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Ferruccio Lamborghini, o homem que desafiou o Comendador

Ferruccio Lamborghini, o homem que desafiou o Comendador - Dia 275 de 365 dias mais importantes da história do automobilismo.

Há 25 anos partia Lamborghini. Ferruccio Elio Arturo Lamborghini faleceu aos 76 anos, em 20 de fevereiro de 1993 em Perugia, na sua Itália natal. Nascido em Cento, uma cidadezinha medieval às margens do rio Pó na região da Emilia Romana e a 50 km de Maranello, era o mais velho de cinco irmãos. Seu pai era um fazendeiro que tentou ensinar a arte de cultivar as uvas ao pequeno Ferruccio, mas o rapaz só ficava feliz quando podia mexer no trator da família. Aos 14 anos conseguiu um emprego de aprendiz de mecânico em Bolonha, e não voltou mais para casa.

Aos 20 anos entrou para o serviço militar. Era 1936 e o fascismo italiano estava no auge, precisando de bons cérebros. Lamborghini utilizou sua experiência na área mecânica para conseguir ser direcionado para Rodi, um centro automotivo do exército do Duce, onde aprendeu o que podia sobre motores a diesel. Era aquele gênio precoce que resolvia todos os problemas que os colegas não davam conta, e logo foi transferido para a Força Aérea, recebendo então noções de engenharia aeronáutica.

Ferruccio era o tipo de homem que fazia limonadas todos os dias, e mesmo após tornar-se prisioneiro de guerra em 1944 soube aproveitar o tempo para conhecer melhor o funcionamento dos motores britânicos, aumentando seu catálogo de experiências. Após ser libertado com o fim do conflito, retornou à Itália e aproveitou a matéria prima barata dos destroços de guerra para montar seu primeiro trator, que logo começou a produzir em série e fazer dinheiro. Em 1949, com a fábrica de tratores de vento em popa e sendo um empresário nato, abriu uma segunda indústria, dedicada à produção de aparelhos de ar condicionado, colocando seu nome entre os dos homens mais ricos do país.

Um cabeça de gasolina. Fonte: Flatout

Um cabeça de gasolina (em 1948 participou da Mille Miglia com um Fiat Topolino que ele mesmo preparou para competições), começou a usar o seu dinheiro para fazer uma coleção de carros esportivos: tinha em sua garagem modelos da Mercedes, Jaguar, Maserati, Alfa e até algumas Ferrari, e na sua cabeça o sonho de construir seu próprio automóvel. Em 1963, no Salão de Turim, apresentou o protótipo do Lamborghini GTV 350, que logo foi comparado a um touro bravo e ganhou como apelido o sobrenome do criador de gado espanhol Eduardo Miúra.

Esse primeiro Lamborghini foi decorrência de um encontro que mudou a vida de Ferruccio e o jogou na história do automobilismo. Com um problema na embreagem de uma de suas Ferrari (a 250 GT Coupé 1958) após uma corrida – não uma organizada, mas as que aconteciam nas estradas rurais da região, onde o perdedor pagava um café para o vencedor – o industrial dirigiu até Maranello e foi reclamar pessoalmente para o dono da montadora. Na verdade, Ferruccio tinha uma admiração técnica por Enzo Ferrari, sabia que era ele mesmo o culpado pela quebra e queria sugerir uma modificação nos modelos futuros, mas Il Comendatore não reagiu bem às criticas construtivas do empresário. “Você não sabe nada de carros, melhor voltar para casa e dirigir só tratores”, disse Ferrari.

O touro que enfrentaria o garanhão negro. Fonte: Google

Lamborghini saiu injuriado da reunião, voltou para casa, desmontou a Ferrari e encontrou o problema – além de ficar emputecido ao descobrir que a 250 GT tinha a mesma embreagem que usava em seus tratores, de acordo com a lenda. À noite, no jantar, ainda remoía a humilhação: “Quem ele pensa que é? Eu comprei duas Ferrari, mas construo 50 tratores por dia!!! Se eu quiser, também faço um carro esportivo!”.

A patroa mandou um “deixa disso, vamos tocar a vida”, mas obviamente não funcionou. Lamborghini decidiu usar a verba de propaganda da fábrica para iniciar uma linha de montagem, calculando que a publicidade em torno disso seria suficiente para mantê-lo na mídia. Dois dias depois já tinha o plano de negócios e montava a equipe, com dois engenheiros hoje conhecidos: Giotto Bizzarrini e Gian Paolo Dallara. Começou a construir uma fábrica quase vizinha à da Ferrari em Modena e aproveitou a história do Miúra para escolher seu logotipo: o touro era o símbolo de força que ele precisava para enfrentar o cavalo rampante. Utilizando como base o protótipo GTV 350 ele começou a produção do 350GT com um motor V12 construído por Bizzarrini.

Bizzarrini, Lamborghini e Dallara. Fonte: Lamborghini

Apesar do sucesso instantâneo dos modelos superesportivos de Lamborghini, a crise econômica que se instalava na Itália e no mundo na década de 70 fez os lucros das fábricas de Ferruccio despencarem; já perto dos 60 anos, ele resolveu aproveitar o que já tinha acumulado, e vendeu suas fábricas – os tratores para Francesco Cassani, um industrial italiano, e os automóveis para a Chrysler (hoje a Lamborghini está sob o guarda-chuva da Volkswagen, sob os cuidados da Audi). As empresas restantes ficaram com seu filho mais velho, Tonino, que tinha o tino comercial do pai e seguiu aumentando a riqueza da família. Ferruccio completou a volta da vida e comprou uma fazenda, onde passou o resto dos seus dias cultivando uvas e consertando os tratores da propriedade.

lll FORA DAS PISTAS

O dia 20 de fevereiro marca o nascimento de nomes como Roger Penske, Charles Barkley e Cindy Crawford, todos eles merecendo ser citados.

Mas não posso deixar de falar de um cara que mudou a história do rock e que nasceu em 20 de fevereiro de 1967: Kurt Donald Cobain. O que ele fez com o Nirvana em seus 27 anos de idade foi dar um sopro de ar fresco ao rock and roll. Apesar de gostar de alguma coisa feita nos anos 80, para este escriba a música deu uma pausa após o lançamento de The Wall, do Pink Floyd, e só retornou com Nevermind de Mr. Cobain e seus asseclas. Eu tenho até hoje minha camisa de flanela xadrez, herdada do movimento grunge. E, como é impossível escolher a melhor música deles, vamos rever mais uma vez o maior sucesso da banda. Fiquem com Smells Like Teen Spirit.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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