Kubica descreve as emoções do final das 24 Horas de Le Mans: “É uma grande combinação de sentimentos!”

No último mês, Robert Kubica conseguiu a tão sonhada vitória nas 24 Horas de Le Mans, cruzando com o Ferrari 499P a linha de chegada. O polonês atingiu a conquista revezando o carro com o britânico Phil Hanson e o chinês Yifei Ye. Durante as 6 Horas de São Paulo, em Interlagos, o BOLETIM DO PADDOCK conseguiu a chance de conversar com o competidor.

A vitória foi especialmente marcante por ocorrer em uma das provas mais icônicas do automobilismo. Além disso, o feito ganha ainda mais peso ao relembrar que Kubica, antes do grave acidente em um rali em 2011, era cotado para assumir um lugar na Ferrari na Fórmula 1 em 2012 — sendo considerado um dos pilotos mais promissores da categoria.

O acidente de Kubica mudou a sua trajetória no automobilismo, durante a prova de rali em Andorra, ele bateu forte na barreira de proteção do circuito, que atravessou o equipamento que ele conduzia e dilacerou o braço direito. Kubica passou por uma cirurgia que durou várias horas, tamanha era a gravidade dos ferimentos (que além do braço, também existiam fraturas no ombro e na perna. A equipe médica conseguiu evitar a amputação do braço, mas por consequência do acidente, ele ficou com os movimentos limitados.

Quando o acidente aconteceu, muitos deram como encerrada a sua participação nas competições, mas Kubica batalhou para retornar as pistas. Em 2011, ele deveria fazer a temporada com a Renault novamente, mas ele precisou ficar afastado das pistas, enfrentando um longo período de recuperação.

Kubica voltou para as competições em 2013, novamente no rali, entes de também se arriscar nos GTs. O retorno do polonês à Fórmula 1 se deu em 2017, ao testar um carro da Renault. No ano seguinte, assumiu o posto de piloto de testes da Williams, equipe pela qual voltou oficialmente ao grid como titular em 2019. Para enfrentar os desafios físicos decorrentes do acidente sofrido anos antes, Kubica utilizou um volante adaptado — prova de sua determinação e resiliência para competir novamente em alto nível.

Kubica ainda esteve vinculado à Fórmula 1 como piloto reserva e em 2021 substituiu Kimi Räikkönen em duas corridas (GP da Holanda e Itália) na Alfa Romeo, pois o finlandês testou positivo para a Covid-19.

Em 2021, Kubica esteve muito próximo de conquistar a vitória nas 24 Horas de Le Mans. Ao lado de Yifei Ye e Louis Delétraz, ele liderava a prova na classe LMP2 com um desempenho sólido. No entanto, a vitória escapou na última volta, quando uma falha no sensor do acelerador obrigou o abandono do trio, frustrando o que seria um triunfo histórico.

Perguntamos a Kubica como foi a sensação ao cruzar a linha de chegada nas 24 Horas de Le Mans de 2025, já que coube a ele conduzir o Ferrari no trecho final da prova e receber a bandeirada que confirmou a vitória do carro #83 — a terceira consecutiva da marca desde seu retorno ao WEC.

“Para ser sincero, eu estava feliz, mas também estava muito cansado. Foi uma corrida longa, guiei por umas três horas e meia. É uma grande combinação de sentimentos.”

“É normal, você está feliz, mas, por outro lado, está muito cansado. Você gostaria de se fechar em um quarto por uma meia hora apenas para relaxar. Mas é claro que não é possível, o que é o normal.”

“Quando você vence, tem muitas coisas para fazer, muita mídia. Na verdade, durou mais de uma semana depois de Le Mans. Mas de modo geral, será sempre um momento muito emocionante e feliz. Sempre haverá boas recordações na minha cabeça.”

Sendo um dos pilotos mais experientes no automobilismo, Kubica mostrou que estava completamente focado na etapa de São Paulo. O competidor sabia dos desafios que a Ferrari tinha pela frente, mas na tarde de sábado a tripulação do #83 conseguiu a nona posição para a largada, obtida por Kubica que participou do duelo da Hyperpole.

No domingo, depois de uma corrida difícil para a Ferrari, o carro #83 representou a Ferrari nos pontos com a oitava posição conquistada.

No sábado, quando a imprensa conseguiu falar com Kubica, ele afirmou que não estava pensando tanto no resultado de Le Mans, embora ele fosse muito especial.

“Não tenho sentimentos, porque estamos em um fim de semana de corrida e é normal, temos que nos concentrar no que está acontecendo por aqui. Mas é claro, a verdade é que em cada momento da minha vida, quando pensar em Le Mans, terei boas recordações e boas emoções”, disse para a imprensa em São Paulo.

“Eu não sou o tipo de pessoa, você sabe, tenho minhas emoções, mas não exageradamente. Como piloto, o meu caráter é pensar no que vem logo a seguir.”

“Como eu disse, definitivamente, ao longo dos anos, sempre serão emoções agradáveis. Durante oito anos, consegui retornar, mas é claro que os resultados e o aspecto esportivo cobriram tudo, mas ainda acredito e sempre serei grato a Williams por me dar a oportunidade de viver essas emoções e ter essa conquista comigo.”

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