ColunistasFórmula 1Post

GP de Portugal – História, estatísticas e o retorno

A Fórmula 1 vai realizar neste fim de semana o GP de Portugal, por conta da pandemia de Covid-19 a categoria ajustou o seu calendário e adicionou novos circuitos. A corrida em Portimão marca o retorno do país a F1, a última corrida foi realizada em 1996, há 24 anos.

Boavista e Monsanto

Oficialmente o GP de Portugal só foi adicionado ao calendário da F1 em 1958, mas as corridas já eram realizadas no país no período em 1931 no Circuito da Boavista, assim como em Monsanto, os dois circuitos eram traçados de rua, o que tornava a disputa desafiadora pois por conta das elevações e a proximidade com as árvores, qualquer erro custava caro.

Boavista – Foto F1 Stats

Nos primórdios do automobilismo em Portugal, os populares organizavam o “quilómetros lançados”, mas a primeira corrida como ‘Circuito da Boavista’ só foi realizada em 1931. O traçado tinha duas grandes retas nas faixas laterais da Avenida da Boavista. A primeira edição contou com vitória de Fernando Palhinhas que completou 30 voltas, mas no ano seguinte adotaram um método diferente, aquele que completasse mais voltas em um período de 90 minutos seria o vencedor. Além disso criaram duas categorias a Sport e Corrida.

Um destaque para 1932 que contou com a participação de D. Palmira Coelho, que assumiu o volante de um Opel. As corridas passaram a se popularizar e o evento recebia mais de 10 mil espectadores.

D. Palmira Coelho – Foto Reprodução

Em 1950 este mesmo circuito surgiu reconfigurado, um novo traçado com 7.775 metros, pois foram incluídas outras ruas e estradas. O Automóvel Club de Portugal (ACP) tomou as rédeas da organização e desta forma a prova passou a ter mais visibilidade e se tornar atrativa para outros pilotos que corriam em outros países. Definitivamente ele recebeu o status de internacional após o primeiro evento disputado em 18 de junho de 1950, “I Circuito Internacional do Porto”.

No ano seguinte o evento ganhou proporções ainda maiores eram esperados 30 pilotos e entre eles 16 estrangeiros. Foram cerca de 100 mil espectadores, provando mais uma vez que o esporte estava se tornando popular.

Em 1958 quando a Fórmula 1 foi para Portugal, grandes nomes desembarcaram para a competição como Stirling Moss, Jack Brabham, Granham Hill e Mike Howthorn, este último piloto foi Campeão Mundial naquele mesmo ano. Nesta corrida tivemos a participação da pilota italiana Maria Teresa de Filippis, a primeira mulher a pilotar um carro de Fórmula 1. Infelizmente o motor de seu carro teve problemas seis voltas após o início da corrida e ela acabou abandonando. A prova contou com vitória de Moss e foi um ano disputadíssimo na F1.

Maria Teresa de Filippis – Foto Fórmula 1

Monsanto recebeu uma corrida em 1959, que também contou com a vitória de Stirling Moss. Assim como a prova realizada no Circuito da Boavista, Monsanto tinha duas grandes retas, mas contava com nove curvas, com a extensão de 5.440 km.

Monsanto – Foto F1 Stats

Cascais

Durante os anos de 1964 até 1966, nasceu o Circuito de Cascais que teve uma breve história, mas foi responsável por manter Portugal como um local atrativo para as competições. E assim como os outros dois, o circuito urbano combinava a emoção do traçado com o glamour, por conta de ser um destino turístico. O traçado recebeu corridas de moto e automóveis.

O circuito nasceu por conta da necessidade de abrigar as corridas, no início da década de 60, Vila do Conde era o único circuito português que estava em atividade, mas não era possível realizar grandes eventos. Existiam outros que foram testados, mas nenhum correspondeu as necessidades, o projeto de Estoril estava em andamento, mas ainda demoraria para ser finalizado e assim a Câmara Municipal de Cascais trouxe a possibilidade da realização de eventos internacionais de automobilismo. Em 1963 organizaram um evento com os portugueses, para em 1964 receber os estrangeiros.

Cascais – Foto reprodução Autosport

Carente da Fórmula 1 que havia realizado a sua última etapa em 1960, Portugal realizou o X Grande Prêmio de Portugal, não era oficial pela F1, mas tiveram carros da Ferrari e Lotus disputando pelas suas ruas.

Em 1964 eles começaram a receber a Fórmula 3, uma categoria competitiva e de grande interesse para os pilotos que estavam buscando chegar até a F1.

Estoril

Com a inauguração do Autódromo do Estoril, próximo da capital Lisboa, Portugal poderia voltar a sonhar com um GP em casa, mas antes da chegada da categoria principal, o Campeonato Europeu de Fórmula 2, disputou algumas provas no traçado.

Estoril foi idealizado por Fernanda Pires da Silva, ao lado do arquiteto brasileiro Ayrton Lôlo Cornelsen, responsável pela construção de Jacarepaguá e pelo Autódromo Internacional de Curitiba, entre outras obras importantes.

Estoril – Foto F1 Stats

Em 1984 a Fórmula 1 retornou para Portugal, contando como uma vitória de Alain Prost. Foram realizadas treze etapas no circuito e em 1985, Ayrton Senna consagrou a sua primeira vitória da carreira em Estoril. A primeira corrida foi realizada em outubro, mas no ano seguinte a Fórmula 1 foi para o país em abril, pegando uma chuva forte e que auxiliaram o brasileiro.

Os relatos sobre as corridas realizadas neste autódromo, mostram que as disputas foram bem acirradas, nesta época os nomes de Mansell, Berger, Senna, Prost marcaram os eventos, principalmente com a vitória destes competidores.

Em 1994 por conta das mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna, a cuva Esses antes da Parabólica foi transformada em três curvas. Em 1997, Estoril deveria ter passado por um projeto para a renovação e reestruturação das instalações, mas como as reformas não foram realizadas, a F1 cancelou a etapa. O GP da Europa deu vez para Jerez na Espanha. Em 1998 a Portugal constou no calendário, mas as obras necessárias não foram realizadas e marcou a saída de Portugal do calendário.

Estoril – Foto F1 Stats

Algarve

O Autódromo Internacional do Algarve que também é conhecido por ‘Circuito de Portimão’ está a cerca de 16 km do centro de Portimão. É um circuito completo, com um projeto que incluiu kartódromo, pista off-road, parque tecnológico e um hotel cinco estrelas.

Foto: reprodução

A sua construção foi concluída em outubro de 2008 e recebeu a homologação da FIA de circuito do tipo Grau 1, podendo receber a Fórmula 1. O circuito é conhecido por outras categorias e a McLaren esteve no final de 2008 realizando testes.

O traçado possuí 4.653 km, que conta com 15 curvas, a pista é bem desafiadora, pois conta com uma boa variação de angulações. As curvas cobram bastante dos pneus e as equipes estão esperando uma corrida animada em Portugal. Está será a primeira corrida após 24 anos do país fora da F1. Para a corrida é esperado 27.500 fãs diariamente, por conta da pandemia de Covid-19, os organizadores reduziram o público.

As estátisticas de Estoril

Vitórias | Pilotos
1. Alain Prost – 3
2. Nigel Mansell – 3
3. Ayrton Senna – 1

Vitórias | Construtores
1. Williams – 6
2. McLaren – 3
3. Ferrari – 2

Vitórias | Motores
1. Renault – 6
2. TAG Porsche – 2
3. Honda – 2

Poles | Pilotos
1. Ayrton Senna – 3
2. Nigel Mansell – 2
3. Gerhard Berger – 2
4. Damon Hill – 2
5. Nelson Piquet 1

Poles | Construtores
1. Williams – 5
2. Ferrari – 3
3. Lotus – 2

Poles | Motores
1. Renault – 7
2. Ferrari – 3
3. Honda – 2
4. BMW

Melhores Voltas | Pilotos
1. Gerhard Berger – 3
2. Nigel Mansell – 2
3. Ayrton Senna – 2
4. David Coulthard – 2
5. Niki Lauda – 1

Melhores Voltas | Construtores
1. Williams – 7
2. Ferrari – 3
3. McLaren – 2

Melhores Voltas | Motores
1. Renault – 7
2. Ferrari – 3
3. Honda – 2
4. TAG Porsche – 1

Pódios | Pilotos
1. Alain Prost – 7
2. Ayrton Senna – 5
3. Damon Hill – 4
4. Gerhard Berger – 3
5. Nigel Mansell – 3
6. Michael Schumacher – 3
7. Nelson Piquet – 2

Pódios | Construtores
1, Williams – 13
2. McLaren – 11
3. Ferrari – 7

Pódios | Motores
1. Renault – 13
2. Honda – 9
3. Ferrari – 7

Voltas Na Liderança | Pilotos
1. Nigel Mansell – 182
2. Alain Prost – 144
3. Gerhard Berger – 128

Voltas Na Liderança | Construtores
1. Williams – 425
2. McLaren – 184
3. Ferrari – 178

Voltas Na Liderança | Motores
1. Renault – 417
2. Honda – 198
3. Ferrari – 178

Voltas Percorridas | Pilotos
1. Michele Alboreto – 688
2. Gerhard Berger – 652
3. Ayrton Senna – 613

Voltas Percorridas | Construtores
1. McLaren – 1526
2. Williams – 1505
3. Ferrari – 1449

Voltas Percorridas | Motores
1. Ford Cosworth – 4478
2. Renault – 2659
3. Ferrari – 1790

Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo