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O que aprendemos com a 6ª temporada da Fórmula E?

Semanas após o fim da temporada 2019/20, a Fórmula E permanece de férias. Sendo assim, ainda temos tempo para nos debruçar sobre tudo o que aconteceu durante o ano e analisarmos os prós e contras, o bom e o ruim. Enfim, todas as lições que aprendemos com a temporada 6 da Fórmula E.

Muito já falamos sobre o título de Antonio Félix da Costa, sobre o Festival de Berlim e sobre as diversas mudanças que aconteceram do ano passado para cá. 

Ao final da temporada 5, fizemos uma análise que incluía o desempenho de pilotos e equipes. Sobre este ano, tudo foi contado aqui. Mas acho que é importante avaliar também de que maneira a categoria evoluiu durante as 11 corridas disputadas em seu sexto ano de existência.

Punições aplicadas com mais rapidez

Um dos maiores fantasmas da 5ª temporada da Fórmula E foi a demora na aplicação das punições. Por diversas vezes, as mudanças no resultado final da corrida eram anunciadas horas depois da bandeirada final, inclusive afetando o vencedor da prova

A categoria se comprometeu a resolver esses problemas e cumpriu. Desde Diriyah, os comissários trabalharam mais rapidamente e mesmo as punições pós-corrida saíam ainda na primeira meia hora após o fim da prova e elas, quase em sua totalidade, não afetaram pódio ou zona de pontos. 

Certamente uma das maiores evoluções da categoria como um todo. 

Novas regras do Attack Mode e Safety Car

Uma das grandes novidades do campeonato no ano passado foi aprimorada esse ano. 

Diferente da temporada 5, agora já não era mais permitido passar pela zona de ativação durante o Safety Car ou Full Course Yellow, o objetivo era aumentar a importância e o nível estratégico do recurso. Assim, ativar o Modo Ataque ficou mais arriscado.

Em Diriyah, ainda foi possível “burlar” o sistema. A zona de ativação estava localizada antes da linha limite de não ultrapassagem pós-Safety Car, mas nas outras pistas, a regra teve que ser seguida à risca. Isso até Antonio Félix da Costa descobrir a entrada alternativa da zona de ativação em Berlim. 

Outra alteração nas regras desses dois componentes foi a dedução no nível de energia da bateria durante Safety Car e bandeira amarela total. Para cada minuto de interrupção, 1kW era retirado de cada carro. 

A medida proporcionou dramas reais na parte final de algumas corridas. Carros cruzando a linha de chegada com bateria quase zerada se tornou uma cena comum durante a temporada. Bom para os fãs, mas péssimo para alguns pilotos e equipes, como Antonio Félix da Costa que abriu mão da vitória em Santiago por precisar gerenciar a energia de sua bateria e Felipe Massa em Berlim que nem mesmo completou a corrida 2, na quinta-feira.

Driver’s Eye

Uma inovação que nos permitiu ver a corrida pelos olhos dos pilotos. O nome “Olho do piloto” não é à toa, uma câmera colocada dentro dos capacetes nos dava uma ideia do que seria estar dentro de uma carro de Fórmula E e ver de perto as principais disputas durante as corridas. 

A estreia aconteceu em Santiago e esteve presente em todas as etapas da temporada como um ótimo atrativo. Simplesmente sensacional! Um grande acerto da categoria, sem a menor dúvida.

Não tem muito o que falar aqui, melhor apreciar mesmo.

Lidando com a pandemia

Quando o mundo ainda estava tentando entender o tamanho da ameaça que o coronavírus representava, a Fórmula E foi uma das primeiras categorias de automobilismo a interromper suas atividades.

Cinco etapas já haviam sido realizadas, quase metade da temporada inicialmente planejada. Mas havia uma pandemia no meio do caminho. Provas começaram a ser canceladas à medida que a doença avançava.

Roma, China, Jacarta… de repente, a temporada estava suspensa

Praticamente o mundo inteiro ficou trancado em casa e a Fórmula E também teve que se adaptar à nova rotina, mais que isso, teve que buscar formas de garantir que as equipes sobrevivessem a essa fase e pudessem voltar às pistas quando o campeonato recomeçasse. 

Entre as medidas adotadas conter os custos e garantir a saúde financeira dos times e da própria categoria, estavam o adiamento do lançamento do Gen2 EVO (que já se diz que não será mais lançado pelo mesmo motivo) e adiamento da homologação da nova unidade de potência.

A postura da Fórmula E diante da pandemia foi elogiada em todo o universo automobilístico. A preocupação com pilotos, fãs e sua própria equipe foi priorizada, mesmo com toda a questão financeira e todos os contratos envolvidos, era o certo a se fazer.

Em quarentena e com bastante tempo em casa, a categoria e suas equipes tiveram que inovar para continuarem “correndo” e quem mais entrou no clima foi a Envision Virgin Racing que fez uma parceria com a Jelle’s Marble Runs e organizou um campeonato de bolinhas de gude, com direito a quali e narração oficial.

Race At Home Challenge

O campeonato virtual organizado pela categoria durou pouco mais de dois meses e foi tão emocionante quanto as corridas reais. 

Apesar de um começo meio bagunçado com alguns pilotos não podendo participar por falta de equipamento, rapidamente ficou clara a proposta do que a Fórmula E trazia com o projeto. 

Uma categoria júnior que permitiu a entrada de qualquer pessoa deu a Kevin Siggy a oportunidade de pilotar um carro de Fórmula E real na próxima temporada. 

Além disso, a parceria inédita com o Unicef arrecadou fundos para ajudar crianças atingidas pela pandemia. 

O ponto negativo do Desafio foi a “brincadeira” de Daniel Abt que colocou um dos participantes da categoria júnior para correr em seu lugar. Abt foi multado pela categoria e demitido da Audi logo em seguida. Uma mancha no evento que tinha um significado tão importante. 

Mesmo assim, o campeonato virtual continuou e foi Stoffel Vandoorne quem levou o troféu pra casa!

And We Go Green

Ainda durante a pausa na temporada, a Fórmula E decidiu lançar o And We Go Green, documentário que conta a história da 4ª temporada, realizada entre 2017/18. 

Os protagonistas são Jean-Eric Vergne, Sam Bird, Lucas di Grassi e Nelsinho Piquet. O filme, produzido pelo hollywoodiano Leonardo Dicaprio, também retrata a visão de Alejandro Agag sobre a Fórmula E e seus esforços para expandir a mobilidade elétrica pelo mundo.

O Boletim do Paddock fez um BPCast especial sobre o assunto e um texto resenha sobre o documentário. Além disso, ele está disponível por completo no canal da Fórmula E no Youtube – vale a pena ver, ele é ótimo!

Festival de Berlim

Você deve ter acompanhado toda a cobertura do Festival de Berlim aqui no Boletim do Paddock, mas caso não tenha, aqui está uma série de textos sobre tudo o que aconteceu na maratona de seis corridas em noves dias na capital alemã.

A decisão de como a temporada 6 da Fórmula E foi anunciada em 17 de junho. Pilotos, equipes e todo o pessoal envolvido na realização do evento tiveram pouco menos de 50 dias para se prepararem. 

O evento foi um dos maiores acertos da categoria no ano. Com todas as medidas de segurança tomadas, a Fórmula E encontrou no antigo aeroporto de Tempelhof o lugar perfeito para encerrar seu ano atípico. 

A criação de três traçados distintos (ou dois se você considerar que um foi utilizado no sentido inverso) deu o drama que a temporada precisava para encerrar seu ciclo. Apesar da tragédia de ter um funcionário perdendo a vida durante a montagem da pista, a super final em Berlim trouxe elementos que foram contraditórios e complementares ao mesmo tempo. 

A conquista do campeonato de Antonio Félix da Costa, as vitórias inéditas de Oliver Rowland e Stoffel Vandoorne, a luta pelo segundo lugar e anúncio da saída de Felipe Massa foram alguns dos destaques de um plano ousado e muito bem executado pela categoria. 

Agora nos resta esperar pela sétima temporada da Fórmula E que está prevista para começar em 16 de janeiro de 2021 no Chile, até lá ainda teremos muita movimentação de pilotos e equipes, a pré-temporada em novembro e conteúdos exclusivos nas redes sociais do Boletim do Paddock. 

Já quer fazer alguma previsão? Conta pra gente!

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