Senna, Piquet, Fittipaldi, Barrichello, Massa todo mundo conhece. Pace, Ingo Hoffmann, Gugelmin, Burti, Moreno, Diniz… ok. Você conhece um pouco sobre a história do Brasil na Fórmula 1.
Mas, e o Frederico?
Pois o Frederico foi um dos primeiros. Chapa do Chico Landi, “adotado” pelo Fangio, morava junto do Von Trips, era amigão do Bruce McLaren e tirou Stirling Moss (que chama de mau-caráter e acha bem feito não ter nenhum título mundial) da pista. Até o Comendador Enzo botava fé no cara.
Nascido em São Paulo em 25 de março de 1938, Frederico José Carlos Themudo d’Orey era filho de imigrantes portugueses (seu pai era comerciante de automóveis), e ganhou o apelido alemão por conta do avô.
Aos 14 anos, Fritz d’Orey roubava o carro da irmã e ia correr em Interlagos nos finais de semana. Aos 17, comprou de Christian Heins o Porsche Spyder que o barão Von Stuck tinha trazido ao Brasil, e começou a competir de verdade. Logo depois, comprou a Ferrari 375 F1 1951 de Chico Landi (que tinha colocado nela um V8 da Corvette!!! Heresia!!!).
Foi com esse carro que Fritz venceu os 500 km de Interlagos de 1958, quando tinha 20 anos de idade. Logo depois, correu o I Torneio Triangular Sulamericano. A primeira prova foi em São Paulo e d’Orey chegou a liderar até ter um pneu furado, porém ainda conseguiu chegar numa bela quarta posição. A etapa seguinte foi em Buenos Aires. Também liderou a prova até faltarem nove voltas, quando o eixo quebrou e foi obrigado a abandonar. Mas já tinha entregue o cartão de visitas.
Juan Manuel Fangio foi até ele, convidando-o a participar de sua “Scuderia Centro-Sud” na Fórmula 1. E não tinha nada de piloto pagante: o patrocínio da British Petroleum dava conta dos custos.
Em 05 de julho de 1959, no circuito de Reims, na França, a bordo de uma Maserati 250F d’Orey alinhou ao lado de Phil e Graham Hill, Bruce McLaren, Jack Brabham e outros para ser o quarto brasileiro a participar de uma prova de F1. Seu carro já tinha três anos de estrada, e a 18ª posição entre os 21 competidores poderia ser considerada uma bela estreia. Mas o Fritz do Brasil ainda conseguiu terminar a corrida em décimo lugar (fosse hoje, teria um pontinho). Tá certo que tomou 10 voltas da Ferrari, mas quem se importa, não é?
Ainda naquele ano correu o GP da Inglaterra, mas teve que abandonar com problemas de câmbio na volta 57. E, em 12 de dezembro em Sebring, pilotando um carro da equipe Camoradi com chassi TecMec e motor Maserati, participou do primeiro GP dos Estados Unidos, porém também não completou a prova.
“Prometido” na Ferrari (o velho Enzo o tinha achado muito rápido em uma corrida que fez em Modena), Fritz já tinha contrato com a equipe B de Maranello, a Scuderia Sereníssima. Era um passo para conseguir o assento principal na vermelhinha e correr uma temporada inteira de F1. Em 1960 chegou em 6º lugar geral nas 12 horas de Sebring, mas, nos treinos para as 24h de Le Mans sofreu um acidente fortíssimo a 270 km/h, que partiu seu carro no meio e o deixou em coma. Após oito meses no hospital, com apenas 22 anos, Fritz d’Orey, que poderia ter se tornado nosso primeiro campeão do mundo, abandonou o automobilismo.
Viveu firme e forte, dividindo-se entre Cascais, pertinho do autódromo de Estoril em Portugal, e o Rio de Janeiro até o dia 31 de agosto de 2020.
FORA DAS PISTAS
Hoje é aniversário de uma das ruas mais famosas do Brasil, da dona de uma das mais poderosas vozes da história da música, a incrível Aretha Franklin, da bela e rápida Danica Patrick, da breve Leila Diniz e de Sir Elton Hercules John. Unindo o útil ao agradável, deixo vocês com uma das cenas mais emblemáticas da história do cinema, embalada com a belíssima Tiny Dancer (a música começa em 1:25).