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Passado e presente se misturam na Ferrari, mas time italiano está confiante para a fase final do Campeonato

Ferrari acredita na possibilidade de brigar até o final do Campeonato, avaliando corrida por corrida e tentando evitar os problemas

Não é preciso mencionar que a Ferrari começou a temporada muito forte e com pose de equipe campeã, mas da mesma forma que os bons feitos surgiram, as coisas começaram a desandar. Erros dos pilotos, além do problema da falta de confiabilidade prejudicaram o desenvolvimento do campeonato. O GP da França marca o início da segunda metade do Campeonato, com a Red Bull contando com 82 pontos de vantagem.

Ainda no início da temporada, quando os primeiros problemas apareceram, a Ferrari dizia que não era um ano para buscar o Campeonato, mas da mesma forma dava sinais de frustração sempre que Charles Leclerc perdia novos pontos ou Carlos Sainz não completava uma prova. A fala de analisar corrida por corrida se faz presente na Ferrari desde que a temporada começou.

Leclerc cometeu aquele erro em Ímola, quando era o terceiro colocado e terminou a prova na sexta posição. O GP da França também entra na conta para um erro do piloto, já que perdeu o carro enquanto era o líder da prova e depois deixou o carro desligar, sem possibilidade de voltar para a pista.

Em Paul Ricard, com aquelas amplas áreas de escape, Leclerc perdeu o carro na curva 11 e ainda bateu em uma contenção que delimita a pista. Em teoria o circuito foi criado para evitar grandes danos no carro, de modo que o piloto possa continuar a sua atividade. Leclerc ficou frustrado com o seu erro e admitiu toda a culpa.

Charles Leclerc rodou, perdendo a liderança depois de um erro. O piloto assumiu a culpa por ter abandonado na França – Foto: reprodução Ferrari

Os outros problemas que fizeram Leclerc perder pontos estão atrelados aos erros de estratégia e falhas no motor. E no início da temporada foi a Red Bull que deu sinais de uma temporada difícil, mas a equipe conseguiu resolver os seus problemas de confiabilidade e trabalhou para que o carro ficasse cada vez mais ao estilo de Verstappen. Por consequência o holandês já conta com sete vitórias na temporada 2022.

Não é de hoje que a Ferrari tem as suas falhas, na época que contrataram Sebastian Vettel, o time italiano já estava na ânsia para conquistar o título e derrotar a Mercedes, mas um conjunto de fatores tornaram o alemão o ‘vilão’ da equipe.

Leclerc foi puxado para a Ferrari em 2019, depois de um ano correndo pela Sauber. O time mirou no monegasco como o piloto que seria o futuro da equipe, assim como outros times do grid estavam escolhendo a sua nova geração de pilotos e realizando a sua preparação. A grande questão é que Leclerc foi promovido em um momento que a Ferrari passava por um grande turbilhão.

Sergio Marchionne faleceu, em julho de 2018 provocando a necessidade de uma mudança rápida no conselho de administração, algo que motivou um período de reestruturação na Ferrari. Quando faleceu Marchionne deixou uma pendência, definir o companheiro de Vettel para a temporada 2019.

Mattia Binotto assumiu a função de chefe de equipe nesse furação, substituindo Maurizio Arrivabene. O suíço desde então passou a ser questionado, principalmente se tinha pulso firme para controlar a equipe e dirigir o time para a conquista de campeonato. Neste tempo de atuação Binotto mostrou que tem várias falhas quando está em pista, não é um chefe de equipe que se mostra muito ativo. Não assumiu aquela figura de comandante que se impõe, por outro lado, quando toma as rédeas na fábrica e deixa a corrida com Laurent Mekies, as coisas parecem funcionar um pouco melhor.

Mesmo com a grande corrida de recuperação de Carlos Sainz, a imagem que marca o fim de semana é justamente a do abandono de Charles Leclerc – Foto: reprodução

Os times de Fórmula 1 não costumam agir como times de futebol, trocando o chefe de equipe como trocam os seus técnicos, mas se os sites italianos já questionam a conduta de Binotto e de não poupam palavras quando a equipe e seus pilotos cometem erros. É impossível dizer que ninguém dos bastidores tem feito o mesmo questionamento. É possível seguir com Binotto ou existe alguma forma melhor para fortificar esse time?

Essa temporada pode dizer muito, principalmente quando os italianos acreditavam que finalmente um título estava próximo.

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Binotto afirma que é possível resolver essa questão sobre as vitórias até o final da temporada. “O nosso foco é a cada corrida e obter o máximo de resultados. Não aconteceu aqui em Paul Ricard, mas acho que já estamos focados na Hungria, para uma dobradinha”, avaliou Binotto.

“Acho que cada corrida conta [o mesmo] que outras. No final da temporada faremos as contas e vamos ver onde estamos. Acho que o mais importante é ver o bom pacote. Não há razão para não ganhar 10 corrida de agora até o final”, afirmou Binotto.

O conjunto da Ferrari é forte, mesmo não realizando tantas atualizações como a Red Bull, o carro segue respondendo bem. O time ganha muito nas curvas, principalmente quando focam em um pacote com alta carga aerodinâmica. A grande questão desse momento, não é a evolução desse pacote, mas sim a resistência do motor. É impossível descartar que o time italiano não terá nenhum abandono até o final.

Além das vitórias, a Ferrari também precisaria contar com problemas no carro dos adversários, para descontar ainda mais pontos. Nessa reta final de temporada, o ideal também seria Binotto mudar a sua postura, assim como Leclerc. O monegasco precisa tirar esse preso do erro dos ombros, parar de dizer que não merece ser campeão. Sem dúvidas Leclerc é rápido, mas ainda precisa desenvolver um pouco da sua técnica e a equipe é total responsável por fornecer um material adequado para que ele seja campeão.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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