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Preview do GP de Singapura: calor, chuva e duelo intenso pelo campeonato

Corrida noturna traz desafios de calor extremo, risco de chuva e uma disputa cada vez mais acirrada no Mundial

A Fórmula 1 passou pelo Azerbaijão e neste fim de semana encara um novo desafio em um circuito de rua, a categoria estará em Singapura para uma corrida noturna.

Esse é o terceiro evento noturno da temporada, depois das corridas no Bahrein e Arábia Saudita – ainda no início do campeonato, este é o momento para correr sob as luzes da Marina Bay.

A McLaren pode coroar seu domínio ao conquistar o título de Construtores com algumas etapas de antecedência. A equipe de Woking precisa apenas de um pódio ou 13 pontos — ou de ambos os carros entre os sete primeiros — para assegurar matematicamente o campeonato.

Enquanto isso, a disputa pelo título de Pilotos segue aberta e muito mais equilibrada. Oscar Piastri lidera com 324 pontos, mesmo após abandonar a prova em Baku com uma batida depois da largada.

Lando Norris não conseguiu aproveitar o azar do companheiro de equipe, ficando apenas com o sétimo lugar no mesmo evento – dono de 299 pontos. Max Verstappen, por sua vez, emplacou a segunda vitória consecutiva, a quarta do campeonato e está sendo considerado mais uma vez para o duelo pelo título, com os seus 255 pontos.

George Russell visitou o pódio em mais uma prova, conseguindo atingir a marca de 212 pontos, o seu resultado, combinado ao de Andrea Kimi Antonelli – colocou a Mercedes mais uma vez na vice-liderança do campeonato.

Charles Leclerc e Lewis Hamilton, são o quinto e o sexto colocados, respectivamente – os pilotos têm 165 e 121 pontos, e ainda estão em busca de uma vitória na temporada 2025.

Singapura, um grande desafio para os pilotos

Essa foi a primeira corrida noturna da Fórmula 1, estreando ainda em 2008. O circuito passou por vários ajustes ao longo dos anos, para melhorar os setores e fornecer uma corrida mais dinâmica.

A última mudança aconteceu em 2023, quando o traçado de 23 curvas para 19, com a prova ganhando uma volta adicional (de 61 para 62), por ficar com 4.940 km. As obras foram pensadas para revisar o trecho que ficava entre as curvas 16 e 19 e era muito travado, substituindo o espaço por uma reta significativa.

Circuito de Singapura – Foto: divulgação Fórmula 1

São quatro zonas de ativação do DRS, para que os competidores contem com oportunidades melhores de ultrapassagem.

Apesar de ser disputado à noite, o GP de Singapura acontece sob temperaturas sufocantes, combinadas a uma umidade que pode chegar a 80%. Para se adaptar, os pilotos intensificam o preparo físico antes da prova, treinando em ambientes climatizados que simulam as condições extremas do circuito de Marina Bay. Dentro do cockpit, a sensação térmica ultrapassa os 60°C, semelhante a correr dentro de uma sauna. Não à toa, cada competidor pode perder até 3 kg de líquidos ao longo da corrida.

A exigência não recai apenas sobre os pilotos: os mecânicos também precisam estar em forma, já que o calor e o desgaste físico afetam diretamente a concentração, aumentando o risco de erros nos boxes.

Outro ponto curioso é o ajuste de rotina para lidar com o fuso horário. Equipes e pilotos seguem o horário europeu durante o fim de semana, mesmo estando em Singapura. Hotéis adaptam serviços, como oferecer café da manhã mais tarde e servir almoço próximo das 18h, além de instalar cortinas blackout nos quartos para garantir o descanso adequado. Essa estratégia facilita a adaptação ao cronograma da corrida noturna.

Conhecida como “Garden City”, Singapura impressiona pela mistura de modernos arranha-céus com extensas áreas verdes, criando um contraste marcante que faz do GP um dos mais únicos da Fórmula 1.

Os pneus e o trabalho estratégico

A Pirelli selecionou os pneus macios da gama para a etapa, desta forma fornecerá as equipes os pneus nesta configuração: C3 (duro – faixa branca), C4 (médio – faixa amarela) e C5 (macio – faixa vermelha). A marca não colocou o C6 em jogo neste evento, por conta dos problemas relacionados ao superaquecimento que o composto mais macio da gama acarretaria ao evento.

Pneus do GP de Singapura – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

Por ser um traçado de rua, a possibilidade de surgir um Safety Car está sempre à espreita, mas em 2024 esse foi o primeiro evento sem a sua intervenção, depois de 15 edições.

O circuito de Marina Bay é um dos mais desafiadores do calendário da Fórmula 1. A passagem pelos boxes rouba praticamente 24 segundos do piloto, dessa forma, a estratégia de apenas uma troca de pneus costuma ser a mais popular. Além disso, é mais comum as equipes trabalharem com a combinação médio/duro.

O pit-lane oferecia uma das passagens mais lentas da temporada, mas a Pirelli informou que a velocidade de 60 km/h foi aumentada para 80 km/h – podendo fazer as equipes reconsiderarem as trocas em caso de Safety Car.

Com seu traçado estreito e sinuoso, Singapura também aparece entre as pistas onde os pilotos menos conseguem utilizar aceleração máxima: apenas 47,2% do tempo de volta e 59,2% da distância total — números que só não são piores que os de Mônaco e México.

Esse é um traçado com poucas áreas de escape e cobra muito os erros dos pilotos. Tivemos uma classificação muito acidentada no Azerbaijão e o mesmo pode se repetir neste fim de semana.

Os carros e suas suspensões são preparados para circuitos de rua, pensando principalmente nos solavancos que os carros vão enfrentar por conta das oscilações e desníveis do traçado.

As exigências técnicas não param por aí. A combinação de retas mais longas com curvas lentas torna Marina Bay uma das pistas com maior número de frenagens bruscas acima de 4G, igualando-se apenas a Las Vegas nesse quesito. Além disso, o circuito registra o maior consumo de combustível por quilo do campeonato, e só perde para Mônaco em termos de velocidade máxima, com os carros alcançando cerca de 314 km/h.

Tudo isso acontece em condições climáticas extremas: Singapura apresenta a média de temperatura ambiente mais alta da temporada, com o termômetro chegando a 29,3°C — tornando o desafio ainda maior para pilotos e equipes.

Sebastian Vettel é o piloto com mais vitórias em Singapura, o piloto cruzou a linha de chegada na dianteira em cinco provas. Nestas doze edições, apenas Lewis Hamilton (4 vitórias), Fernando Alonso (2 vitórias), Nico Rosberg (1 vitória), Sergio Pérez, Carlos Sainz e Lando Norris, venceram em Singapura. Max Verstappen nunca venceu em Singapura e mesmo em 2023, quando ganhou quase todas as provas do ano, a Red Bull lidou com um “apagão” neste traçado. O neerlandês segue tendo menos voltas que Antonio Giovinazzi na liderança em Singapura (ano passado conseguiu três).

As condições extremas de Singapura não afetam apenas os pilotos, mas também os carros. O calor intenso coloca à prova os componentes eletrônicos, e as equipes precisam se preparar ao máximo para evitar quebras, especialmente durante a corrida. Ainda assim, falhas provocadas pelo superaquecimento não podem ser descartadas.

Outro fator imprevisível são as tempestades tropicais, que podem surgir a qualquer momento do dia. Quando a chuva cai, a pista perde o emborrachamento acumulado ao longo das sessões, alterando completamente a aderência. Para este fim de semana, há expectativa de chuva, o que pode embaralhar o grid e influenciar diretamente nas estratégias, já que o desgaste dos pneus muda em uma pista molhada. Em 2025, inclusive, tornou-se comum ouvir pilotos reclamando da instabilidade dos carros em circuitos de rua — como aconteceu em Baku, onde muitos relataram dificuldades nas curvas.

A previsão do tempo, indica a possibilidade de chuva não apenas nos treinos livres, mas na classificação. Mesmo a chuva entre as sessões já colabora para alterar o asfalto a percepção dos pilotos.

Localizada praticamente na Linha do Equador, Singapura mantém uma umidade relativa do ar raramente abaixo dos 70%. Aliada às altas temperaturas, essa condição reforça o risco de pancadas de chuva a qualquer hora, tornando o desafio ainda mais imprevisível para equipes e competidores.

Programação do GP de Singapura – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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