Nesta quinta-feira (23) a Fórmula 1 estará em pista para a realização dos testes de pré-temporada. A atividade acontece em três dias neste ano (23, 24 e 25) em um período de 9 horas divididas em sessões que ocorrem pela manhã e a tarde.
Geralmente os testes de pré-temporada são um pouco maiores, justamente para que as equipes possam adquirir uma boa quilometragem e fazer a verificação de vários componentes e diferentes peças aerodinâmicas. Outro ponto, é que nos últimos anos a pré-temporada tinha uma diferença de cerca de quinze dias para a primeira etapa da temporada, assim as equipes poderiam absorver todos os dados coletados e já providenciar alterações para os seus carros que seriam utilizadas nas próximas etapas, mas desta vez os testes coletivos vão acontecer com apenas dez dias de diferença para a primeira etapa da temporada.
As escolhas para este ano não agradaram Fernando Alonso que descreveu o pouco tempo de atividade como ‘injusto’. O bicampeão mundial de Fórmula 1 disputará a nova temporada com a Aston Martin e gostaria de um pouco mais de tempo de preparação antes do início do Campeonato.
Também ficou ruim para os estreantes da temporada, Logan Sargeant, Nyck de Vries e Oscar Piastri terão menos tempo de pista e preparação. No ano passado Sargeant realizou alguns treinos com a Williams enquanto buscava a sua superlicença. Algo semelhante aconteceu com De Vries que realizou testes com a Mercedes, Williams e Aston Martin, mas o piloto não guiou carros com motores Honda. Piastri é o mais prejudicado, afinal, a Alpine limitou o seu trabalho em 2022, apenas ao simulador.
Mesmo com os carros de 2023 sendo claramente uma evolução dos projetos de 2022, pilotos e equipes gostariam de um pouco mais de tempo para as suas avaliações. Com uma pré-temporada de três dias, os pilotos reservas e jovens competidores não terão a oportunidade de testar, com exceção de Felipe Drugovich que substituirá Lance Stroll no primeiro dia de testes.
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Os testes durante a temporada foram proibidos em 2009, depois disso, os testes de pré-temporada passaram por alterações no ano seguinte, formando sessões em grupo para a avaliação dos equipamentos e também compartilhar os custos.
Para as avaliações, as equipes só podem utilizar um carro em pista e esse equipamento é compartilhado entre os seus pilotos titulares. A atividade é utilizada principalmente para a verificação dos componentes, além de adquirir quilometragem e atestar a confiabilidade dos seus carros.
É na pré-temporada que as equipes esperam lidar com problemas e até mesmo perder algumas horas com os carros nos boxes. As atribulações na pré-temporada colaboram para a equipe trabalhar em soluções e tentar fugir de questões semelhantes quando o campeonato está acontecendo.
No ano passado, foram nos testes de pré-temporada que os problemas com o porpoising apareceram, além deles Alfa Romeo e Haas lideram com vários problemas de confiabilidade no motor, a McLaren identificou problema nos freios e a Mercedes aproveitou o momento para trocar o projeto do W13 e aparecer com um carro novo na segunda metade dos testes.
Cronograma e avaliações
Como as equipes contam com dois pilotos titulares, eles podem dividir o cronograma dos testes entre eles, priorizando algumas avaliações de acordo com o competidor. Enquanto os pilotos se concentram em sua adaptação no novo modelo, os times precisam verificar o desempenho do carro com diferentes níveis de combustível e a avaliação dos pneus.
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Os testes com os motores também é bem necessário, adquirir quilometragem com o equipamento pode apontar as falhas de algumas peças e o nível de estresse que é necessário até a próxima troca. A equipe também realiza testes com pouco combustível, não apenas para ver o comportamento do carro em uma volta rápida, mas também para ter uma ideia se todas as bombas de combustível são capazes de coletar todo o combustível do tanque durante uma volta de classificação em que o carro é liberado para a pista mais leve.
É claro que os testes de desempenho esse ano ficaram um pouco comprometidos, afinal, com poucos dias de atividade em pista é necessário priorizar algumas áreas. As equipes ainda terão ao longo do ano disponível cerca de três horas de atividade em cada GP para a verificação dos carros em sessões que são concedidas com os treinos livres.
O que o público vê na pré-temporada?
Os carros serão enviados para a pista com grades e tinta espalhada pela carenagem, tudo isso é usado para compreender a atuação do fluxo de ar nos carros e comparar os dados que foram obtidos por meio dos túneis de vento ou obtidos por meio da Dinâmica de Fluidos Computacional (CFD), com os dados coletados na pista.
O aero rakes é uma grelha que pode ser montada e presa em diversas partes do carro. Nela, existem vários tubos presos em várias direções no carro que vão capitar o fluxo de ar naquela região. Esse mapeamento aerodinâmico é importante, pois é com ele que as equipes podem compreender erros que aconteceram durante a modelagem e evitar desperdiçar tempo na produção de peças ou em um conceito ruim que era avaliado na fábrica.
Os times também vão trabalhar com o flow-vis, aquela tinta espeça que os times espalham em várias partes do carro. Ela também serve para identificar a passagem do ar pelas peças que estão sendo avaliadas. Os times tomam o maior cuidado quando os carros estão voltando para os boxes, tentando evitar que outras equipes façam registro e suas peças se tornem alvo de estudo.
Vários sensores são usados nos carros para fazer o monitoramento do carro, muitos que se quer são vistos pela TV, mas também são importantes para fazer verificações de temperatura.
Com uma pré-temporada maior, as equipes escondem um pouco o jogo, não revelam completamente os seus carros logo de cara, mas com uma pré-temporada tão curta, será necessário avaliar o máximo de ‘novidades’.
Ainda que ninguém saiba a posição do adversário em pista, existem fotógrafos espalhados pela pista tirando foto dos carros dos concorrentes. Essas fotos servem de material de estudo para as equipes e até pode dar uma ideia do trabalhar em seu modelo. No ano passado, várias equipes tomavam o maior cuidado quando os seus carros precisavam ser içados pelas gruas, para que ninguém gerasse imagens dos assoalhos – peça extremamente importante nos carros com efeito-solo.
Tempo de volta e quilometragem
Os tempos de volta são o que ‘menos importam’ durante a pré-temporada quando estão tentando realizar comparativos entre as equipes. O motivo é claro, cada equipe está fazendo uma avaliação em pista e elas podem ser iguais ou extremamente diferentes. Mesmo deixando os boxes com o mesmo tipo de pneus, os carros podem estar com diferentes cargas de combustível, peso adicional por conta de sensores ou operando o motor de formas distintas.
É claro que conforme a pista vai ganhando mais emborrachamento e a temperatura sofre alterações ao longo do dia, os tempos podem decair na tabela de tempos. No último dia de atividades, mais para o final da sessão é quando os pilotos costumam arriscar mais voltas rápidas pelo traçado.
A simulação de corrida dá uma base um pouco maior para aqueles que acompanham os testes de pré-temporada por fora. Desta forma não se assuste, é normal terminar o dia com várias voltas completadas no traçado, pois elas vão mostrar a confiabilidade dos carros e mostram que pelo time ter passado mais tempo no traçado, conseguiu avaliar mais elementos de sua lista de verificações.
Pneus
Para a temporada de 2023 a Pirelli introduziu um novo pneu de pista seca, o antigo C1 se tornou o C0 e o novo C1 é um composto intermediário duro usado para diminuir o gap que existia para o pneu C2. As equipes precisam avaliar os pneus e o comportamento dos compostos em seus carros. A fornecedora de pneus já divulgou as três primeiras combinações de pneus que serão usadas nas três primeiras provas do ano.
We're bringing ✨all✨ the compounds to #F1's Bahrain pre-season test 🇧🇭
Here's how to tell the tyres apart when the cars are out on track 🧐 #F1 #Fit4F1 pic.twitter.com/6tcRmFdAEa
— Pirelli Motorsport (@pirellisport) February 22, 2023
Os pneus duros nesta situação de pré-temporada são bons para simulação de corrida, pois o seu desempenho demora para mudar, tendo uma ação mais linear na pista, enquanto os macios consomem mais rápido e tem uma durabilidade menor – porém, são ideias para as voltas rápidas.
Nesta pré-temporada no Bahrein, além dos seis pneus regulares, a Pirelli fornecerá um novo pneu C3 para que a fabricante possa realizar uma comparação interna dos pneus que são fabricados entre as suas duas fábricas. Cada equipe receberá 30 jogos de pneus para pista seca, sendo cinco jogos de cada tipo, além dos dois jogos de pneus C3 (sem marcação). Dois pneus intermediários e dois pneus para chuva extrema também estarão disponíveis.