Ainda muito distante dos triunfos de 2005 e 2006, a Renault passou por uma temporada de reconstrução em 2016. Após colher os cacos da antiga e quebrada Lotus, os franceses tiveram que praticamente remendar o bólido de 2015, encaixar um motor diferente e lidar uma goteira muito problemática deixada pelos antigos donos chamada Jolyon Palmer.
2015 foi um ano extremamente problemático para a Lotus, deixando dívidas com a Pirelli, ficando sem Motorhome no Japão e sofrendo até para conseguir almoço em algumas ocasiões. Vale lembrar que as performances na pista também deixavam a desejar com uma certa frequência, especialmente do lado venezuelano dos boxes. A profusão de asas dianteiras quebradas certamente não era bem-vinda em meio a séria crise financeira da equipe. No entanto, o pódio emocionante de Romain Grosjean na Bélgica serviu como um alento para o time.
Perto do final da temporada, a Renault anunciou a compra da equipe, encerrando mais um ciclo da Lotus na categoria. Contudo, o alívio financeiro esbarrou na base deixada para o desenvolvimento do monoposto de 2016, que não só era desprezível, como também era projetada para um motor Mercedes. O resultado foi um monoposto remendado e improvisado, construído para pelo menos sobreviver a 2016 com um pouco de dignidade.
Como pilotos, Grosjean fugiu para a Haas e Maldonado sem PDVSA é só o Maldonado. Sem uma dupla titular, Kevin Magnussen ganhou uma rara segunda chance na categoria e um velho conhecido da Lotus, que era um mero piloto de testes, resolveu cobrar a promessa de um assento titular que havia recebido. Assim, Jolyon Palmer assumiu o 2º assento da Renault, ao lado do dinamarquês.
A temporada começou melancólica como já era esperado, Palmer sequer largou no Bahrein e ambos os pilotos voltaram a pé para os boxes em Mônaco, contando com um acidente solitário do britânico na reta principal após a saída do Safety Car. Magnussen ainda operaria um pequeno milagre para terminar em 7º na Rússia, mas essa seria a única pontuação da equipe até o GP de Cingapura.
Enquanto rumores começavam a circular no Paddock sobre a dificuldade de trabalhar com Kevin Magnussen, Palmer construía sua má reputação dentro da pista. Acidentes patéticos e pilotagens muito abaixo da média estavam longe da performance apresentada pelo britânico na temporada do seu título na GP2. A medida em que o tempo passava, a perspectiva de melhora do novato diminuía cada vez mais, e as abalroadas gratuitas em Kvyat e Sainz no Brasil e em Abu Dhabi, respectivamente, serviram para afirmar que esse talvez seja o estilo natural do piloto.
Apesar dos modestos 8 pontos nos construtores em 2016 e da renovação inexplicável com Jolyon Palmer, 2017 traz consigo uma dose de expectativa para os franceses. Um monoposto sem remendos, muito dinheiro no bolso e a contratação de Nico Hulkenberg serão peças vitais na reconstrução da equipe, que não deve figurar no fim do pelotão em um futuro próximo.