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OPINIÃO – A temporada 2020 da Williams

São três anos seguidos da Williams terminando o campeonato de construtores na última posição. Em 2018 o time fechou a temporada com 7 pontos, em 2019 a equipe conquistou apenas um ponto, em 2020 o time terminou zerado.

Em algumas corridas por conta de quebras e abandonos de outras equipes, foi possível ver a Williams escalando o grid, mas sempre era necessário fazer um pouco mais para chegar entre os dez. Durante todas as corridas o time reclamou de falta de ritmo, foi difícil andar próximo do pelotão.

George Russell – Foto: Williams Racing

No entanto, as últimas provas realizadas no Bahrein e Abu Dhabi trouxeram um pouco de esperança. A Williams conseguiu disputar espaço com a Haas e a Alfa Romeo, mostrando em alguns momentos que o motor Mercedes estava ajudando a impulsionar o carro e se descolar do final do pelotão.

Foi um ano difícil para o time, a Williams foi vendida para uma empresa de investimento privado, a Dorilton Capital. A nova proprietária do time começou um processo de reestruturação, aplicando o dinheiro em áreas com déficit, buscando uma melhora que não será sentida imediatamente, pois muita coisa ainda precisa mudar.

Clair Williams se despediu do time na Itália, quando a temporada estava chegando próximo da metade. A função de chefe de equipe foi passada para Simon Roberts. Antes de deixar o time, Clair confirmou a dupla de pilotos para 2020, mantendo George Russell e Nicholas Latifi. Neste meio tempo em que a transição estava sendo feita, Roberts deixou em suspense o contrato de Russell, mas que pouco depois voltou a ser confirmado na Williams para a temporada 2021.

A Dorilton Capital segue monitorando o time, assim como o mercado. Simon Roberts que tinha uma função temporária como Chefe de Equipe, foi efetivado após apresentar um bom trabalho nas pistas. Por outro lado, Jost Capito foi uma contratação adicional que a Williams realizou. No cargo de CEO, Capito será mais uma peça fundamental na reestruturação da equipe.

Infelizmente não é esperado um salto muito grande da Williams na próxima temporada, o time também está dependendo do desenvolvimento de Haas e Alfa Romeo, duas equipes que acabaram regredindo em 2020, principalmente por conta do motor Ferrari.

Como já mencionado, a busca pela melhora está literalmente ligada a um processo muito maior. No próximo ano a Williams ainda terá o carro de 2020, adaptado para as novas regras de 2021 que vão limitar o downforce dos carros. No entanto é uma situação que todos os times vão passar, portanto a categoria segue ‘nivelada’.

A melhor perspectiva para a Williams é em 2022, quando as regras vão mudar e provavelmente o processo de reestruturação já terá avançado.

George Russell e Nicholas Latifi

Foto: reprodução F1

Os pilotos terminaram a temporada zerados pela Williams, mas George Russell conquistou os seus primeiros pontos quando correu com a Mercedes durante o GP de Sakhir – ao substituir Lewis Hamilton que foi contaminado com o Covid-19.

Russell extraiu o que pode do carro, levou a Williams várias vezes para o Q2. Muitos repetiram várias vezes ao longo da temporada que em classificação Russell bateu os seus companheiros de equipe sempre, mas a comparação com Nicholas Latifi e até mesmo com Robert Kubica foi um pouco injusta.

Russell é sim um piloto excepcional, mas quando ele correu com Robert Kubica, vários fatores implicavam no desempenho do polonês, ele corria com um carro todo adaptado e a Williams já enfrentava problemas. A temporada de 2020 foi a primeira de Nicholas Latifi, um piloto que ainda está se adaptando e por várias vezes esteve lutando com o ritmo do carro no fim de semana.

George Russell – GP de Abu Dhabi – Foto: Williams Racing

O inglês ganhou a oportunidade de guiar o carro da Mercedes por uma corrida, naquela prova em Sakhir ele dominou o carro de Hamilton muito bem. Lidou com a potência do carro, além do controle emocional. Foi lamentável ver Russell terminando a prova na 9ª posição, quando ele quase venceu a sua primeira corrida de Fórmula 1. Vale ressaltar que isso aconteceu no mesmo ano em que ele bateu em Imola, quando estava próximo de conquistar o primeiro ponto da Williams, além do primeiro da sua carreira.

Na ocasião em que Russell substituiu Hamilton, até duvidei que fosse uma boa ideia, já que estava me baseando no GP de Imola e em outros errinhos que o piloto teve ao longo da temporada. Correndo pela Williams, Russell provou que era muito bom na classificação, mas na largada o piloto acabava sendo ultrapassado e sofrendo um pouco. Mas com o GP de Sakhir é impossível não dizer que Russell de fato é um piloto completo, ele tem garra, confiança e determinação.

Nicholas Latifi em Abu Dhabi – Foto: Williams Racing

Agora falando sobre Nicholas Latifi, ele é ainda um piloto em construção. O canadense foi muito criticado por ser um piloto pagante, mas vale lembrar que ele foi vice-campeão da Fórmula 2 em 2019.

Assim como Lance Stroll, pilotos que acabam entrando na categoria por dinheiro, vão sempre ser questionados sobre o seu real valor na categoria. Mas é possível melhorar e apresentar uma progressão. Ao lado de Russell é até difícil realizar uma comparação justa, pois o seu companheiro de equipe se mostra um piloto fora da curva, mas é esperado que Latifi siga progredindo na categoria.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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