A Fórmula 1 concluiu a realização de mais uma etapa, com a passagem pelo Azerbaijão. Tivemos um fim de semana movimentado, onde novamente a Red Bull não apresentou um bom desempenho, enquanto a McLaren deixou o evento líder do Mundial de Construtores e com uma vitória de Oscar Piastri.
Este ano a corrida mudou de data pela reorganização do calendário da F1 e não foi realizada em meados de abril/junho como nos últimos anos; com a prova acontecendo em setembro, existia uma preocupação maior com as altas temperaturas. Quando os primeiros treinos livres foram realizados no circuito, os pilotos informaram que a pista estava com baixa aderência, por consequência os carros escorregavam mais nas curvas, além de ser observada uma maior quantidade de sujeira, quando comparado ao ano passado.
Com essas condições de pista, embora os pneus macios fornecessem mais aderência, eles também consumiam mais pelos carros derraparem nas curvas, acentuando o seu nível de degradação. Desta forma, era esperado que o cenário de 2024 se repetisse. A estratégia principal seria baseada no uso dos pneus médios e duros ao longo da prova, enquanto os pneus macios foram protagonistas apenas da classificação.
Piastri superou Leclerc com essa tática, ambos largaram com os pneus médios instalaram e pararam no início da janela de trocas, para instalar os pneus duros. Piastri se lançou primeiro aos boxes, instalando os pneus médios na volta 15, enquanto o monegasco parou no giro seguinte.
A McLaren não conseguiu um undercut com essa movimentação, mas o australiano foi buscar o rival na pista. A proximidade entre eles, foi mantida desde o início da corrida, como em um jogo de xadrez o movimento de ambos era observado. Com um bom ritmo, o australiano concluiu a ultrapassagem em Leclerc na volta 20, assumindo a liderança da prova. Nas voltas seguintes ocorreu uma perseguição, com o piloto da Ferrari tentando se manter na zona de ativação de DRS, não tomando muita distância, fazendo o possível para manter o contato.
Leclerc passou os próximos giros depois de ser surpreendido, acreditando que o ritmo de Piastri – que era muito superior – colaboraria para acentuar o desgaste dos pneus e mais próximo do final da prova, Leclerc poderia superá-lo. No entanto, o Charles não contava com a aula dada pelo rival, além de fazer um excelente trabalho de gerenciamento de pneus, Piastri foi decisivo na defesa de posição executada, não permitindo ser ultrapassado, mesmo com todas as investidas feitas.
Em vários momentos Leclerc grudou em Piastri, mas o competidor aplicou o traçado defensivo. Em Baku, por ser um circuito de rua, existem poucas áreas que contribuem para a ultrapassagem. Fora que o carro da Ferrari e da McLaren estavam se equivalendo em performance. Vale dizer, que nem sempre Piastri é muito cuidadoso com os pneus, na realidade ele ainda consome mais os compostos do que Norris, então acreditar que ele teria problemas mais próximo do final da corrida, não era uma aposta ruim de se fazer, mas desta vez o australiano fez tudo o que era necessário para buscar sua segunda vitória na F1.
Foi ruim para Leclerc, o piloto obteve a sua quarta pole no Azerbaijão, mas novamente não conseguiu converter em uma vitória. O monegasco costuma ser bem veloz e estava fazendo uma boa prova, mas foi um erro não ter tentado manobras como as de Piastri para bloquear a ultrapassagem, dificultando mais a vida do adversário.
Sergio Pérez que tinha superado Carlos Sainz na largada, também estava por perto de Piastri e Leclerc, tentando beliscar um resultado melhor no pódio. Foi na ambição de conseguir o segundo lugar, que Pérez tentou um ataque no monegasco e não sustentou a posição. Como Sainz apresentava um ritmo tão forte, conseguiu superar Pérez, mas metros depois da curva 1 os pilotos se tocaram, gerando a eliminação de ambos. O mexicano ficou sem o pódio, assim como o espanhol.
A prova e desenvolveu sem a aparição do Safety Car, desta forma ninguém foi estimulado a realizar uma segunda troca de pneus. O Virtual Safety Car foi ocasionado apenas na penúltima volta, quando Carlos Sainz e Sergio Pérez se chocaram, não colaborando com os competidores. No entanto, esse breve período de neutralização fez com que Max Verstappen não conseguisse conquistar o ponto da volta rápida, o holandês até arriscou um pneu macio, mas foi no momento que a batida ocorreu.
A estratégia de Lando Norris foi bem eficaz, o piloto começou a corrida de pneus duros, permanecendo na pista até o giro 37, quando substituiu os seus compostos, por pneus médios. Mesmo próximo do encerramento da corrida, a McLaren não arriscou a utilização dos pneus macios, pois tinha como objetivo permitir que Norris alcançasse Verstappen, para obter mais pontos que o adversário.
Aqui tivemos uma prova bem interessante, Norris se encontraram em pista em dois momentos. O britânico que estava realizando uma prova de recuperação – depois de ficar preso no Q1 durante a classificação – segurou Verstappen, não permitindo que o piloto tivesse caminho livre, quando trocou os pneus médios para os compostos duros. Verstappen amargou atrás do piloto da McLaren e foi degradando os seus pneus por estar atrás no “trem de DRS”.
George Russell que participou do duelo, superou Verstappen na volta 34, abandonando o competidor. Norris fez a substituição dos pneus e voltou com um excelente desempenho para a pista, diminuído a distância para o rival e conseguindo a ultrapassagem, já que a diferença de desempenho dos pneus falou mais alto.
A McLaren conseguiu prolongar o tempo de Norris em pista e com um bom trabalho nos boxes, fez com que o piloto fosse devolvido para a pista, ocupando o sétimo lugar, apenas atrás de Verstappen. O britânico superou Max na volta 49, enquanto no giro seguinte a corrida foi neutralizada pela batida de Sainz e Pérez.
Em escolha de pneus, apenas Norris, Alexander Albon, Valtteri Bottas, Pierre Gasly (largou do fim do grid), Daniel Ricciardo, Zhou Guanyu (largou do fim do grid), Esteban Ocon (largou do pit-lane), começaram a prova usando os pneus duros. A ideia era prolongar o tempo em pista e até contar com um Safety Car para substituir os pneus, mas não aconteceu como esperado.
Norris fez uma excelente largada com os pneus duros, conseguiu se livrar dos rivais e avançou no pelotão, a tática com ele deu certo. Alexander Albon que faz um excelente trabalho de popular pneus, também trabalhou com os pneus duros no início da corrida, mas foi aos boxes na volta 31, um pouco antes que Norris, o piloto também terminou na zona de pontuação e conseguiu melhorar a situação, com o abandono da Ferrari e Red Bull.
Lance Stroll trabalhou com a estratégia de duas paradas, pois bateu com Yuki Tsunoda no início da corrida. O piloto canadense tinha os pneus médios instalados, foi para os compostos duros e fez uma segunda troca de pneus na volta 22. Com a corrida comprometida, abandonou a prova. Tsunoda também não conseguiu avançar, logo após o primeiro stint completado, o dano na lateral do seu carro era tão grande, além do dano no assoalho que inviabilizava a sua permanência na pista.
Assim como no ano passado, os pneus duros foram os protagonistas, com os pneus aguentando tranquilamente mais de 30 voltas. Gasly foi o mais ousado e mesmo não chegando perto da zona de pontuação, permaneceu com o mesmo composto por 50 voltas, parando apenas no penúltimo giro para cumprir a parada obrigatória.
Os pneus médios foram usados por 14 pilotos no início da corrida, alguns pararam na janela esperada pela Pirelli (entre a volta 14 e 24), mas alguns pilotos como Franco Colapinto, Fernando Alonso, Max Verstappen, George Russell, Sergio Pérez e Valtteri Bottas, foram aos boxes antes, mesmo parando cedo, os pneus duros conseguiram acompanhar os pilotos, sem provocar a necessidade de fazer uma segunda parada.
A corrida no Azerbaijão tem um toque estratégico, pois não possibilita muitas ultrapassagens. O trem formado pelo DRS também não contribui para duelos que sejam convertidos em ganho na pista. Geralmente o Safety Car pode marcar sua presença, mas existem eventos como o de 2024, que os pilotos são “um pouco mais comportados”.
Gerenciar o gama de macia de pneus neste ano foi mais difícil, ainda mais quando os pilotos estavam no tráfego e precisavam fazer o trabalho de resfriamento dos compostos, mas todos estes fatores são quase inevitáveis nas condições atuais da categoria com os equipamentos que são utilizados.
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