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Mulheres no Automobilismo – Uma Conversa Sincera

O que vocês acham de mulher no automobilismo?
Ou trabalhando como jornalista?
Vocês enxergam alguma diferença?

Estava pensando na questão em que o Bernie levantou uma vez sobre termos uma competição feminina e algumas dúvidas surgiram na minha cabeça. Seria realmente necessário criarmos uma categoria à parte para incluirmos mulheres no automobilismo? Eu não vejo como necessário, até porque uma categoria criada exclusivamente para mulheres teria que chamar atenção e sabemos que o maior público desse tipo de esporte são os homens. Talvez alguns artifícios não muito bons seriam usados, como valorizar mais a beleza dessas pilotas (explorar a sexualidade delas) do que o seu talento.

Por que não temos mulheres competindo na Fórmula 1? Algumas pessoas acham que nós não somos capazes de conduzir um carro a mais de 300 km/h e se dar bem, mas eu acho que a verdade é outra. Desde muito cedo as meninas são podadas pelos seus pais a seguirem uma carreira como essa, e para nós outras opções são oferecidas, algumas coisas mais pé no chão, do que coisas que exijam o pé fundo no acelerador. Outro motivo pode ser que grandes famílias de pilotos que chegaram na Fórmula 1, ou em qualquer outra categoria relevante no automobilismo, influencie as suas proles a seguirem os passos dos seus pais e o sobrenome nesse tipo de competição geralmente chama muita atenção, como um Fittipaldi, Piquet ou da família Senna costuma chamar a atenção dos ”olheiros”.

As famílias não influenciam as meninas desde muito pequenas a seguirem uma carreira como essa, porque sabem que é um investimento muito caro e nada acessível para qualquer um, por isso muitas vezes é mais fácil para famílias com nomes já consagrados conseguirem manter os seus filhos. E sim também nunca se sabe se aquela mini pessoa que você está apostando tudo, quando crescer vai ser o sonho dela também ou se foi apenas um sonho que os pais projetaram nos seus filhos.

Michèle Mouton foi a primeira mulher a vencer o Campeonato Mundial de Rali (WRC), em Sanremo em 1981. Em uma entrevista uma vez questionada sobre o assunto disse: Se é a garota certa, com as habilidades certas e as oportunidades certas. É uma verdade simples que as mulheres não costumam ter uma chance com um carro superior; Elas não obtêm testes suficientes. Você precisa de tudo isso, mas estou certa de que uma menina pode fazer isso. Isso, porém, não é a verdadeira questão. A grande questão é se uma mulher pode ganhar na Fórmula 1 e não tenho tanta certeza sobre isso. Homens e mulheres são diferentes. Nós não somos construídos da mesma maneira e eu acho que a maior diferença é em termos de emoções e sensibilidades. Eu nunca tive um problema em andar em alta velocidade (…) você se sente mais leve, mais exposta, ou pelo menos eu me sinto. Eu acho que as mulheres têm um sentido mais forte de auto-preservação do que os homens. É um instinto mais desenvolvido nas mulheres do que nos homens. E eu acho que isso é importante quando você chegar a esse último centésimo de segundo. Espero que esteja errado em minha análise e que não seja assim, mas é o que penso “.

O problema ainda é ser a garota certa, mas nos dias de hoje, algumas portas ainda não são abertas e muitas vezes, homens ainda são a grande aposta para os locais vagos. Onde eu quero chegar com tudo isso? Não adianta fazer uma categoria restrita a mulheres se ainda não formamos mulheres suficiente capazes de competir. Seria até mesmo injusto com uma mulher que é ”melhor” que as suas rivais, isso acaba até mesmo ofuscando as mulheres. Já repararam no futebol? O futebol masculino pode ser visto em vários lugares a própria tv da mais destaque a competição deles e o futebol feminino, que se sobressaiu nas olimpíadas de 2016, agora mal se ouve falar.

O próprio automobilismo no Brasil não é mais transmitido como antigamente e nós fãs estamos buscando outras alternativas para continuar acompanhando. Duvido que mesmo que uma competição feminina fosse criada ela seria transmitida e somente alguns fãs iriam atrás para acompanhar a categoria. E se a intenção também fosse chamar a atenção de outras mulheres isso seria ainda mais difícil dessa forma restrita.

Agora minha opinião como mulher que trabalha escrevendo sobre automobilismo: acredito que para nós tem muito espaço, basta você querer e ir atrás. Quando tive a oportunidade de ir na Fórmula 1 e conhecer alguns jornalistas, nenhum deles me diminuiu por ser mulher, aliás ficaram surpresos e eles mesmo reconhecem que faltam mulheres capacitadas e que tenham interesse para trabalhar com eles. Foram simpáticos e me respeitaram por quem eu sou, não pelo meu sexo.

Eu ainda espero que em algum momento eu possa acompanhar uma mulher no automobilismo, seria fantástico ser jornalista e conseguir entrevistar uma mulher na Fórmula 1, é possível se alguns dogmas forem quebrados e claro mais mulheres despertarem o seu interesse pela categoria e os pais também conseguirem apostar mais nas suas meninas

A foto que foi usada como capa dessa publicação é de uma amiga que corre de Kart, fico feliz por ela estar indo em busca do seu sonho. Espero vê-a disputando em grandes categorias ainda. Boa sorte a todas as mulheres que querem viver no automobilismo, vocês são capazes e não deixem de correr atrás dos seus sonhos! 

Natalia Xavier: Site para conhecer mais sobre ela.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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