O nome de Tony Brooks é sempre mencionado quando contamos histórias sobre os anos 1950. Nos nossos textos das Série 365 dias do Automobilismo e na Série Circuitos da F1, o nome de Brooks também apareceu algumas vezes. Nesta última terça-feira (03) faleceu Charles Anthony Standish Brooks aos 90 anos.
O piloto foi vice-campeão da Fórmula 1 em 1959 com a Ferrari, após disputar o título com Jack Brabham. Conquistou seis vitórias na categoria, deixando marcas em circuitos icônicos como Spa-Francorchamps, Nürburgring e Monza. Suas vitórias na categoria foram conquistadas pela Vanwall e pela Ferrari.
Brooks nasceu em 25 de fevereiro de 1932, em Dukinfield, Cheshire, na Inglaterra. Ficou conhecido como “piloto dentista”, por ter estuado a prática por conta própria, vivia com a cabeça nos livros para aprender sobre a profissão; a vocação estava de certa forma nas veias pois também era filho de um cirurgião-dentista. Brooks era o último piloto vencedor sobrevivente após a morte de Sir Stirling Moss, que ocorreu em 2020.
Começou a correr em 1952, mas em 1955 disputou o GP de Siracusa, uma prova que era realizada na Sicília, Itália, mas que não estava inclusa na temporada da Fórmula 1. Brooks venceu a corrida depois de se classificar na terceira posição, com um Connaught, tornando-se o primeiro piloto britânico desde Sir Henry Segrave, a vencer um GP em um carro britânico. Mais tarde, em 1956 foi convidado para correr na Fórmula 1. Sua primeira vitória ocorreu em 1957, durante um GP da Inglaterra disputado no Aintree. Brooks e Moss são pilotos que nunca foram campeões, mas são considerados como um dos melhores pilotos que já correram. O nível técnico, sensibilidade e habilidade de Brooks fizeram história. O britânico foi companheiro de equipe de Moss na Vanwall.
“Penso, simplesmente, que tive muita sorte. Fui abençoado com uma habilidade natural e descobri que dirigir até o limite era bom o suficiente. Obviamente Siracusa era uma história de conto de fadas e me deu uma enorme satisfação. Nos livros da maioria das pessoas, era um circuito assustador. As estradas sicilianas não eram boas naquela época. Mas isso não me preocupava”, disse certa vez Brooks.
Os pilotos naquela época sempre estavam no limite, não apenas nas corridas, mas também eram apoiados em um pequeno fio de vida. Acidentes sempre aconteciam e a morte infelizmente pairava ao lado daqueles que seguiam competindo. Em sua primeira largada na F1, Brooks lidou com o acelerador que ficou preso em Silverstone, o piloto sofreu um grande acidente, sendo arremessado do seu bólido – com sorte conseguiu escapar apenas com uma mandíbula quebrada.
Em 1958 ele terminou apenas três provas, nas nestas três foi o piloto vencedor, justamente as corridas disputadas em Spa, Nürburgring e Monza. Desta forma ficou com a terceira posição do campeonato, atrás de Mike Hawthorn e de Moss.
Para a temporada seguinte Vanwall tinha se retirado, mas ele recebeu uma oferta da Ferrari, para defender o time italiano. Venceu em Reims e Avus, duas pistas exigentes e desafiadoras. Alguns detalhes fizeram esse título passar, por ser um calendário curto, ele não fornecia margem para erro. Brooks abandonou três provas, enquanto Brabham só não pontuou em duas delas.
“Ele fazia parte de um grupo especial de pilotos que foram pioneiros e ultrapassaram os limites em um momento de alto risco”, disse o presidente da F1 Stefano Domenicali.
As duas últimas temporadas que competiu, já marcavam o seu adeus à categoria, com os interesses comerciais crescendo, além de ver vários pilotos perderem a vida, deixou a categoria com o encerramento do campeonato de 1961.