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Estratégia de apenas uma parada prevalece no GP da Cidade do México e Sainz fatura vitória

Em corrida movimentada, Sainz reverte pole em vitória, trabalhando com a estratégia mais popular no Autódromo Hermanos Rodríguez

Carlos Sainz encerra o GP da Cidade do México com vitória. O piloto espanhol, que já tinha faturado a pole, conseguiu mais um bom resultado para a Ferrari em 2024, sendo bem importante nesta reta final da temporada.

O fim de semana foi voltado para vários testes, os pilotos e as equipes estavam tentando compreender da melhor forma o desempenho dos seus pneus em pista. No entanto, já era possível esperar que os pneus duros e médios seriam as ‘estrelas’ do fim de semana, por conta da sua durabilidade, principalmente diante de temperaturas tão altas.

A corrida começou uma pista mais quente, mas conforme a corrida foi se desenvolvendo, a temperatura abaixou um pouco. Próximo do final da prova, aconteceu até uma ameaça de chuva, mas ela não chegou a cair no traçado. Foi possível fazer um longo trecho com os pneus duros, como era esperado e eles funcionaram bem quando combinado aos pneus médios.

Como o TL2 da sexta-feira foi usado pela Pirelli para recolher dados dos pneus de 2025, o TL3 foi uma sessão importante, permitindo que as equipes realizassem a simulação de corrida, mas também dessem um pouco de atenção para a simulação de classificação. Naquele momento já era possível sentir a Ferrari com um bom desempenho e podendo ser uma forte candidata a pole.

Ainda na classificação, a Ferrari decidiu abrir a sessão usando pneus médios, antes de investir nos pneus macios. Novamente, os compostos macios não estavam durando tanto, então quem cometia um erro em sua primeira tentativa de volta rápida ou tinha o tempo deletado, precisava passar nos boxes e usar outro jogo de pneus. Os compostos de faixa vermelha ficaram então limitados ao uso na classificação.

A classificação foi bem apertada, Sergio Pérez e Oscar Piastri foram eliminados ainda no Q1 e isso teve um impacto direto na corrida dos competidores. O mexicano, por exemplo, não conseguiu progredir muito na prova e, ainda lidou com uma punição por não largar de forma correta [ficando dentro do colchete]; depois, em uma disputa mais dura com Liam Lawson, acabou danificando a lateral do carro e aí perdeu completamente o ritmo. Pérez ficou com a última posição na tabela e se quer conseguiu ajudar o time a retirar o ponto de volta rápida da Ferrari.

A equipe italiana estava otimista para ter um bom resultado no México e certamente a vitória em Austin empolgou. Sainz venceu a prova com a estratégia de apenas uma parada, uma escolha que foi a predominante no grid. O time quase obteve uma dobradinha, mas vamos discutir os fatores mais adiante neste mesmo texto.

Com o observado ao longo do fim de semana no México, ficou claro que os pneus macios não seriam usados, principalmente no início da prova, já que as temperaturas da pista estavam bem quentes. Sem o auxílio de um Safety Car mais para o final da corrida, as equipes optaram por não fazer uma troca adicional de pneus, embora alguns competidores estivessem reclamando do desgaste excessivo dos compostos.

Estratégia de pneus do GP do México – Foto: reprodução Pirelli

Na largada 14 pilotos começaram a prova com pneus médios, enquanto 6 optaram pelos pneus duros, foram eles: Sergio Pérez, Esteban Ocon (largou do pit), Franco Colapinto, Liam Lawson, Valtteri Bottas e Zhou Guanyu.

O Safety Car até apareceu na corrida, mas foi apenas no início da prova, por conta de uma batida entre Yuki Tsunoda e Alexander Albon. A corrida dos dois pilotos acabou naquele momento. O carro de segurança passou 6 voltas no traçado, para que os equipamentos fossem removidos da pista, além da necessidade de reconstruir a barreira de proteção.

Por conta da prova neutralizada nas voltas iniciais, os competidores conseguiram algum refresco para os pneus, mas isso não impediu que as paradas acontecessem dentro da janela prevista pela Pirelli. Depois da volta 26 já tinha pilotos parando, para alguns competidores parecia até mesmo cedo, como questionou George Russell no rádio quando falava com a Mercedes.

Lando Norris teve a sua corrida muito pautada no embate direto com Max Verstappen. Os pilotos travam uma batalha depois da relargada, lá na volta 10, quando o holandês perdeu a liderança da corrida, por uma ultrapassagem de Carlos Sainz. Para o piloto da McLaren, o holandês não facilitou, fechou o adversário, jogou ele para fora da pista e no fim foi punido.

LEIA MAIS: Norris critica Verstappen por manobra “não muito limpa” no GP da Cidade do México

Verstappen recebeu 20 segundos de punição, que tiraram a chance do holandês de estar na briga pelo pódio. A punição foi cumprida durante a parada obrigatória. O piloto da Red Bull ainda terminou na zona de pontuação, ocupando o sexto lugar.

No caso do piloto da McLaren, depois dessa primeira briga mais acirrada com Verstappen, Norris ficou preso atrás do carro do adversário. O britânico ainda perdeu contato com a dupla da Ferrari, quando tinha plenas condições de brigar até mesmo por uma vitória.

Na abordagem usada por Verstappen, no momento que foram para fora da pista, a manobra do holandês possibilitou que os dois competidores fossem ultrapassados por Leclerc. Verstappen teve um desempenho contido pelas próximas voltas, não deixando espaço para Norris avançasse. O piloto da McLaren também ficou com receio de travar mais um embate direto com Verstappen, pois diferente do holandês, ele tinha muito a perder, já que era a chance de um pódio e descontar alguns pontos neste duelo.

A punição para Verstappen foi válida, principalmente depois da corrida nos Estados Unidos, mas ela não tirou o holandês da frente de Norris tão rapidamente como deveria. Na realidade, o britânico foi “cozinhado” por algumas voltas e só assumiu o terceiro lugar, quando Verstappen fez a sua parada obrigatória nos boxes.

Tanto Norris como Verstappen tiveram uma estratégia semelhante traçada pelas suas equipes, largando com os pneus médios e fazendo um stint mais longo com os pneus duros.

A parada de Lando Norris desencadeou as trocas de pneus da Ferrari, mas também da Mercedes, que estavam por perto e buscavam obter mais alguns pontos. No entanto, aqui é valido dizer, que Leclerc não poupou os logo depois da troca, o monegasco apostou em uma abordagem mais agressiva ao deixar os boxes com o conjunto de pneus duros, achando que aquele seria o fator decisivo para manter Norris longe. Porém, se esqueceram que é justamente no trecho final da corrida que o carro da McLaren rende mais.

Norris chegou no piloto e logo conseguiu a ultrapassagem, pois o monegasco perdeu o controle da traseira de seu carro e por pouco não encerrou a sua participação na prova.

Era para a Mercedes ter ficado mais próximo dos pilotos da Ferrari e Norris, mas um conflito interno perdurou por várias voltas, com Lewis Hamilton fazendo a ultrapassagem em George Russell, apenas no giro 66.

A prova teve as suas disputas, principalmente quando os pilotos que estava com os pneus duros, começaram a ficar entre aqueles competidores que já tinham realizado a parada obrigatória.

Oscar Piastri pontuou, após começar a corrida lá do final do pelotão. O australiano precisou completar 39 voltas com os pneus médios, antes de fazer a sua troca e pneus. Valtteri Bottas também fez um stint logo, mas o finlandês completou 49 voltas com os pneus duros.

Duração dos Pneus durante o GP da Cidade do México – Foto: reprodução Pirelli

Os pilotos da Aston Martin têm usado os treinos livres para tirar a ‘cera’ dos pneus, fazendo o processo de cozimento para tentar fazer os compostos durarem um pouco mais. A estratégia tem sido repetida corrida após corrida.

Nas últimas voltas da corrida, tivemos um embate pelo ponto da volta rápida. A prática será abandonada para 2025, mas como ainda é válida pelas próximas provas do ano, os pilotos estão tentando disputar o campeonato ponto por ponto. Lawson foi o primeiro piloto a usar pneus macios, para tirar a volta rápida que era de Lando Norris, funcionou e como o piloto se quer estava no top-10, este ponto seria perdido.

Como o gap da Ferrari para a Mercedes era girante, a equipe italiana então parou Charles Leclerc, enquanto a Red Bull instalou outro jogo de pneus macios em Pérez. Na última volta dá corrida, a marca de volta mais rápida ficou com o monegasco, enquanto Pérez até melhorou a marca, mas não conseguiu tirar o ponto extra da Ferrari. Este fica marcado como o fim de semana que a Ferrari superou a Red Bull no Mundial de Construtores, para ocupar a vice-liderança e agora batalhar com a McLaren pela ponta. O baixo desempenho de Pérez tem custado muito neste ano.

Infelizmente Fernando Alonso, que estava disputando o seu 400° GP não conseguiu concluir a corrida, abandonando antes do início da rodada de pit-stops.


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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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