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Após 58 anos, Ferrari faz história ao derrotar a Toyota e vencer as 24 Horas de Le Mans

Alessandro Pier Guidi, James Calado e Antonio Giovinazzi fazem história com a Ferrari ao conquistar vitória no Circuito de La Sarthe

A Ferrari colocou o seu nome mais uma vez na história, na celebração de 100 anos das 24 Horas de Le Mans, o time italiano cruzou a linha de chegada à frente. Se passaram 58 anos desde a última vitória da Ferrari em Le Mans – que ocorreu em 1965.

A fabricante italiana anunciou o seu retorno ao certame da WEC em fevereiro de 2021, dois carros entraram para disputar o campeonato de forma regular na classe dos Hypercars. Vale lembrar que a Ferrari esteve presente nas corridas de longa duração na classe dos GTs, mas essa vitória é muito simbólica, principalmente por ela ter acontecido na classe principal.

O time italiano já dava sinais da sua força durante as três provas que foram disputadas no começo do Campeonato, o ritmo de classificação da Ferrari já impressionava. No entanto do ano, o carro #50 era o que obteve maior sucesso, a pole das 24 Horas de Le Mans foi conquistada por Antonio Fuoco, justamente no carro #50.

O começo da prova foi extremamente desafiador e diferente do que muitos esperavam. Muitos carros tiveram problemas no início da prova, batidas aconteceram, além de dividas duras na pista, nem parecia que estavam disputando uma 24 Horas de Le Mans – Foto: reprodução Ferrari

Uma batalha foi travada entre a Ferrari e a Toyota, o duelo foi bem acirrado, eles praticamente não se desgrudaram ao longo da prova de resistência. Porém, foi o carro #51 guiado por Alessandro Pier Guidi, James Calado e Antonio Giovinazzi que triunfou no Circuito de La Sarthe.

Na classe dos Hypercars, 16 carros formaram o grid, a luta foi bem interessante. O começo da prova marcado por diversos acidentes e pela chuva, foram tirando alguns concorrentes do caminho, mas vários líderes comandaram algumas voltas na prova. Na primeira tromba d´água que caiu no traçado, Giovinazzi conduzia o carro e logo recebeu um comando do engenheiro: “sobreviva”.

Em uma prova de longa resistência, não é a condução agressiva nas primeiras horas que determina uma vitória. Mas sim, a sobrevivência. Primeiro de tudo é necessário fugir de acidentes, batidas desnecessárias e não perder muito tempo com reparos. Em um momento da prova, quando o #51 era conduzido por Pier Guidi, o piloto foi parar na brita depois de rodar. O italiano é conhecido por uma abordagem agressiva em pista, já cometeu alguns deslizes guiando o carro da Ferrari, mas eles conseguiram se recuperar na prova.

Mais para o final da prova, a Ferrari escolheu uma estratégia bem interessante, eles optaram por trocar os seus pilotos a cada uma hora. Fazendo turnos mais reduzidos os competidores se mantinham ligados. Como a corrida do carro #50 estava comprometida, foram trabalhando nesse equipamento as estratégias de pneus, servindo de referência para o #51 que tinha a possibilidade de ganhar a prova.

Tivemos alguns momentos de tensão, a chuva voltou a cair à noite, então eles precisaram escolher o melhor momento para instalar os pneus slick, depois de passar pelos compostos de chuva. Foi nesse segundo período de chuva que Pier Guidi colocou o 499P na brita. O #50 foi usado para tatear e garantir a segurança do #51. No final da prova, além da dinâmica dos pilotos, eles foram realizando cerca de 12 voltas há cada 30 minutos, essa era a janela para fazer o abastecimento.

A vitória da Ferrari também foi marcada por momentos de tensão – Foto: reprodução Ferrari

Em dois momentos da prova a Ferrari viveu um drama: enquanto Giovinazzi passava o bastão para Guidi, o carro simplesmente morreu. Quando o primeiro problema aconteceu, foi inevitável a ultrapassagem do Toyota #8, no entanto, Guidi foi perseguir o adversário e fez uma belíssima ultrapassagem. Depois disso foi questão de gerir a prova e estabelecer uma distância confortável para o segundo colocado.

A última parada realizada, teve o mesmo ar de drama. Restando 30 minutos para o final da prova, novamente o #51 apresentou problemas nos boxes. Os mecânicos aguardavam em volta do carro e as caras de tensão marcavam os boxes. Guidi conseguiu retornar ao traçado e depois de ter começado a corrida guiando o #51, foi o italiano que recebeu a bandeira quadriculada. O atraso de Guidi nos boxes fez apenas a diferença para o Toyota cair em um minuto.

Essa foi a primeira vitória absoluta da Ferrari em Le Mans desde 1965 e a primeira vez que a Toyota não vence em 2023. Se na Fórmula 1 o hino italiano não tem tocado com tanta frequência, para o pessoal de Maranello a conquista nas 24 Horas de Le Mans foi extremamente importante.

A fabricante japonesa que vinha dominando, lidou com o BoP (uma mudança voltada para o equilíbrio de desempenho), desta forma o carro da Toyota teve um aumento de 37 kg no peso mínimo e 24 kg para a Ferrari 499P.

Com cara de poucos amigos, a Toyota que não tinha adversários à altura, não ficou satisfeita com o resultado. Antes da prova já tinham reclamado a americanização do WEC por conta das regras de Safety Car impostas para as 24 Horas de Le Mans. O terceiro lugar ficou com o Cadillac, #2 V. Series. R da Ganassi, que terminou uma volta atrás com Earl Bamber.

A Ferrari #50 terminou a prova na quinta posição, logo atrás do Cadillac #3. Dos 62 carros que disputaram a prova, 20 não concluíram a corrida.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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