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Preview completo para o retorno do GP do México

A próxima batalha da Fórmula 1 é no Autódromo Hermanos Rodríguez, a prova do México marca o início de uma sequência de três corridas. Estamos próximo do final da temporada, com apenas cinco corridas restando no calendário.

A altitude em decorrência da localização desta pista afeta o desempenho dos carros, e um impacto semelhante é esperado para o Brasil. Os times precisam levar isso em consideração para realizar algumas escolhas. A Cidade do México fica a 2.240 metros do nível do mar, assim como São Paulo que está a cerca de 760 metros do nível do mar.

A pista retornou ao calendário da Fórmula 1 em 2015, desde então já tivemos vitórias de Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Max Verstappen. Neste ano a Red Bull chega ao Autódromo Hermanos Rodriguez como a favorita, por conta de algumas características da pista.

Entretanto, não basta ser favorita, a equipe precisa configurar o carro adequadamente, compreender em quais setores eles podem extrair mais do carro. O primeiro setor é rápido, justamente por conta da longa reta, o restante da pista que o tem o formato de Monza, é mais sinuoso. De acordo com o ajuste aerodinâmico escolhido, o carro trabalha melhor ou acaba saindo muito nas curvas.

Em circuitos mais altos, o ar é rarefeito, portanto a pressão atmosférica é menor. O carro de Fórmula 1 precisa do ar passando em toda a sua carenagem, para que tudo o que foi projetado funcione. Se temos menos ar, uma pressão menor é gerada, portanto a eficiência de toda aquela estrutura reduz, o que contribui para prejudicar o desempenho dos carros.

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O Projeto Motor fez um post muito bom explicando essa relação aerodinâmica x circuitos que estão acima do nível do mar, confira aqui!

As equipes podem trabalhar com asas maiores para a dianteira e parte traseira do carro, buscando mais pressão, mas quando adotam esse tipo de configuração, acabam ganhando nas retas, mas perdendo nas curvas, gerando a falta de aderência – fazendo os carros deslizarem mais nas curvas.

Portanto os treinos livres se mostraram extremamente importantes em pistas assim, os times vão usar está sessão para configurar os seus carros. Nesta altura do campeonato eles sabem quais são os pontos fortes e fracos do seu equipamento e escolhem qual configuração pode gerar mais ganhos durante o final de semana.

Sobre a Red Bull chegar ao México como favorita, tem relação com a aerodinâmica do seu carro, mas também tem relação com o rake mais alto adotado pelo time austríaco. A Mercedes além de sofrer com a questão do rake mais baixo, deve enfrentar dilemas com o motor, problemas que apareceram muito antes de chegar ao México. Em provas acima do nível do mar, o turbo trabalha mais, gerando mais calor – o motor acaba se desgastando ainda mais, podendo ocorrer quebras.

E por falar em quebras, é tudo o que a Mercedes precisa evitar. A equipe já fez uma troca do ICE (motor de combustão interna) do carro de Lewis Hamilton, enquanto Valtteri Bottas passou pela sexta troca nos Estados Unidos. A equipe alemã está avaliando corrida após corrida formas de evitar quebras, mas evitar novas punições por trocas de peças do motor.

O GP do México pode representar mais um dilema para a Mercedes, por conta dessa exigência exacerbada do motor, a equipe alemã pode optar por realizar novas trocas. 

Ultrapassagens e estratégias

O traçado conta com dois pontos para a ativação do DRS, uma delas está localizada na reta principal, sendo um ponto muito importante para os pilotos. O México pode não ser uma pista muito fácil para ultrapassar, pois o vácuo não é tão eficiente para realizar a aproximação e ultrapassagem. Os times aproveitam para trabalhar as estratégias e tentar ganhar algumas posições após uma parada nos boxes bem executada.

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Em 2018 quando as equipes trabalharam com pneus da gama macia, duas paradas foram necessárias, por conta da alta abrasividade que eles apresentaram no traçado. Em 2019 os pilotos que foram ao pódio trabalharam com a estratégia de apenas uma parada, a prova contou com vitória de Lewis Hamilton, mas Charles Leclerc que chegou ao 4º lugar, fez duas paradas.

Pneus que serão usados no GP do México que correspondem a gama intermediária – Foto: Ale Ranieri/BP

O campeonato

Max Verstappen é o atual líder do campeonato de pilotos, mas apenas 12 pontos o separam de Lewis Hamilton. Valtteri Bottas ocupando a terceira posição, ajudando a Mercedes na conquista por pontos.

No Campeonato de Construtores o time austríaco e o time alemão estão separados por apenas 23 pontos, menos do que uma vitória. Neste momento do calendário onde o final da temporada se aproxima, o dilema da utilização dos motores pode gerar uma flutuação e novas alterações do campeonato.

Max Verstappen pode obter outra vitória no Autódromo Hermanos Rodríguez  – Foto: reprodução

Depois do bom trabalho da Ferrari desde a Rússia quando trocaram o motor, a equipe italiana está vindo em uma crescente, conseguindo desafiar ainda mais diretamente a McLaren, se aproveitando de algumas questões que a equipe teve nos últimos circuitos.

O começo

O primeiro Grande Prêmio do México não foi disputado pelo campeonato de Fórmula 1, mas foi realizado em 7 de novembro de 1962, utilizando as mesmas regras da competição, o que acabou atraindo participantes e equipes da categoria para a disputa. A morte do mexicano prodígio Ricardo Rodríguez aconteceu neste evento e tempos depois o autódromo prestaria uma homenagem a ele e ao irmão Pedro que faleceu em 1971, sendo um dos grandes incentivadores de corrida no país, por isso foi intitulado como Autódromo Hermanos Rodriguez. Antes de receber o nome pelo qual conhecemos o autódromo hoje, era chamado de Magdalena Mixhuca.

Era amado por ser considerado um desafio que não podia ser comparado a nenhum outro já experimentado: estava localizado a 2.240 metros acima do nível do mar. Sem falar que era um dos circuitos mais velozes. As provas só passaram a ser disputadas oficialmente pela Fórmula 1 de 1963 a 1970. Entre 1971 e 1985, não ocorreram corridas pelo campeonato de F1 no autódromo, mas as tentativas para que ele retornasse ao calendário, sempre foram inúmeras.

Em 1980 e no ano seguinte, a IndyCar fez uma breve visita para a realização do Grande Prêmio de Tecate. Depois da tentativa de abranger outras competições, o autódromo que fora rebatizado, necessitou de algumas reformas para que pudesse ser palco de novas provas, principalmente por conta das questões de segurança. O layout foi ligeiramente encurtado e algumas melhorias em relação à segurança foram realizadas. As atividades retornaram em 1986, para o calendário da Fórmula 1, contando com uma vitória de Gerhard Berger em sua Benetton B186. Em 1988 foi movida de outubro, para ficar mais próxima dos Grandes Prêmios dos Estados Unidos e do Canadá.

Retorno ao Calendário

O autódromo não ficou sem atividade, mas as corridas que realizadas lá não faziam parte da Fórmula 1. O retorno se deu apenas em 2015, embora as negociações ocorressem desde 2011. No final de 2013 existia um burburinho sobre a sua entrada no calendário do ano seguinte, mas quando foi divulgado, o GP do México não estava entre as etapas. A Fórmula 1 acabou avisando que a falta de tempo para a reorganização das datas das corridas não permitiu o encaixe da prova, mas que ela já estava confirmada para 2015, com contrato de 5 anos firmado por Bernie Ecclestone.

A Fórmula 1 não pode correr em 2020 por conta do Covid-19, mas agora a categoria está marcando o retorno em muito peso. 

Confira os Horários 

Agendinha com a programação para o GP do México – Foto: Ale Ranieri/BP
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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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