Neste fim de semana a Fórmula 1 disputará o GP do México, a prova acontece como segundo evento dentro de uma rodada tripla, sendo o 20° evento do ano.
Nos Estados Unidos a Ferrari faturou uma dobradinha, liderada por Charles Leclerc. A equipe italiana contava com um excelente desempenho desde o início das atividades em Austin e roubou a cena. O monegasco conquistou a sua terceira vitória da temporada, obtendo 247 pontos, contra 297 de Lando Norris.
Restando cinco corridas para o final, acontece uma disputa tanto no Mundial de Construtores, como no de pilotos. Atualmente a McLaren lidera com os 544 pontos, seguida pela Red Bull com 504 e a Ferrari com 496, ameaçando os taurinos pela vice-liderança.
Max Verstappen foi ao pódio, com o resultado, ampliou a sua pontuação para 354 pontos, contra 297 de Lando Norris. O britânico segue sendo ameaçado por Leclerc, que já obteve 275 pontos.
É mais difícil para Verstappen perder o título, mas a expectativa é que o duelo entre eles dure mais algumas corridas. Norris teve o infortúnio de ser punido, no lance com Verstappen em Austin, perdendo um pódio que seria importante para ele descontar alguns pontos do rival.
A prova dos Estados Unidos contou com mais essa polêmica, questionando a forma como alguns comissários avaliam alguns lances de corrida. Na interpretação da McLaren, eles não acertaram na aplicação da punição, mas a equipe não vai recorrer, pois esse tipo de decisão é muito difícil de ser revertida.
Com um gosto amargo, a McLaren segue para a próxima etapa, tentando capitalizar o máximo de pontos.
Essa é a corrida de casa de Sergio Pérez, o mexicano nunca venceu no país, enquanto o seu companheiro de equipe conta com cinco vitórias no traçado. Pérez vem realizando mais uma temporada bem complicada, além de não se acertar com o carro, tem adado cada vez mais distante do companheiro de equipe.
Alguns acreditam que essa será a prova de despedida de Pérez, com o piloto anunciando a aposentadoria durante o evento. Atualmente a Red Bull dispensou Daniel Ricciardo e deu oportunidade ao novato, Liam Lawson, o competidor retornou já conquistando pontos nos Estados Unidos, complicando ainda mais a situação de Pérez, já que claramente existe gente na fila.
A Ferrari segue como a surpresa dessa reta final do campeonato, o time conseguiu superar a sua dificuldade nas curvas de alta velocidade. O pacote instalado em Monza tem surtido efeitos e foi bem avaliado em Austin, o desgaste dos pneus também não é mais um drama para a equipe, desta forma os seus piloto conseguem correr um pouco mais livres. Com essa melhor performance, é possível que o time italiano roube pontos importantes dos postulantes ao título.
A Pista e Características
O México e seu circuito fazem parte da história da Fórmula 1, com 20 corridas realizadas por lá, o traçado é conhecido por vários pilotos. Além disso, ao longo das modificações do calendário da categoria, hoje sabemos que entre as etapas dos Estados Unidos e São Paulo, uma prova acontecerá na Cidade do México.
Construído em 1959, o circuito conhecido como Autódromo Hermanos Rodríguez recebeu o nome de dois dos maiores pilotos do México, Ricardo e Pedro Rodríguez. Em 1962 foi disputada a primeira corrida da Fórmula 1 no traçado, mas ela não valeu para o campeonato, mas no ano seguinte os competidores retornaram, com a pista já integrando o calendário.
Infelizmente, em alguns momentos o traçado não fez parte da temporada da Fórmula 1, indo e voltando de tempos em tempos, por conta de problemas de segurança. No entanto, em 2015 voltou de vez.
O traçado lembra muito Monza no formato, porém, também é comparado ao circuito do Azerbaijão, por conta da velocidade. Em termos de configuração aerodinâmica, se assemelha muito ao trabalho realizado em Mônaco. O Autódromo Hermanos Rodríguez é o um dos circuitos mais curto do calendário, contando com apenas 4.304 km, perdendo apenas para Zandvoort e Mônaco. Formado por 17 curvas, sete delas para a esquerda e 10 à direita, onde 71 voltas são completadas.
A altitude em decorrência da localização desta pista afeta o desempenho dos carros, e um impacto semelhante ao esperado para o Brasil. Os times precisam levar isso em consideração para realizar algumas escolhas. A Cidade do México fica a 2.240 metros do nível do mar, assim como São Paulo que está a cerca de 760 metros do nível do mar.
O ar se torna mais rarefeito, afetando diretamente no comportamento dos carros e sua aerodinâmica. Se não bastasse a operação difícil para configurar os carros, também existe o problema relacionamento ao sistema dos freios, com menos ar circulando é necessário buscar formas para lidar e controlar o superaquecimento. Os times também precisam ficar atentos aos problemas de desempenho da unidade de potência, por isso algumas trocas ou foram planejadas para os Estados Unidos ou podem ser executadas agora se a situação da unidade de potência não estiver tão adequada.
Existe uma outra questão interessante durante este evento, por conta deste ar mais rarefeito, o vácuo para a utilização das ultrapassagens não é tão efetivo neste traçado como é no Circuito das Américas, desta forma, o GP na Cidade do México se torna uma corrida mais estratégica, onde é importante fazer uma boa classificação e combiná-la a uma boa estratégia.
Os motores sofrem mais, o turbocompressor tenta compensar parte da perda de potência, mas não toda e tem que trabalhar muito mais do que nos cenários que compõe o calendário da Fórmula 1. Este é um evento sem Sprint, desta forma os times podem rodar um pouco mais com os carros para fazer as suas verificações.
O grid está de certa forma pendurado com as trocas de motor, neste ano a FIA permitiu que cada um dos pilotos tivesse quatro trocas. Porém, mesmo assim algumas equipes já têm certa dificuldade para evitar punições. Como no México é difícil de ultrapassar, alguns times deixam para mudar o motor em São Paulo, mesmo com um evento Sprint pela frente.
Ao compreender em quais setores os times podem extrair mais dos seus carros e como eles funcionam, fica um pouco mais fácil para configurar os seus equipamentos e valorizar o seu projeto. O primeiro setor é rápido, justamente por conta da longa reta, o restante da pista que o tem o formato de Monza, é mais sinuoso. De acordo com o ajuste aerodinâmico escolhido, o carro trabalha melhor ou acaba saindo muito nas curvas. As equipes podem trabalhar com asas maiores para a dianteira e parte traseira do carro, buscando mais pressão, mas quando adotam esse tipo de configuração, acabam ganhando nas retas, mas perdendo nas curvas, gerando a falta de aderência – fazendo os carros deslizarem mais nas curvas.
O traçado conta com três pontos para a ativação do DRS, uma delas está localizada na reta principal, na classificação se faz importante por conta da abertura da volta.
Nesta pista, uma das melhores parte delas é dentro do estádio Foro Sol, é possível ver os pilotos entrando na curva 12, fazendo a 13 e 14, antes de sair daquela estrutura para ir em direção de fechar a volta, sedo uma das partes mais incríveis da pista e uma das mais espetaculares do calendário. É nesse momento que é possível sentir o público que lota o local para acompanhar a categoria.
Um dado interessante, é que desde que a corrida voltou para o calendário, as vitórias são dominadas pela Mercedes e Red Bull. Max Verstappen já venceu cinco vezes nesta pista, enquanto Pérez que é seu companheiro de equipe, participou apenas de dois pódios correndo em casa.
Pneus
Nesta segunda perna de uma rodada tripla, o México não é um evento Sprint, mas neste circuito tem muita coisa para ser verificada.
Assim como em 2023, a Pirelli mantém a sua escolha e utilizará os pneus da gama macia no México, seleção formada pelos compostos: C3 (faixa branca – duro), C4 (faixa amarela – médio) e C5 (faixa vermelha- macio).
A introdução da gama macia de pneus para 2023, tinha por objetivo gerar um agito nas escolhas estratégicas das equipes, depois de 2022 quando apenas uma parada foi realizada e os pilotos combinaram principalmente o uso dos pneus macios com os médios.
As equipes tentaram fazer o possível para não precisar de uma segunda troca de pneus, portanto, a Pirelli não conseguiu obter o efeito desejado. Os pneus macios foram basicamente ignorados, pois as equipes não estavam conseguindo fazer eles operar no traçado, fora que em ritmo de classificação, o composto durava apenas uma volta.
Mesmo com Verstappen vencendo e realizando duas paradas, a melhor escolha estratégica foi para Lewis Hamilton, que soube trabalhar de forma eficiente com os pneus médios e ficou com o segundo lugar.
O circuito apresenta 17 curvas, muitas delas de baixa velocidade, e a aderência pode ser baixa aqui, mas é natural que ao longo das sessões seja possível notar uma evolução de pista muito grande.
Testes de pneus no México
A sexta-feira no GP do México trará um diferencial importante: a Pirelli realizará testes com pneus que serão usados na temporada de 2025. O segundo treino livre (TL2) será totalmente dedicado à avaliação dos compostos mais macios da nova gama, os C4, C5 e C6. Com 1h30 de duração, esse treino seguirá um cronograma rigoroso, definido pela Pirelli, para garantir que todas as equipes e pilotos contribuam para a coleta de dados.
Para esta etapa, a alocação de pneus foi levemente ajustada: 2 jogos de pneus duros, 3 médios e 7 macios. Além disso, cada piloto receberá dois conjuntos adicionais de pneus, sendo um idêntico ao usado no fim de semana e outro um protótipo de 2025, permitindo a comparação entre os compostos e o desenvolvimento da construção dos pneus, que já foi homologada em setembro.
Esses pneus de teste não terão as tradicionais faixas coloridas e serão usados para simular tanto a classificação quanto a corrida, com cada equipe completando um número específico de voltas e mantendo uma quantidade de combustível controlada.
Os pilotos que cederem seus carros para novatos no TL1 terão apenas 60 minutos do TL2 para cumprir o teste da Pirelli. Como compensação, a Pirelli fornecerá um jogo adicional de pneus médios para auxiliar na coleta de dados.
Todos os dados recolhidos serão analisados pela Pirelli e servirão de base para os ajustes finais dos pneus de 2025, antes do teste coletivo que acontecerá em Abu Dhabi. Portanto, tanto o TL1 quanto o TL3 serão fundamentais para a preparação das equipes para a classificação e corrida no México.
O GP do México no Calendário
O primeiro Grande Prêmio do México não foi disputado pelo campeonato de Fórmula 1, mas foi realizado em 7 de novembro de 1962, utilizando as mesmas regras da competição, o que acabou atraindo participantes e equipes da categoria para a disputa. A morte do mexicano prodígio Ricardo Rodríguez aconteceu neste evento e tempos depois o autódromo prestaria uma homenagem a ele e ao irmão Pedro que faleceu em 1971, sendo um dos grandes incentivadores de corrida no país. Por isso o autódromo mais tarde foi intitulado como Autódromo Hermanos Rodriguez. Antes de receber o nome pelo qual conhecemos o autódromo hoje, era chamado de Magdalena Mixhuca.
Era amado por ser considerado um desafio que não podia ser comparado a nenhum outro já experimentado: estava localizado a 2.240 metros acima do nível do mar. Sem falar que era um dos circuitos mais velozes. As provas só passaram a ser disputadas oficialmente pela Fórmula 1 em 1963, com a categoria permanecendo no país até 1970. Entre 1971 e 1985, não ocorreram corridas pelo campeonato de F1 no autódromo, mas as tentativas para que ele retornasse ao calendário, sempre foram inúmeras.
Em 1980 e no ano seguinte, a IndyCar fez uma breve visita para a realização do Grande Prêmio de Tecate. Depois da tentativa de abranger outras competições, o autódromo que fora rebatizado, necessitou de algumas reformas para que pudesse ser palco de novas provas, principalmente por conta das questões de segurança. O layout foi ligeiramente encurtado e algumas melhorias em relação à segurança foram realizadas. As atividades retornaram em 1986, para o calendário da Fórmula 1, contando com uma vitória de Gerhard Berger em sua Benetton B186. Em 1988 foi movida de outubro, para ficar mais próxima dos Grandes Prêmios dos Estados Unidos e do Canadá.
Retorno ao Calendário
O autódromo não ficou sem atividade, mas as corridas que realizadas lá não faziam parte da Fórmula 1. O retorno se deu apenas em 2015, embora as negociações ocorressem desde 2011. No final de 2013 existia um burburinho sobre a sua entrada no calendário do ano seguinte, mas quando foi divulgado, o GP do México não estava entre as etapas.
A Fórmula 1 avisou que a falta de tempo para a reorganização das datas das corridas não permitiu o encaixe da prova, mas que ela já estava confirmada para 2015, com contrato de 5 anos firmado por Bernie Ecclestone.
A categoria não pode correr em 2020 por conta do Covid-19, o espaço foi até mesmo usado para montar um hospital provisório para atender as vítimas da pandemia. No pior momento, a F1 não pode correr nas américas, deixando o seu retorno programado para 2021.
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