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Congelamento dos motores – Como lidar com a disparidade nos próximos anos?

Pelas próximas quatro temporadas os motores que estão instalados nos carros de Fórmula 1 vão permanecer congelados. A aprovação do congelamento ocorreu de forma unânime, depois que os dez times e as fornecedoras discutiram sobre os termos do congelamento.

Na época a Red Bull era o time mais interessado no congelamento, a Honda passou 2021 finalizando o desenvolvimento da unidade de potência para que o time austríaco assumisse o projeto.

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A era de unidades de potência híbridas V6 não foi muito fácil, as fornecedoras passaram por vários desafios, a tecnologia é cara e de difícil desenvolvimento. Desta forma sempre existiu uma diferença significativa entre os motores fornecidos, pois não é um procedimento muito simples realizar a equalização de desempenho delas.

Em um momento até pensaram em algo para equalizar elas, mas foi descartado e rejeitado. Vimos os outros times tentando se aproximar do desempenho que a Mercedes apresentava, mas sempre que alterações são feitas, a parte da confiabilidade precisa ser averiguada.

Mercedes e Red Bull passaram a ser referência para Ferrari e Renault em 2021. No motor que equipava o carro da Red Bull e AlphaTauri, vimos o aumento da confiabilidade, pois no carro dos alemães foi possível notar alguns níveis de degradação de peças, conforme a quilometragem aumentava. Próximo do encerramento da temporada 2021 ocorreram várias trocas estratégias do motor de combustão interna (ICE), para garantir mais potência. Além do jogo dos times de trabalhar com componentes mais novos ao analisar o que era necessário para cada uma das pistas do final do calendário.

A temporada 2021 não representou apenas o nascimento dos carros da nova geração, mas a unidade de potência também passou por desenvolvimento, com os times tentando deixar tudo pronto para os anos de congelamento 2022-25.

Para buscar um caminho mais sustentável, a Fórmula 1 introduziu o combustível E10 – com 10% de etanol. Foi a mudança possível para a temporada atual, já que pretendem realizar mudanças mais significativaspara a temporada de 2026 com a introdução das novas unidades de potência.

O problemas de desempenho de Williams, McLaren e Aston Martin podem estar relacionados ao motor fornecido pela Mercedes – Foto: reprodução

 

Após a primeira etapa do ano ao notar a disparidade dos carros com motores Ferrari, para os da Mercedes e a quebra enfrentada pela Red Bull no Bahrein (além do incêndio na AlphaTauri), acredita-se que o time italiano foi o que melhor se adaptou a introdução do novo combustível. A preocupação se tornou um ponto de discussão, quando Aston Martin, McLaren e Williams ocuparam as últimas posições da tabela, enquanto mesmo com um pódio da Mercedes, o time não foi tão competitivo quanto o esperado.

Outro ponto é: os carros que estão equipados com o motor da Mercedes são mais estreitos, o motor foi remodelado para ter uma performance agressiva, ao mesmo tempo que economiza espaço. Por outro lado, o carro da Ferrari é praticamente uma banheira, com um formato fluído mais avantajado. Quando o GP do Bahrein foi encerrado, tanto McLaren quanto Aston Martin tinham relatado problemas com a refrigeração dos carros.

O problema é que não é tão simples resolver questões relacionadas aos motores em 2022, por conta do congelamento deles. As fornecedoras de unidade de potência tiveram que pensar muito nas mudanças que estavam se propondo a realizar, pois vão estar amarradas ao que desenvolveram por quatro anos. Um problema na parte híbrida pode escalonar a questão gerando novos problemas.

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O regulamento técnico aborda esse período de congelamento, no Artigo 5.1 é possível ver: “Um fabricante pode solicitar à FIA durante o período de homologação para realizar modificações nos elementos homologados da Unidade de Potência com o único propósito de confiabilidade, segurança, economia de custos, instalação do carro e questões de abastecimento.”

Os outros artigos complementam o anterior, informando que será necessário informar ao departamento técnico da FIA quais as falhas estão ocorrendo, com evidências claras, desta forma a FIA notificará os outros fornecedores de motor do grid para que realizem comentários. Se os pedidos forem válidos, a FIA pode ou não autorizar a mudança. Nenhuma mudança relacionada a performance poderá ser realizada neste período.

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Neste momento ninguém quer ficar em desvantagem e até em nome da competição, não seria legal ver os times enfrentando dificuldades por conta dos seus motores. Talvez seja possível abrir para um breve período de desenvolvimento, tentando fazer quem estiver com déficit se aproximar mais uma vez do ‘motor modelo’.

Como ressaltamos desde o começo dessa temporada, é possível que o problema de Mercedes, Aston Martin, Williams e McLaren esteja relacionado ao desenvolvimento aerodinâmico e suas filosofias. Os times ainda estão analisando com os dados que eles conquistaram no Bahrein, conforme a temporada avançar, talvez a FIA precise reavaliar a questão do congelamento dos motores.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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