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Com aposta certeira, Verstappen se recupera e vence o GP de São Paulo, com dupla da Alpine no pódio

Lidando com a chuva em parte do fim de semana, quem arriscou um pouco mais, pode participar do pódio em Interlagos

O GP de São Paulo foi disputado neste último fim de semana e contou com vitória de Max Verstappen, mesmo com o holandês começando a corrida da 16ª posição. A chuva não deu trégua ao longo das 69 voltas disputadas.

O fim de semana iniciou com tempo firme, possibilitando a coleta de dados no início da sexta-feira, bem como a realização da classificação Sprint. Mesmo sendo um circuito muito conhecido pelas equipes, a prova de 2024 contou com algumas novidades no circuito José Carlos Pace. O circuito foi todo recapeado e pela reforma ter acontecido perto da chegada da Fórmula 1, a pista não pode ser usada por campeonatos nacionais para contribuir com o processo de maturação do asfalto. Apenas uma limpeza completa com jatos de água foram realizados para aumentar a aderência.

Aproveitando o recapeamento completo, a Pirelli trocou a gama de pneus, fornecendo os compostos macios no evento ao invés da gama intermediária. No entanto, o pneu C5 (macio desta etapa) foi pouco utilizado, já que a chuva apareceu na tarde de sábado e não trégua, depois disso, apenas os pneus de chuva foram usados.

A prova Sprint, disputada no sábado de manhã, fez com que as equipes apostassem no uso dos pneus médios. A degradação dos pneus médios não foi tão acentuada, apesar do asfalto estar mais escuro e reter calor, a superfície do circuito estava mais lisa, reduzindo o nível de abrasividade do traçado.

Pneus usados ao longo da prova Sprint – Foto: reprodução Pirelli

No entanto, os pilotos tiveram que lidar com alguns bumps, que tornaram a vida das equipes e pilotos mais difíceis, para obter a configuração ideal. No começo foi mais complicado lidar com a aderência, mas ela foi melhorando conforme a passagem dos carros pelo circuito.

Em termos estratégicos, os times pensaram bem parecido, conservando os pneus duros para o restante do fim de semana, dando atenção aos pneus médios e macios no início das atividades, mas foram surpreendidos pela chuva.

Norris venceu a Sprint, depois de Oscar Piastri ter liderado parte da prova, mas pensando no campeonato, ocorreu a inversão entre os competidores. Charles Leclerc ficou com o terceiro lugar, mesmo após ser ultrapassado por Max Verstappen, já que o holandês recebeu uma punição de cinco segundos, por não respeitar o Virtual Safety Car, caindo então para a quarta posição.

A Sprint aconteceu em pista seca, desta forma os pneus médios foram requisitados para a corrida. Apenas Pierre Gasly e Liam Lawson usaram um conjunto de C4 novo para disputar as 24 voltas da prova de 100 km. A temperatura da pista pela manhã, não atingiu a mesma medição vista no treino livre da sexta-feira.

Os pilotos conseguiram trabalhar com os seus pneus, sem ver uma queda significativa de desempenho. Ocorreu também uma queda na granulação dos pneus dianteiros, quando comparado com os dados obtidos do primeiro dia de atividade. Porém, a traseira permaneceu estável.

A classificação prevista para acontecer na tarde de sábado, para definir o grid de largada da corrida principal, precisou ser adiada para o domingo, por conta da chuva que atingiu o autódromo. Como a água tinha empossado em várias partes do circuito, especialmente no miolo, era impossível dar continuidade a sessão.

Lewis Hamilton acabou criticando os pneus de chuva para Stefano Domenicali, presidente e CEO da Fórmula 1. Como os compostos não são tão desenvolvidos quanto os pneus de pista seca, em momentos que a categoria precisa lidar com a pista molhada, eles devem muita performance. O heptacampeão mundial levantou o questionamento sobre a categoria precisar de pneus melhores de chuva, para situações como a de sábado não se repitam no futuro.

O GP de São Paulo

Com os dados obtidos na sexta-feira, a Pirelli acreditava que a opção mais segura para concluir a corrida sem problemas, era trabalhar com a estratégia de duas paradas, combinando os pneus médios e duros; assim como foi em 2023, quando esses mesmos compostos eram representados pelos pneus médios e macios na gama intermediária.

Mas com a chuva, era difícil fazer uma previsão e até mesmo saber se seria possível usar os pneus slick ao longo da prova.

A corrida foi antecipada, para que a direção de prova tivesse mais tempo para trabalhar com a prova, em caso de uma chuva mais pesada no fim da tarde. Quando a largada foi armada, o asfalto estava molhado, exigindo que os pilotos iniciassem a corrida com os pneus intermediários, voltando ao uso deles, assim como foi na classificação.

A corrida que deveria ter 71 voltas, precisou se encurtada por conta da batida de Lance Stroll na volta de apresentação, além de Lando Norris e George Russell cometerem um erro relacionado a volta de formação.

Todas as 69 voltas foram marcadas pela chuva, que ia e voltava conforme a sessão foi avançado. Um período de bandeira vermelha, assim como de Safety Car se fez necessário por conta de uma chuva mais intensa que reduziu a visibilidade dos pilotos por conta do spray gerado pelos carros.

O pneu intermediário foi o que sustentou a corrida em sua maior parte. Apenas Sergio Pérez, Liam Lawson, Yuki Tsunoda e Nico Hülkenberg se arriscaram a usar os pneus de chuva extrema por um curto período da corrida. Esses pilotos e sua equipes, tentaram algo diferente, quando a chuva começou a ficar mais intensa, acreditando que ao realizar a troca antes dos adversários, conseguiriam ganhar espaço na pista, mas uma bandeira vermelha mudou todo o ritmo da corrida.

Vários pilotos, como foi o caso de Charles Leclerc, George Russell e Lando Norris, pararam antes da bandeira vermelha, para instalar um novo jogo de pneus intermediários, mas quando a corrida foi paralisada, Esteban Ocon, Max Verstappen e Pierre Gasly que ainda estavam em pista, foram beneficiados com a troca de pneus nos boxes. Apesar da parada obrigatória não se fazer necessária com a chuva, era bem complicado terminar a corrida com os pneus intermediários da largada, por conta do desgaste do trilho um pouco mais seco que os pilotos enfrentaram em alguns momentos da prova.

Com a nova relargada em volta lançada, Verstappen atacou Ocon para obter a liderança e disparou na frente. A corrida ficou um pouco mais travada depois da bandeira vermelha, já que os pilotos precisavam conservar os pneus, pois a indicação era que nenhuma outra parada aconteceria se a pista não chegasse ao ponto de ser ideal para os pneus slick.

Estratégias de pneus trabalhadas ao longo do GP de São Paulo – Foto: reprodução Pirelli

O DRS não pode ser ativado ao longo das 69 voltas, dificultando alguns duelos. Max Verstappen resolveu as suas ultrapassagens no início da corrida, aproveitando a proximidade com os competidores, além de ser munido por uma boa estratégia, que impossibilitou que ele fosse aos boxes no momento que a chuva ficou mais pesada, já que o time aguardava a possibilidade de uma reviravolta. O holandês, que tinha reclamado muito das estratégias usadas nas últimas corridas, ficou feliz com a equipe arriscando neste evento.

Ninguém teve um ritmo comparável ao de Verstappen ao longo de toda a prova. Ainda vale mencionar que o holandês foi prejudicado por uma das cinco interrupções que a classificação teve, por conta de acidentes na pista; como Verstappen não conseguiu fechar uma boa volta rápida no Q2, ainda precisou combinar o resultado com uma punição que gerou a perda de cinco posições no grid de largada, pela troca do motor de combustão interna. Sergio Pérez não conseguiu se recuperar como o seu companheiro de equipe, fazendo uma corrida extremamente difícil e ainda rodou em um momento da prova.

Ocorreram 33 trocas de pneus ao longo da corrida, incluindo aquelas em regime de bandeira vermelha, enquanto 51 conjuntos de pneus foram usados ao longo da corrida, cinco deles de chuva extrema. Dos pilotos que terminaram a corrida, apenas quatro usaram dois conjuntos de pneus intermediários, ou seja, Valtteri Bottas e os três pilotos que terminaram no pódio.

Comportamento dos pneus no GP de São Paulo – Foto: reprodução Pirelli

As equipes que arriscaram, como Red Bull e a Alpine, conseguiram um resultado excelente, já que em condições como as desse último fim de semana, possibilitam realmente a entrada do Safety Car ou a corrida encaminhada para bandeira vermelha.

Desta vez não foi possível identificar como os carros se comportariam com uma estratégia em pista seca, mas ao longo do próximo ano o asfalto passará pelo processo de maturação e podemos ter outras corridas agitadas em Interlagos.

Oliver Bearman


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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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