Antes da nova pausa longa na Fórmula 1, os competidores têm pela frente a disputa do GP de Singapura.
O campeonato segue pegando fogo, depois da etapa no Azerbaijão a McLaren assumiu a liderança do mundial de construtores, chegando à marca dos 476 pontos, contra 456 da Red Bull. A equipe de Woking tem pontuado bem nas últimas etapas. Oscar Piastri conseguiu a sua segunda vitória da F1 no último evento, enquanto Lando Norris fez uma excelente prova de recuperação.
A Red Bull se vê agora em um cenário que também pode ser superada nos construtores pela Ferrari, já que o time italiano conta com 425 pontos e estão confiantes com o desempenho apresentado nesta fase final da temporada.
O time austríaco tem se apagado cada vez mais na competição, embora no Azerbaijão Sergio Pérez tenha andado relativamente bem. O mexicano brigou por um pódio, mas colocou tudo a perder naquele duelo mais acirrado com Carlos Sainz, que levou os competidores a uma batida e não encerrar a prova. Pérez perdeu novamente pontos preciosos, no fim de semana que a Red Bull era ultrapassada pela McLaren.
Norris segue na busca pelo título e por superar Verstappen. A McLaren já confirmou que dará apoio ao britânico, mas ele também precisa fazer a sua parte, além de se manter correndo entre os primeiros colocados, Norris precisa fazer boas largadas.
A Ferrari vem com tudo para tentar tirar alguns pontos dos adversários. Por ter vencido no Azerbaijão no último ano, o time tem almejado mais uma vitória. Veremos como o GP de Singapura se desenvolvera ao longo do fim de semana.
Os desafios de correr em Singapura
Mesmo sendo uma corrida noturna, as temperaturas seguem extremamente alta, combinado a uma umidade que gira em torno da casa dos 80%. Com a aproximação do evento, os pilotos trabalham ainda mais a sua forma física, treinando em ambientes com salas climatizadas, para simular as temperaturas elevadas de Singapura. Ao correr neste traçado, é como se os pilotos enfrentassem uma sensação térmica de cerca de 60°C no cockpit, é como estar correndo dentro de uma sauna. Os pilotos chegam a perder cerca de 3kg ao realizar uma prova completa em Singapura.
Os mecânicos também precisam se preparar, pois a sensação de fadiga, atrapalha o desempenho do trabalho, atenção e os times ficam mais suscetíveis a cometer erros.
Uma parte importante que também entra na preparação física, é que o GP de Singapura é realizado como se os pilotos e equipes ainda estivessem na Europa, para que não sofram com o fuso horário. Os hotéis se preparam para mudar o horário de servir o café da manhã, além do almoço ser servido por volta das 18h, as janelas recebem blecaute para viabilizar o momento de descanso. Essa é uma forma de permitir que as pessoas não sintam muito a mudança da Europa para Singapura e ainda realizar uma corrida noturna.
Singapura é conhecida como “Garden City”, pois é uma das cidades mais verdes do mundo. Este é um local que combina grandes arranha-céus, com belos jardins, dando um contraste para a cidade.
A Pista e os Pneus
A pista passou por alterações importantes no ano passado, para tornar o circuito mais fluído, permitindo melhorar a competitividade. As obras que foram realizadas na cidade, contribuíram para a mudança no trecho que ficavam as curvas 16 e 19, sendo bem sinuoso e travado, deu espaço para o trecho entre as curvas 14 e 16 com uma reta bem importante.
Esse mesmo trecho neste ano ganha uma quarta zona de ativação do DRS, para viabilizar mais ultrapassagens. Embora no ano passado, as melhores chances ocorreram foram observadas na curva 7. A curva 14 também serviu para algumas movimentações na pista, enquanto neste ano, é esperado que a curva 16 também colabore para os embates.
No ano passado foi levantada a possibilidade sobre a quarta zona de ativação, mas nem todas as equipes estavam seguras sobre isso, desta forma, os testes foram arrastados para este ano. A FIA também não estava certa sobre a liberação, pois nos simuladores, aparecia que esta área continha um bump e com o uso do DRS, combinado com a proximidade dos muros, um acidente poderia ocorrer. A situação será avaliada no TL1, os pilotos darão o seu feedback e tudo será acompanhado ao longo do fim de semana, mas a expectativa é que este trecho proporcione mais ultrapassagens.
Em 2023, o recapeamento da pista foi iniciado, e neste ano, as áreas entre as curvas 3 e 9, 10 e 12, e 14 e 17 também passaram por melhorias. Embora o asfalto deva seguir o padrão das vias públicas, por ser um circuito de rua, o recapeamento promete que os pilotos vão se deparar com uma superfície mais suave.
Singapura era uma das corridas mais longas do calendário, beirando as duas horas de evento, porém, com a mudança no trecho, a corrida ficou com um pouco mais de 1h30. Porém, é uma prova que pode se prolongar, por conta da aparição do Safety Car e períodos de bandeira vermelha. Como os pilotos andam muito próximo aos muros, existem grandes chances de uma neutralização acontecer.
Pela modificação no último setor a pista que antes tinha 5.063 km de extensão foi reduzida para 4.928 km, sendo suficiente para adicionar mais uma volta a corrida – que passou aos 62 giros (antes 61).
A evolução da pista é algo observada ao longo do fim de semana; natural em circuitos de rua, pois em dias normais as vias são usadas para o tráfego de carros e outros transportes. A superfície geralmente é mais lisa no TL1 e a evolução é sentida rapidamente conforme o emborrachamento do traçado é realizado.
Ao longo de todo o fim de semana os pilotos precisam prestar um pouco de atenção aos bueiros, pois eles podem danificar os carros. Outro ponto de atenção são as faixas pintadas no chão delimitando as vias, elas também modificam a aderência dos pneus em contato com o traçado.
A pista favorece carros mais desenvolvidos, além da downforce. Ao longo desses últimos anos a categoria adicionou mais circuitos de rua, porém, Singapura é uma das pistas que cobra muito a parte técnica dos competidores, por conta das mudanças rápidas de direção.
A Pirelli selecionou os pneus mais macios para a etapa, desta forma fornecerá as equipes os pneus nesta configuração: C3 (duro – faixa branca), C4 (médio – faixa amarela) e C5 (macio – faixa vermelha).
Por ser um traçado de rua, a possibilidade de surgir um Safety Car está sempre à espreita, nas 14 edições do GP de Singapura, o Safety Car entrou ao menos uma vez na pista. Os times precisam prestar muita atenção e isso pode determinar o momento das paradas, dependendo da ocasião que ele entrar no traçado
Essa é uma corrida que geralmente as equipes acabam optando por realizar apenas uma parada, pois o pit-lane é bem lento. Neste ano as trocas de pneus ficaram mais dramáticas, pois ocorreu uma redução de velocidade na área de pit – de 80 km/h para 60 km/h.
Por perder tempo durante a troca de pneus, se o restante do pelotão não optar por uma segunda troca, o competidor acaba perdendo diversas posições. Esse é um circuito de difícil ultrapassagem, mesmo com as mudanças que foram realizadas, então as estratégias contam muito, bem como realizar uma boa classificação no sábado.
O traçado é desafiador por conta das suas – agora 19 curvas – antes 23, cobram muito a atenção dos pilotos. Os muros próximos como em Mônaco, não deixam brechas para que os competidores cometam algum erro, também existem poucas áreas de escape. Os carros e suas suspensões são preparados para circuitos de rua, pensando principalmente nos solavancos que os carros vão enfrentar por conta das oscilações e desníveis do traçado.
Os freios também são um ponto de atenção para as equipes neste fim de semana, pois eles são muito utilizados ao longo da volta, embora com as modificações realizadas no traçado, exista uma área mais ampla para o resfriamento, é um circuito que ainda conta com freadas bruscas. Essa também é a pista com o mais alto consumo de combustível no ano, por conta acelera-freia que acontece ao longo das 62 voltas.
Sebastian Vettel é o piloto com mais vitórias em Singapura, o piloto cruzou a linha de chegada na dianteira em cinco provas. Nestas doze edições, apenas Lewis Hamilton (4 vitórias), Fernando Alonso (2 vitórias), Nico Rosberg (1 vitória), Sergio Pérez e Carlos Sainz, venceram em Singapura. Max Verstappen nunca venceu em Singapura e mesmo em 2023 quando ganhou quase todas as provas do ano, a Red Bull lidou com um “apagão” neste traçado. Por outro lado, Vettel e Hamilton estão empatados com 4 poles cada neste traçado.
Temperaturas extremas sempre são ruins para os carros e seus componentes eletrônicos, as equipes tentam se preparar ao máximo para Singapura, evitando quebras ao longo do fim de semana, mas principalmente na corrida. Mas não é possível descartar falhas, principalmente panes provocadas pelo superaquecimento.
As tempestades podem acontecer há qualquer hora do dia, lavando a pista e retirando todo o emborrachamento que foi construído ao longo das sessões. Para este fim de semana é esperado que a chuva faça parte do evento, podendo colaborar para o embaralhamento do grid e até provocar mudanças nas estratégias, pois o consumo dos pneus muda quando a pista tem menos aderência. Este ano tem sido bem comum ver comentários dos pilotos, informando que os carros tem deslizado muito nas curvas, em Baku que também é um circuito de rua, foi uma reclamação constante dos competidores.
Como Singapura está bem na Linha do Equador, a alta umidade é preservada, ficando raramente abaixo de 70%, aliado ao calor, as chuvas realmente podem acontecer em qualquer parte do dia.
Carlos Sainz venceu a edição de 2023, com um excelente trabalho realizado, o espanhol foi bem calculista nas voltas que se sucederam depois da troca obrigatória de pneus. Sainz trabalhou junto com Norris, mantendo o britânico atrás, dando a possibilidade para que ele utilizasse o DRS e fosse superado por Lewis Hamilton – que usou um jogo extra de pneus médios no final da prova.
Com a vitória, Sainz quebrou a sequência de vitórias de Verstappen e da Red Bull, sendo a única vitória de uma outra equipe em 2023.
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