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De forma incisiva Red Bull aborda o aumento do teto orçamentário

Desde a introdução do teto orçamentário na Fórmula 1, os times discutem formas para aumentá-lo. A realidade que é algo muito mais cobrado pelos times maiores, pois nem sempre as equipes menores do grid chegam perto de atingir o valor do teto orçamentário e acabam trabalhando com receitas menores.

A pauta voltou a ser discutida, pois os times estão querendo implementar grandes atualizações, mas sabem que não podem fazer muitas modificações justamente por conta de teto de gastos. A Ferrari se conteve nas suas atualizações iniciais levando um grande pacote para a Espanha, por outro lado, a Red Bull foi realizando algumas alterações, pois o seu carro nasceu mais pesado e para melhorar a performance, tiveram que investir em peças mais leves.

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É difícil de mensurar os gastos de cada um dos times, pois seria preciso colocar nessa conta os processos que são realizados para produzir uma peça: levar em consideração os materiais, tempo gasto e até mesmo o material humano. Os times não têm as mesmas estruturas, não trabalham com os mesmos recursos, então mesmo que elas introduzissem as mesmas atualizações em cada uma das corridas, não seria possível afirmar que elas tiveram os mesmos gastos.

A Red Bull acredita que sete equipes no grid não vão conseguir terminar a temporada por conta do teto orçamentário – Foto: reprodução Red Bull

Até o momento não existem relatos do descumprimento do teto orçamentário, mas a Red Bull sugeriu que algumas equipes podem perder as últimas quatro etapas do campeonato para que possam se manter dentro do limite implementado para a temporada 2022. Mas parece um exagero, principalmente quando sabemos que vários times gostaria de trabalhar com mais recursos em um ano de tantas mudanças.

“Precisamos que a FIA resolva a questão inflacionária, porque acho que provavelmente cerca de sete das equipes precisaram perder as últimas quatro corridas para chegar ao limite este ano, a partir do consenso de que houve altos e baixos no paddock”, disse o chefe de equipe da Red Bull.

“E não se trata das grandes equipes agora, são as equipes no meio do pelotão que estão realmente lutando com a taxa inflacionária que estamos vendo e isso pode até piorar no segundo semestre do ano”, seguiu Horner.

Pode parecer uma preocupação com o nível de competitividade do pelotão intermediário, mas é mais uma questão relacionada a forma como campeonato vai se desenhando. Todos querem se manter competitivos até o final, ainda mais com algumas disputas que já começaram a se desenhar. A próxima temporada também será projetada com os dados obtidos neste início do novo regulamento.

Existe um movimento para o aumento do teto orçamentário aconteça, mas isso exige que a “super maioria” aprove. Oito das dez equipes do grid precisam apoiar essa proposta. É claro que o jogo político que existe na categoria e os relacionamentos podem de fato chegar nesses números. A Alpine é uma que não está interessada nesse aumento.

O teto para a temporada atual é de US$ 140 milhões, onde os times precisam trabalhar o desenvolvimento do carro, reparos, transporte (os fretes estão bem caros), assim com outras despesas, além de salários (não contanto com o dos pilotos e o de três executivos de cada equipe). Por conta do aumento da inflação e o dos custos, acreditam que alguns cortes serão necessários e que isso pode levar também à perda de alguns funcionários.

A McLaren também está contribuindo para esse debate sobre o aumento do teto orçamentário e reforça a dificuldade para se manter dentro do orçamento atual – Foto: reprodução McLaren

A categoria buscava alguns meios para aproximar os times e o teto orçamentário se mostrou necessário, principalmente após o mundo passar por uma grande pandemia. Depois discutiram a elevação do teto com a implementação das provas Sprint, onde os times até apoiaram a implementação, mas precisavam de mais recursos, principalmente para lidar com reparos. Agora novamente voltam a discutir essa necessidade de um aumento, com Red Bull sendo apoiada por Ferrari, Mercedes e Aston Martin.

Andreas Seidl, chefe de equipe da McLaren, disse que será impossível manter o orçamento, levando em consideração as condições econômicas atuais.

“Está claro para nós que manter o limite de custos é uma necessidade absoluta para o esporte e não é nenhum segredo que estávamos nos esforçando bastante para introduzir e aplicá-lo para os números que temos agora”, disse Seidl ao The Race.

“Basta olhar para nossas contas e o aumento inacreditável dos custos de frete. Deve ser possível ter uma discussão com todas as equipes junto com a FIA para encontrar soluções justas. Estamos no meio da temporada agora, todos se prepararam para correr no limite, mas durante essas circunstâncias excepcionais e subidas, é impossível ainda manter o limite. Por isso acho justo discutir as soluções entre todas as equipes. Isso significa que, do nosso ponto de vista, é justo aumentar o limite, talvez vinculado a esses custos específicos que aumentaram”, seguiu Seidl.

Enquanto o regulamento atual pensa em uma redução do teto orçamentário, existe uma divergência com a relação ao que é o melhor para o futuro. A Alpine mesmo informa que já tinha pensado nessa variação da inflação e isso entrou nos cálculos da equipe para trabalhar com essa temporada.

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As equipes que já contam com mais dinheiro naturalmente, querem ter a oportunidade de injetar mais dinheiro em seu desenvolvimento. Muito se fala que alguns problemas que as equipes se depararam ao entrar na pista lá na pré-temporada, seriam facilmente resolvidos se tivessem a oportunidade de usar mais dinheiro para promover o seu desenvolvimento.

Reagir com as mudanças econômicas parece interessante, mas promover um aumento constante foge completamente do objetivo de manter o equilíbrio e a aproximação do grid. O ideal é que os maiores times aprendessem a trabalhar com menos.

A categoria deve levar em consideração algumas coisas para realizar uma modificação que seja saudável, pensando nessas alterações e nas variações externas que acabam impactando a Fórmula 1.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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