A McLaren tem se destacado nas pistas pelos resultados, mas o sucesso vem acompanhado por uma série de polêmicas, motivadas pelas: regras papaya.
O GP de Singapura não foi diferente, Oscar Piastri se classificou melhor que o companheiro de equipe e começou a prova da 3ª posição, enquanto Lando Norris era o 5° colocado. Nos primeiros metros, Norris encontrou um espaço e avançou no grid, deixando para trás Andrea Kimi Antonelli e foi dividir espaço com Piastri ao mesmo passo que atacava Max Verstappen. Com esse movimento, o britânico tocou no australiano, além de bater no neerlandês.
A única consequência para Norris foi o dano parcial na asa dianteira, o que, porém, não comprometeu seu desempenho ao longo da corrida. Ainda assim, a manobra do britânico gerou reclamações de Piastri pelo rádio — o australiano destacou que não se importava em vê-lo tocar em Verstappen, mas considerou inaceitável repetir esse tipo de atitude contra o próprio companheiro de equipe, contrariando as chamadas “regras papaya”.
Essas tais regras aparecem em vários eventos e dão uma dimensão do que a McLaren deseja. Em um primeiro momento a equipe esteve muito focada na conquista do título do Mundial de Construtores, administrando com muitos dedos o conflito interno.
Entre trocas de posição com aquela que aconteceu na Itália – motivada por um erro de pit-stop da McLaren – ou como eles trataram algumas corridas no ano passado, fazem os fãs e aqueles que acompanham a Fórmula 1, questionarem a postura da atual Campeã de Construtores para com os seus pilotos.
Dentro das regras, uma que é muito ressaltada tanto pelo chefe de equipe da McLaren, Andrea Stella, como pelo CEO Zak Brown é que eles não devem se tocar e estragar a prova do companheiro de equipe. Os dois pilotos estão liberados para brigar por posições em pista, assim como os boxes podem fazer escolhas estratégicas diferentes para eles, mas não devem em hipótese alguma se chocar.
Falando no rádio, logo depois do encontro entre eles na pista, Piastri questionou o time: “Sim, quero dizer, isso não foi muito bom para equipe, mas claro. Então, está tudo bem para nós o Lando me tirar do caminho?”
Como resposta, o engenheiro pediu apenas que Piastri continuasse fazendo a sua corrida e tentasse se manter próximo, para o momento que Norris fosse em busca de atacar Max Verstappen – mirando a segunda colocação.

Ao final da prova, a McLaren participou de uma celebração no pódio, onde Oscar Piastri não estava presente. O competidor já tinha sido direcionado para as entrevistas de pós-corrida no cercadinho, quando a FIA decidiu que o time deveria fazer uma celebração no pódio pelo Mundial de Construtores e fez o convite. Seguindo para o pódio, encontraram Norris e pediram para que ele estivesse presente.
Embora alguns tenhas puxado a narrativa de Piastri não ter participado por estar frustrado com a atitude de deixar Norris correr, sem consequências em pista, o australiano esteve presente em outras celebrações da equipe no pós-corrida.
“Estou obviamente muito orgulhoso de toda a equipe. Este é um dos dois objetivos que buscamos alcançar todos os anos, então alcançá-lo, com tantas corridas pela frente, é muito, muito impressionante.”
“Tem sido uma temporada muito boa até agora, e vencê-la tão cedo é uma grande conquista. Parabéns a toda a equipe e obrigado por todo o trabalho duro. Foi uma corrida mais complicada da minha parte, mas é algo que analisaremos como equipe. Agora, vamos descansar e recomeçar antes de seguir para os EUA.”
Após a ordem de equipe para que Piastri devolvesse a posição na Itália, por aquele erro da equipe, o abandono do australiano no Azerbaijão (por erro próprio) e o resultado de Singapura, a diferença de pontos entre os companheiros de equipe caiu para 22 pontos – sendo menor que a pontuação de uma vitória.
Para o britânico é a chance de disputar o título nas próximas corridas, mas para Piastri fica a sensação que a equipe está jogando apenas a favor de Norris em suas escolhas internas, quando ele já tinha feito muito. Antes do duelo na Itália, eles estavam separados por 35 pontos, com Piastri contando com 7 vitórias no ano, enquanto Norris atingiu a 5ª vitória na Hungria.
“Preciso ir lá dar uma olhada. Obviamente houve contato, o que nunca é o ideal, mas vou dar uma olhada nos replays”, comentou Piastri ao término da corrida, ainda sem ter checado os detalhes da prova.
Norris encerrou o GP de Singapura tentando realizar a ultrapassagem em Max Verstappen, depois que a sua equipe ficou blefando sobre a troca de pneus, para tentar levar o neerlandês aos boxes. Por conta de uma diferença de pneus, o britânico conseguiu fazer a aproximação no rival, mas não fez uma manobra de ultrapassagem efetiva e precisou se contentar com um terceiro lugar.
“Foi uma corrida difícil. Dei o meu máximo e cheguei perto, mas o Max não cometeu nenhum erro hoje. Houve alguns momentos em que estivemos lado a lado e travamos uma boa batalha. Eu adoraria ter passado e pressionado o George, mas as oportunidades eram muito limitadas neste circuito.”
“Estou feliz com o resultado, o carro estava rápido e vencemos o Campeonato de Construtores pelo segundo ano consecutivo. Parabéns a todos na equipe que contribuíram para este sucesso notável. Eles fizeram um trabalho incrível e nós alcançamos isso juntos. Vamos comemorar isso como equipe e depois voltar ao trabalho pelo resto da temporada.”
O que é mais complicado na relação entre os companheiros de equipe, é que a McLaren não tenha definido um preferido para ser o seu campeão pela equipe, as fichas que eles têm dado seguem beneficiando Norris, enquanto Piastri ainda tem mais pontos.
O outro problema, é que logo depois de afirmar que eles não podem cometer novos erros no ano e nem deixar Max Verstappen crescer, o competidor além de vencer duas corridas na sequência, conseguiu um 2° lugar, enquanto Norris e Piastri brigaram por um 3° e 4°.
A McLaren vem de três corridas seguidas com problemas no pit-stop, as primeiras vezes afetaram Norris, mas nesta corrida foi Oscar que lidou com o revés. Dessa forma, tirou o competidor de combate, pois para se aproximar de Norris, ele precisaria forçar o carro – embora estivessem em ritmo de corrida semelhante.
Também não podemos deixar de fora dessa equação a gratidão que a McLaren tem por Norris ter passado alguns tempos difíceis com a equipe, colocando ele no posto de preferido. De qualquer forma, a McLaren precisa tomar uma decisão interna, se vai de fato dar uma preferência clara em pista para um dos seus dois pilotos, pois tentando não criar uma inimizade entre os pilotos, colocando o time acima, eles abrem marge para algumas contestações.
Esse também foi um evento que contou com vitória de um piloto da Mercedes. Mas vamos precisar esperar os próximos seis eventos para ver a postura da McLaren em pista.
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