do time, todos os carros com motores Mercedes ficaram abaixo do top-10.

Na classificação, George Russell representou a Mercedes no top-10, mas o piloto estava usando uma outra configuração, diferente daquela adotada por Hamilton. Os tempos na Williams podem estar contribuindo para o seu trabalho na Mercedes – Russell fazia muito, com pouco. Adversidades também fizeram parte da carreira de Hamilton, no último ano o piloto precisou ajudar o time a encontrar soluções ao projeto do W12, quando os ajustes do regulamento colocaram o desempenho da Mercedes em queda.

LEIA MAIS: Verstappen e Leclerc travam duelo direto pela vitória após ação do Safety Car. Holandês vence

Hamilton não conseguia traduzir para o time o motivo de estar com problemas no sábado, quando foi eliminado no Q1. Com uma estratégia diferente de boa parte do pelotão, Hamilton largou com os pneus duros, perdeu um pouco de desempenho enquanto os compostos aqueciam, mas conseguiu disputar algumas posições durante a prova, chegando ao top-10. Aquele Virtual Safety Car ativo na volta 38, assim como o abandono de Fernando Alonso e Daniel Ricciardo na linha do pit-lane prejudicaram a sua estratégia, mas Hamilton ainda conseguiu salvar um ponto. Russell terminou a prova na quinta posição.

Red Bull

Max Verstappen venceu o GP da Arábia Saudita após travar mais um grande duelo direto com Charles Leclerc na temporada 2022 – Foto: reprodução

Provaram que tem um carro forte, mas talvez o que amedronte o time austríaco seja justamente os problemas com os motores. Ao menos no GP da Arábia Saudita os dois pilotos conseguiram concluir a prova e terminaram na zona de pontuação.

Max Verstappen ficou frustrado por não ter conseguido a pole, o holandês começou a prova da quarta posição, enquanto via Sergio Pérez conquistar a sua primeira pole da carreira. Restou ao dono do carro número #1 partir para o ataque e tentar conquistar uma posição melhor. Verstappen ultrapassou Sainz na largada, depois que Leclerc fechou o próprio companheiro de equipe. Como o time austríaco foi ludibriado pela estratégia da Ferrari, Verstappen foi parar na segunda posição.

LEIA MAIS: Fugindo do favoritismo, Pérez conquista a sua primeira pole durante a classificação em Jeddah

Tivemos em mais um fim de semana um duelo intenso entre Verstappen e Leclerc. O holandês precisou escolher o melhor momento para usar o DRS, concluir a ultrapassagem e seguir o seu caminho tentando estabelecer um pouco de distância. Por conta do pouco desgaste dos pneus, o final da prova praticamente foi concluído em voltas de classificação. Leclerc só perdeu a oportunidade de recuperar a ponta, por conta da bandeira amarela localizada entre a volta 49 e 50, gerada pelo abandono de Alexander Albon.

Sergio Pérez se sentiu frustrado por não ter revertido a pole em vitória. Aquele embate com Sainz após a troca de pneus e ativação do Safety Car, fez com que o mexicano tivesse que devolver a terceira posição ao piloto espanhol, já que forçou uma ultrapassagem em Safety Car. Não foi o seu dia, mas noto um Pérez mais confortável ao carro desse ano e mais próximo do companheiro de equipe.

Alpine

Fernando Alonso e Esteban Ocon disputaram várias voltas como se fossem pilotos de times rivais – Foto: reprodução Alpine

A dupla da Alpine estava satisfeita por ter levado os seus dois carros para o top-10 durante a classificação. Em Jeddah o time teve um desempenho melhor do que o comparado com o Bahrein.

Vimos na pista um duelo interno protagonizado por Fernando Alonso e Esteban Ocon – o piloto espanhol perseguiu o seu companheiro de equipe por algumas voltas até encontrar uma brecha e concluir a ultrapassagem em definitivo. Outra amostra da eficiência dos novos carros. Complementando o duelo, foi possível observar a aproximação de Valtteri Bottas e Kevin Magnussen.

A disputa precisou ser encerrada, pois começou a se tornar perigosa, desta forma Ocon foi alertado pelo rádio que deveria parar de brigar com o companheiro de equipe. Alonso que se mostrava mais rápido, tentava reduzir a distância para George Russell. Infelizmente Alonso entrou para a lista dos pilotos que não completaram a prova. O abandono de Alonso será investigado, pois ocorreu de uma forma abrupta, mas neste começo de temporada vários pilotos já lideram com essas questões. Ocon foi o responsável por levar mais alguns pontos para casa, com a conquista do sexto lugar.

Haas

Schumacher bateu forte durante a classificação para o GP da Arábia Saudia. O piloto não participou da etapa – Foto: reprodução

A Haas não teve o mesmo fim de semana ‘tranquilo’ do Bahrein, Schumacher bateu forte durante a classificação, desta forma a equipe optou por retirar o alemão da prova e disputar o GP apenas com Kevin Magnussen.

Schumacher está bem, passou por uma avaliação no hospital próximo as redondezas do autódromo e retornou ao circuito no domingo para fazer companhia ao time.

Com relação ao desempenho, Magnussen enfrentou diversos problemas no carro que dificultaram até mesmo a sua preparação para a prova. De qualquer modo o piloto conseguiu levar o carro ao Q3. A Haas pretendia um saldo mais positivo, como o obtido no Bahrein, mas ao buscar um espaço que a Alpine se apoderou na prova, precisou se contentar com o nono lugar obtido pelo dinamarquês.

Alfa Romeo

Mesmo com as punições que precisou lidar, Zhou fez uma prova de recuperação para fechar o domingo próximo do top-10 – Foto: reprodução

A Alfa Romeo tinha ritmo e Valtteri Bottas repetiu o feito de levar um dos carros da equipe ao Q3. Por outro lado, Guanyu Zhou que ainda está se adaptando ao carro, foi ao Q2. O carro da equipe está se mostrando muito promissor neste início de temporada, principalmente quando revela que não tiveram apenas um brilhantismo no GP do Bahrein, mas vão repetir o feito em outras etapas do ano.

Infelizmente a Alfa Romeo deixou a Arábia Saudita com os mesmos nove pontos de quando chegou. Bottas era um forte candidato a obter mais pontos, mas um problema de superaquecimento do motor, fez o time abandonar a prova por medo de comprometer uma unidade de potência logo no início da temporada. Bottas ressalta que o desempenho do carro está bom, mas a questão com o motor será investigada.

Para Zhou que disputou apenas a sua segunda etapa com o time, se viu lidando com vários problemas. Novamente o piloto não conseguiu largar bem, caindo para o final do pelotão depois que lidou mais uma vez com o anti-stall na curva um. Zhou partiu para realizar uma prova de recuperação pois tinha ritmo, e foi conquistando algumas posições, mas a direção de prova aplicou uma punição por ele ter extravasado os limites de pista e ganhado vantagem. Por um erro da equipe, os cinco segundos de punição não foram cumpridos no pit-stop e renderam a Zhou mais um drive-through. Mesmo com todos as intercorrências, o piloto terminou a prova na décima primeira posição, próximo a zona de pontuação e oportunidade de conquistar mais um ponto.

AlphaTauri

O responsável por assegurar os primeiros pontos da AlphaTauri não conseguiu disputar o GP da Arábia Saudita por conta dos novos problemas que apareceram no AT03 – Foto: reprodução

Os problemas de confiabilidade da AlphaTauri são um ponto de alerta. O time chegou na Arábia Saudita entregando praticamente um novo carro para Pierre Gasly, após o incêndio no Bahrein. A unidade de potência do carro de Yuki Tsunoda recebeu novos componentes pois a equipe queria evitar problemas – mas não conseguiram fugir deles.

Tsunoda não teve se quer a oportunidade de participar da classificação ou alinhar no grid para participar da prova, pois o seu carro quebrou antes. Com a nova quebra, a AlphaTauri se coloca em uma posição complicada, precisa adquirir pontos, mas não também precisa ponderar os abandonos que ainda pode enfrentar ao longo da temporada.

Pierre Gasly conseguiu a oitava posição, após largar do nono lugar. O piloto passou mal nas últimas voltas da prova, mas conseguiu forças para encerrar a corrida. O time usará esse tempo de pausa para averiguar o que ocorreu com o carro, além disso, vão tentar identificar o que podem fazer para aumentar a confiabilidade do equipamento e evitar novas quebrar. A disputa pelo meio do pelotão parece que será intensa, portanto, é necessário fazer um carro que possa ser capaz de terminar dentro do top-10 e não faça a equipe desperdiçar oportunidades.

McLaren

Lando Norris terminou a prova na zona de pontuação, conseguindo aproveitar um desempenho um pouco melhor na Arábia Saudita – Foto: reprodução McLaren

Os problemas nos carros com os motores da Mercedes são uma questão sentida principalmente pelas equipes que ocupam atualmente o final da tabela de construtores. A McLaren conquistou os seus primeiros pontos com Lando Norris.

Depois de não avançar ao Q3 durante a classificação, a McLaren sabia que enfrentaria um desafio para entrar no top-10. Atingir a temperatura ideal dos pneus foi praticamente um dilema para todos no grid nas primeiras voltas, mas Norris conseguiu avançar e se ver na zona de pontuação. Próximo ao final da prova, quando o Virtual Safety Car foi ativo pelo abandono de Alonso e Ricciardo, Norris conseguiu avançar um pouco mais no grid, disputou com Esteban Ocon e quase obteve o sexto lugar, mas fechou a prova em P7.

O carro de Daniel Ricciardo apresentou uma falha mecânica que levou ao abandono, que também será alvo de estudo do time. A McLaren progrediu um pouco na Arábia Saudita, mas ainda está longe do que tinha idealizado para a temporada atual.

Aston Martin

Williams e Aston Martin seguem brigando pelas últimas posições no grid, sem perspectiva de tempos melhores – Foto: reprodução

Outro time que idealizou uma temporada melhor foi a Aston Martin, mas eles novamente ficaram fora da zona de pontuação. Nico Hülkenberg disputou mais uma prova pela equipe, pois Sebastian Vettel ainda está se recuperando da Covid-19.

A Aston Martin estabeleceu uma estratégia diferente para Hülkenberg, pois o piloto ficou preso no Q1. O alemão largou da décima oitava posição com os pneus duros, para realizar um stint mais longo e conquistar algumas posições. A estratégia funcionou por um momento da prova – quando o Safety Car foi ativo na volta 17 pela batida de Latifi, mas instantes após a bandeira verde, o alemão se tornou uma chicane na pista, perdendo desempenho pois seus pneus duros eram mais velhos que o dos rivais e ele lutava para manter a temperatura ideal dos compostos.

A corrida de Lance Stroll foi igualmente difícil, mas ele travou algumas disputas ao longo da prova. O canadense foi tocado ao final da prova por Albon, Stroll deixou espaço para o adversário brigar com ele, mas os dois se tocaram, assim o piloto da Williams abandonou a prova na sequência, provocando aquela bandeira amarela localizada nas últimas duas voltas.

Outro time que ainda está tentando se encontrar e enquanto não sabe se é o carro ou o motor, briga apenas pelas últimas posições do grid, ainda sem expectativa de um salto.

Williams

A noite na Arábia não foi agradável para a Williams, os dois pilotos não completaram a prova – Foto: reprodução

A Williams segue apagada no grid, enquanto achávamos que essa temporada poderia ser um ponto de virada para o time. A equipe investiu em seu projeto, almejando um salto parecido com o apresentado por Alfa Romeo e Haas, mas não aconteceu.

Durante a classificação, com todos os carros usando os pneus macios, também ficou um pouco mais complicado para a Williams conseguir posições melhores para a largada.

Nicholas Latifi perdeu a traseira do carro na última curva do circuito, não conseguindo completar a prova em Jeddah. Ainda vale mencionar que o carro de Latifi já tinha passado por uma reconstrução de sábado para domingo, pois ele também perdeu a traseira do carro no Q1.  Alexander Albon estava disputando com Stroll quando os pilotos se tocaram e abandonaram por conta de um furo no pneu. O tailandês reclamou precisamente sobre a falta de downforce e o equilíbrio do carro não era o adequado, portanto ficaram completamente sem reação.

Porpoising, Pneus e outras questões

Os carros estão conseguindo andar mais próximos, disputando lado a lado, usando o DRS para as disputas – Foto: reprodução

Alguns times estão lidando melhor com o porpoising, mas será algo que os times vão pesquisar e precisam lidar com ele nessa temporada, afinal, as mudanças realizadas nos carros para resolver essa questão não são tão simples, pois afetam diretamente o desempenho do carro. A Mercedes parece em grande dilema, para combinar a resolução desse efeito e ganhar um pouco mais de potência.

Os pneus funcionaram de uma forma diferente no Bahrein, pois é um circuito mais abrasivo, em Jeddah eles se comportaram de outra forma, pois, a pista não provoca um desgaste elevado. Os pilotos trabalharam basicamente com a estratégia de uma parada, onde grande parte do grid começou a corrida com os pneus médios, virando fazer um stint mais longo com os compostos duros.

Agora são cerca de quinze dias até a Austrália, um circuito que a Fórmula 1 não corre desde o início da pandemia de Covid-19. Os times vão ter um tempo para pensar em seus projetos, planejar atualizações e depois partir para a Europa, talvez com novas ideias mais bem embasadas. Os desempenhos individuais de cada um dos times devem variar de circuito para circuito, por conta de filosofias tão distintas que foram apostadas.

O DRS parece uma peça fundamental, mesmo nesses novos carros que conseguem andar mais próximos. Ao menos nas duas primeiras corridas ele abriu a oportunidade para algumas batalhas se desenrolarem por várias voltas, além de serem efetivos para a aproximação. Algo que vamos observar, principalmente com os carros evoluindo corrida após corrida, recebendo pacotes de atualização que visam aumentar o desempenho.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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