O automobilismo é um esporte que historicamente foi dominado pelos homens. Nos últimos anos a preocupação com a diversidade no esporte tem mudado com o intuito de diversificar o automobilismo e torná-lo um ambiente também para as mulheres.
Programas tem surgido para incentivar as mulheres a trabalhar no automobilismo. O estimulo precisa acontecer o mais cedo possível, figuras de destaque no esporte são importantes para ajudar nessa expansão.
Antigamente, as mulheres não frequentavam os autódromos como espectadoras, a arquibancada não estava cheias como acontece hoje, porém, em alguns momentos acompanhando maridos e namorados, as mulheres auxiliavam as equipes que tinham um formato diferente dos atuais. Sua colaboração era de extrema importância, a participação delas foi estimulando outras a se aventurarem nos autódromos. Sentadas nas muretas, vivenciavam aquele momento tenso auxiliando na cronometragem, montando as tabelas de tempos para auxiliar na prova.
Também temos o caso de Ginny Williams, a esposa de Sir Frank Williams teve um papel muito importante em ajudar o esposo a manter a equipe de Fórmula 1. Ginny auxiliava na contratação dos pilotos, na parte financeira, nos bastidores. No GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, após o acidente de Frank Williams, Ginny subiu ao pódio para erguer a taça de construtores depois da vitória de Nigel Mansell.
Se hoje lutamos para ter uma pilota na Fórmula 1, tivemos algumas competidoras ao longo da história do esporte. Maria Teresa de Filippis foi a primeira mulher a disputar a categoria em 1959. Lella Lombardi participou de corridas entre 1974 e 1976, em 1975 durante o GP da Espanha ela terminou a prova na zona de pontuação.
Ainda que algumas mulheres naquela época não se considerassem feministas, a presença delas como pilotas, como aquelas que desafiavam os homens em pista foi muito importante para que as mulheres se sentissem mais livres para frequentar os autódromos, assistir as corridas, estimular outras.
Nos últimos 20 anos a participação feminina vem aumentando no esporte a motor, além das funções de chefes de equipes, engenheiras, pilotas, fotógrafas, chefes de equipe, jornalistas, mais programas tem surgido para ajudar as mulheres a descobrir o automobilismo e ocupar diversas funções – cargos que antes eram ocupados apenas ocupados por homens e muitas vezes alguns acreditavam que apenas eles poderiam estar alí. Também foi necessário a criação de programas como os da W Series, FIA Girls on Track e F1 Academy para incentivar pilotas e as mulheres que desejam seguir carreira no esporte.
Projetos de imersão destinados apenas para mulheres, com o realizado pela A.Mattheis colaboraram para que várias meninas – não apenas engenheiras – fossem estimuladas em suas áreas ou abriu novos horizontes.
Quando pisei no autódromo pela primeira vez em 2014, poucas mulheres ocupavam as arquibancadas, mas hoje o número é muito maior. Infelizmente episódios de machismos ainda acontecem, mas eles tem diminuído conforme os anos foram passando, não apenas pelo aumento do público feminino, mas também por campanhas que ajudam a coibir atitudes hostis contra as mulheres e até mesmo o aumento da segurança e policiamento. Grande parte do publico do Boletim do Paddock é feminino, notamos isso pelo número de apoiadoras e participantes no projeto.
A conscientização da igualdade é o ponto mais importante para promover mudanças, o automobilismo ainda precisa passar por muita transformação e ser um campo onde as mulheres se sintam seguras para ocupar espaços. Mesmo vendo várias mudanças positivas, ainda sabemos que existe certa dificuldade para inserir as mulheres e promover a igualdade de gênero. Se em outras áreas ainda estão caminhando, no automobilismo ainda não é diferente.
A FIA estabeleceu a Comissão de Mulheres no automobilismo, promovendo a igualdade no esporte. A Fórmula 1 notou a necessidade da criação da F1 Academy, pois sabemos que as mulheres não tem o mesmo apoio na base como os homens – a dificuldade para conseguir patrocinadores, começar cedo no automobilismo, estimular as famílias a apostar em meninas é algo que ainda acontece.
Susie Wolff que já foi pilota e atuou como chefe de equipe na Venturi, foi escalada para chefiar a F1 Academy, colaborando para o futuro das jovens pilotas para que elas consigam trilhar um caminho de sucesso no automobilismo.
O aumento das mulheres no automobilismo é realmente uma corrente, quanto mais nós ganharmos espaços, somos capazes de estimular outras mulheres e ao inspira-las, o caminho de todas vai se tornando mais fácil. Mulher puxa mulher, mas é necessário vermos mais mulheres em posição de destaque para cada vez mais a presença delas em qualquer lugar seja comum.