Em mais um final de semana irreconhecível de Lewis Hamilton, Vettel pintou o principado de vermelho ao vencer o GP de Mônaco, trazendo seu companheiro de equipe em 2º, sendo esse o primeiro triunfo ferrarista em Monte Carlo desde 2001. Além do fim da sequência de pontuações duplas da Force India, tivemos também o primeiro pódio sem um piloto da Mercedes desde o fatídico GP da Espanha de 2016, reafirmando a importância dessa no resultado final do campeonato.
O domínio da Ferrari era evidente desde a 2ª sessão de treinos livres, Vettel e Raikkonen se estabeleciam com segurança nas primeiras posições do grid enquanto a Mercedes enfrentava uma montanha-russa de performance e a Red Bull começava a dar as caras no topo do pelotão. Na classificação, esse domínio se manteve, mas ao contrário de Sochi, Raikkonen era a Ferrari na pole position, a primeira do finlandês em 128 corridas, seguido por Vettel e Bottas. Ainda brigando com sua W08, Hamlton sequer passou do Q2, sendo forçado a largar na 13ª posição em um dos circuitos mais difíceis de se ultrapassar no calendário atual. O inglês vinha lutando para encontrar aderência desde a sexta, e o Quali foi mais um exemplo da dificuldade encontrada pelo tricampeão, que ainda contou com o acidente de Stoffel Vandoorne nos últimos segundos do Q2 para afundá-lo definitivamente na classificação. Um sábado de sentimentos antagônicos também nos boxes da McLaren, que por um lado conseguiu colocar seus dois carros no Q3 mesmo com a ausência de Fernando Alonso, mas por outro, não teve a possibilidade de aproveitar o resultado inédito, uma vez que Stoffel colidiu com o guardrail no final do Q2 e Button tomou uma punição de 15 posições no grid, acabando com qualquer chance da equipe de Woking progredir ainda mais no pelotão.
No domingo, uma largada limpa para o todo o pelotão, dando início ao que seria um verdadeiro teste estratégico entre os ponteiros. Kimi segurou a liderança após a St. Devote, mas não conseguia abrir uma vantagem confortável para Sebastian Vettel. O alemão por sua vez, imprimia um ritmo de corrida forte e não permitia o ataque de Valtteri Bottas, que via as Red Bulls cada vez maiores em seus retrovisores. Em 6º, Sainz fazia mais uma corrida solitária, extraindo todo o potencial do STR12. Enquanto isso, Hamilton e Button buscavam, em vão, uma corrida de recuperação nas ruas de Mônaco, enfrentando extrema dificuldade para progredir pelo pelotão no primeiro stint da prova. O jogo de gato e rato entre os líderes começou quando Max Verstappen foi o primeiro a mergulhar nos boxes, buscando o undercut em Bottas. Na volta seguinte, foi a vez do finlandês partir para a troca, buscando bloquear a manobra do holandês na mesma volta em que seu compatriota, o líder Kimi Raikkonen, também entrou nos boxes para calçar os super macios. Isso deixou apenas Vettel e Ricciardo na pista, que queimavam o resto de borracha que tinham em busca do overcut. O australiano marcava voltas mais rápidas em sequência e o tetracampeão rodava quase 2 segundos mais rápido em relação ao que seu companheiro de equipe estava marcando na liderança da prova. Poucas voltas depois, quando ambos fizeram suas paradas, a escolha dos ex-companheiros de Red Bull provaria ser a correta. Vettel pulou Kimi, assumindo a liderança da prova, e Ricciardo saltou Bottas e Verstappen com tranquilidade, chegando ao degrau mais baixo do pódio na mesma pista em que quase arrancou uma vitória em 2016. O restante da corrida testou a capacidade dos pilotos de deixar seus carros mais largos nas ruas do principado. Kimi perdia contato com seu companheiro de equipe enquanto o sorriso de Ricciardo já refletia em seus espelhos, já Bottas se via em um verdadeiro sanduíche austríaco, atacando o australiano e sendo atacado por Max Verstappen. Mesmo com um carro de segurança aproximando ainda mais o pelotão na parte final da prova, a ordem se manteve no Top 5, concretizando o primeiro pódio do ano sem uma Mercedes sequer, ajudando a Ferrari a assumir com tranquilidade a ponta do campeonato de construtores.
Enquanto os cinco primeiros brigavam pela vitória, Hamilton encarava sua saga discreta e frustrante pelas ruas do principado. Após passar o primeiro trecho da prova preso atrás de carros mais lentos, o inglês esticou seu stint inicial e se valeu de pura estratégia para escalar o pelotão. Considerando a 13ª posição na largada, terminar em 7º em Mônaco pode ser considerado uma vitória, todavia, Lewis também assistiu Vettel vencer sua terceira corrida no ano, abrindo uma diferença de 25 pontos na liderança do campeonato. Evidentemente ainda é cedo, mas essa etapa pode ser decisiva no campeonato. Já na batalha campal do pelotão intermediário, a Force India finalmente teve um final de semana complicado no ano. Foram necessárias 6 etapas e uma possível zica deste que vos fala, mas a equipe sequer pontuou no GP de Mônaco. Esteban Ocon bateu no FP3, prejudicando seu Quali, e consequente corrida, já Perez teve um domingo para esquecer, encarando má sorte e falhas infantis culminando em um modesto 13º lugar. Mesmo saindo zerada de Monte Carlo, as panteras cor de rosa ainda sustentam uma vantagem de 24 pontos na 4ª posição. Com duas vagas disponíveis no Top 10, era a vez de outras equipes capitalizarem na oportunidade de garantir pontos importantes. Sainz fez as honras pela Toro Rosso, terminando a prova em uma sólida 6ª posição sem sofrer qualquer tipo de ameaça. Como de costume, apenas uma Williams pontuou também. Felipe Massa sofreu para levar seu bólido até o final, mas conseguiu escapar das loucuras nas voltas finais e marcar mais dois pontos essenciais nos construtores. Melhor para a Haas, que prezou pela constância para colocar seus dois pilotos nos pontos. Os americanos faturaram mais 5 pontos e empataram com a Renault na briga pela 7ª posição. Os franceses estavam embarcados em uma curva ascendente, mas o abandono de Hulkenberg acabou com as chances de pontuação da equipe em Mônaco.
No pelotão do Afeganistão, Sauber e McLaren tiveram provas discretas até o abandono coletivo gerado por um efeito dominó na parte final do GP. Após dois terços frustrantes de prova preso atrás de Pascal Wehrlein, Jenson Button tentou forçar uma ultrapassagem improvável na Portier, o resultado foi uma suspensão quebrada na Mclaren do inglês e uma Sauber virada de encontro ao muro de proteção. Apesar do susto, Pascal saiu ileso e Button levou uma punição de 3 posições no grid, a qual não será paga tão cedo. A confusão gerou um carro de segurança, e mesmo em velocidade reduzida, Marcus Ericsson conseguiu perder a freada na St. Devote, abandonando de forma melancólica. Durante a relargada, Perez tentou uma ultrapassagem por dentro na batalha com Vandoorne na mesma curva. O mexicano concluiu a manobra enquanto o belga ficou pelo caminho, encerrando a corrida da segunda McLaren.
Com Mônaco nos registros, nossa atenção se volta agora para o sempre eletrizante GP do Canadá. Após seis etapas, os verdadeiros candidatos ao título começam a se revelar e dar suas cartas. Por enquanto são os italianos da Ferrari que ditam o ritmo da temporada, resta saber se a Mercedes saberá lidar com adversidade ao ser exposta a ela pela primeira vez em 4 anos. De qualquer forma, 2017 está longe de ser um campeonato previsível.