As próximas semanas serão movimentadas na Fórmula 1, a categoria tem mais duas provas para cumprir dentro desta rodada tripla formada pelos GPs do México, Brasil e Catar. Inclusive este é o Preview para o GP de São Paulo.
A prova no Brasil não foi realizada em 2020, por conta da pandemia de Covid-19, neste meio tempo os brasileiros não sabiam se receberiam a Fórmula 1 mais uma vez, aconteceram problemas para a renovação do contrato, além de uma tentativa de levar a corrida para o Rio de Janeiro – para um terreno que se quer tinha um autódromo.
Depois de vários conflitos e questionamentos, em novembro de 2020 quando deveríamos estar recebendo a nossa corrida, tivemos um alívio, o contrato renovado, garantindo a permanência de Interlagos até 2025 no calendário.
O GP trocou de nome, agora passa a ser conhecido pela cidade/região que receberá a corrida, portando a prova em 2021 foi designada como GP de São Paulo. As estatísticas zeram, é um novo evento para a categoria, mas é claro que está prova tem muita tradição no automobilismo.
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A prova receber o nome da região onde o traçado está localizado, é um hábito até comum na Fórmula 1, prática necessária quando a categoria precisou realizar mais uma prova no mesmo país – ou como ocorreu em 2020, no mesmo circuito. Já tivemos o GP de Luxemburgo, San Marino, Estíria, Sahkir…
O GP do México, neste ano foi celebrado como GP da Cidade do México, assim como será com São Paulo. O motivo para a troca de nomes é a valorização do local que receberá o evento, impulsionando ainda mais a economia do lugar e promovendo o turismo. Importante para locais que ficaram sem receber uma prova em 2020.
A cidade se beneficia com a chegada do GP e recebe mais apoio dos locais quando o seu nome está em evidência, é uma prática que tem ficado cada vez mais comum para os locais que recebem a categoria. Entretanto, como algumas provas estão há mais tempo no calendário, é claro que o novo nome demora mais a pegar.
O Campeonato
Depois do GP do México, Mercedes e Red Bull estão chegando ao Brasil separadas por apenas um ponto no Campeonato de Construtores. O que coloca ainda mais fogo na disputa. As últimas provas que tiveram Sprint, vimos um embate muito direto entre Max Verstappen e Lewis Hamilton e ele pode acontecer agora novamente, pois restam apenas quatro corridas para o final da temporada.
O holandês está com 19 pontos de vantagem, mas nada garante a sua liderança ainda, pois a Sprint coloca mais pontos disponíveis para a conquista dos pilotos.
Max chega como favorito em Interlagos pelas características da pista, um traçado veloz que fica acima do nível do mar e mais uma vez os times vão precisar lidar com as questões impostas pelo ar rarefeito.
Verstappen venceu a corrida de 2019 fazendo três paradas no pit-stop, mas Lewis Hamilton conta com duas vitórias no circuito (2016 e 2018), sendo um piloto recorrente no pódio, pois terminou cinco vezes entre os três primeiros.
Interlagos é uma pista desafiadora, veloz e onde os pilotos disputam a prova no sentido anti-horário. Uma pista que cobra muita técnica, mas o piloto também precisa contar com um pouco de sorte, a entrada de um Safety Car pode ajudar ou prejudicar a corrida de um piloto, dependendo do ponto da pista em que o incidente ocorre.
A possibilidade de chuva também implica na atenção dos times e na necessidade de fazer escolhas rápidas. Vamos ver o que este fim de semana reserva para nós.
Precisamos ficar atentos ao desempenho da Ferrari, pode ser outro circuito onde o time deve encontrar ritmo, pois conta com o motor atualizado; e depois da prova do México, um bom resultado é realmente esperado. A McLaren agora ocupa a quarta posição dos Construtores, com o time italiano contando com 13,5 pontos de vantagem.
E quem termina o GP do Brasil na quinta posição dos construtores? Pierre Gasly esteve no pódio da última corrida que foi disputada no Brasil, os dois times estão empatados com 106 pontos.
Pneus
A Pirelli adotou para o fim de semana a gama intermediária, os mesmos tipos de pneus que já foram usados no GP dos Estados Unidos e México. Como em 2019 a fornecedora de pneus notou que as equipes não trabalharam com os pneus duros, agora eles vão fornecer uma configuração mais macia, possibilitando que os times façam estratégias diferentes.
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Lembrando que neste fim de semana tem a Sprint Qualifying, portanto a distribuição de pneus muda, os times deixam de receber 13 jogos de pneus, para trabalhar com doze. A divisão fica assim: dois pneus duros, três médios e seis macios. Enquanto para chuva, as equipes recebem seis jogos de intermediários (faixa verde) e três pneus para chuva extrema (faixa azul).
Interlagos possibilita que os times façam estratégias bem diferentes, como foi o caso do GP do Brasil de 2019, onde os três primeiros colocados fizeram apostas completamente distintas.
No México a Mercedes lidou com o superaquecimento dos pneus, por conta das altas temperaturas, entretando, a Red Bull tem um pouco mais de dificuldade para gerir a temperatura dos compostos quando o circuito está frio. Dependendo de como as temperaturas estiverem em Interlagos neste fim de semana, a balaça muda um pouco de lado.
Existem chances de chuva na sexta e sábado, mas no domingo a previsão aponta temperaturas baixas. Interlagos tem um clima único, então vamos ver as previsões se confirmam.
Confira os horários
Um pouco da história
O Grande Prêmio do Brasil acontece no autódromo José Carlos Pace, localizado em Interlagos, na cidade de São Paulo, desde o seu primeiro evento que ocorreu em 1973.
O projeto que levou à sua construção foi muito importante para toda a Grande São Paulo, principalmente porque trouxe o plano de interligação da cidade e consequentemente mais acesso à região em que ele se encontra. Uma estrada que ligava Santo Amaro a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e acabava no pedágio da Vila Sophia acabou sendo construído entre os anos de 1927 a 1933. Além disso, o plano de mais uma ligação entre a Avenida Washington Luís e Interlagos e a pista do Aeroporto de Congonhas nasceu na mesma época. Com isso a região de Interlagos recebeu um plano comercial para abrigar comércio e empresas.
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Seu nome foi sugerido pelo francês Donat-Alfred, pois foi construído entre duas represas: a Guarapiranga e a Billings. Não é errado falar que a chuva vem da represa, mas a pergunta que sempre fica é “de qual represa?”.
As corridas automotivas no Brasil, começaram antes da segunda guerra mundial, em um circuito na Gávea, Rio de Janeiro. Em 1936, um projeto para a construção de um autódromo permanente foi iniciado e no ano seguinte um dos templos do automobilismo já estava concluído.
Interlagos rapidamente ganhou a fama de circuito difícil e sem margens para erro, devido as elevações que a pista e sua superfície áspera.
A corrida realizada em 1972, não era parte do calendário oficial da Fórmula 1, mas serviu para chamar a atenção da FIA para o Brasil e mostrar que o país tinha condições de fazer parte do campeonato e no ano seguinte, por fim, entrou na disputa oficial.
Permanecendo até 1977 em Interlagos, no ano seguinte a prova foi transferida para Jacarepaguá no Rio de Janeiro, já que pilotos e equipes reclamavam do asfalto áspero e dos solavancos do circuito paulista. Em 1979, a prova retornou para São Paulo, em instalações novas, mas passados dois anos do regresso para a cidade, descobriu-se que nem tudo estava do jeito esperado, pois faltava segurança, algo que era muito cobrado na época. As insatisfações e o asfalto acabaram retornando para a pauta, então em 1980 a ideia de alternar Interlagos com Jacarepaguá surgiu, já que o autódromo paulista precisava de algumas reformas.
Autódromo de Jacarepaguá
O circuito do Rio de Janeiro era tão exigente quanto o de Interlagos, com curvas angulosas, um asfalto abrasivo e contava com uma ligeira inclinação. A corrida no Brasil era alocada no início da temporada para aproveitar o clima tropical do país. A maioria das corridas realizadas naquela época contaram com o calor constante e altas taxas de umidades. A corrida no Rio acabava exigindo muito do piloto por causa dessas altas temperaturas e eles ficavam extremamente esgotados no final.
Mudanças no Autódromo de São Paulo
Além das mudanças com as elevações que necessitaram ser executadas no circuito paulista, o autódromo sofreu alterações em seu traçado em 1990 e, se ele já era desafiador, passou a ficar mais exigente ainda. Esse encurtamento na pista fez com que o número de voltas aumentasse e consequentemente os patrocinadores do evento e da marca recebessem mais destaque na transmissão, pois tinham mais chances de aparecerem mais vezes.
Chico Rosa foi o engenheiro civil responsável pela readaptação do autódromo de Interlagos e sua proposta era manter as curvas 1 e 3, já que trabalhavam com a alta velocidade e com a redução para a terceira curva. A curva 4 também seria mantida, com a ideia de preservar a parte antiga do circuito para que ele pudesse ser usado por outras categorias, no entanto Bernie Ecclestone não queria concorrência, principalmente com a Indy e pediu para que novas alterações no projeto fossem realizadas.
Bernie Ecclestone colocou a jogada do “S” do Senna no final da reta dos boxes, que seria um jeito de inviabilizar as corridas da Indy e deixar a pista externa inutilizável. A Curva do Sargento ficou totalmente esquecida, pois não tinha mais ligação com a Curva do Sol e atualmente faz parte do estacionamento do autódromo. O anel externo poderia até ser utilizado, mas ficou em péssima situação depois das reformas.
Nos novos parâmetros Alan Prost foi o primeiro vencedor, na corrida que marcava a volta após 10 anos de Interlagos no Grande Prêmio do Brasil.
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