Os carros de 2017 proporcionaram uma verdadeira batalha estratégica nas ruas do principado.
Kimi garantiu a pole mas foi Vettel que venceu a corrida, aumentando sua diferença na liderança do campeonato para 25 pontos em relação a Hamilton. A corrida de recuperação do inglês foi gerada por uma classificação decepcionante no sábado, fazendo com que o tricampeão largasse em 13º.
Mesmo com altas temperaturas, a superfície sem aderência e os pneus duráveis da Pirelli limitaram as escolhas estratégicas, ainda sim, tivemos diversos pontos estratégicos decisivos durante a prova.
| Como Raikkonen perdeu a corrida
O finlandês largou na melhor posição do grid após uma volta inacreditável no Quali, entretanto, Kimi não estava tão feliz após a corrida. A classificação é extremamente crucial nas ruas de Monte Carlo, e com uma largada sólida do campeão mundial, a batalha pela vitória continuou nos pit-stops.
Alguns sugeriram que a Ferrari favoreceu diretamente Sebastian Vettel ao lhe dar a estratégia mais forte, com o intuito de maximizar a posição de pista. Logicamente isso foi negado pela equipe, mas o momento da parada de Kimi Raikkonen realmente não fez muito sentido, o que também pode ter sido mais um erro estratégico típico da escuderia.
Raikkonen parou logo após Verstappen e Bottas, que estavam marcando tempos sólidos mas não espetaculares com os super-macios. Mesmo sabendo que o tráfego poderia interferir na disputa, a equipe ainda chamou o finlandês para os boxes. A parada não foi das mais rápidas, possivelmente causando a perda da janela preterida pela escuderia, e consequentemente, da posição de pista.
Desse ponto em diante seu ritmo de prova era comparável mas não tão consistente quanto o de Vettel, mas quando Kimi percebeu que havia retornado atrás do alemão, desistiu da briga. Definitivamente uma oportunidade perdida e uma justificativa mais do que plausível para a decepção de Raikkonen no pódio.
| E como Vettel venceu a prova
Se manter perto de seu companheiro de equipe colocou Vettel em uma ótima posição, uma vez que o Overcut estava funcionando muito melhor do que o esperado. Os ultra macios encontraram uma degradação baixíssima em Monte Carlo, além de uma vantagem de 0.7s, sendo considerado o melhor pneus para se usar. O alemão permaneceu na pista por mais 5 voltas após Kimi, parando na volta 39.
O tetracampeão imprimiu um ritmo absurdo nessas voltas, contando com a pista livre, ao contrário de Raikkonen, que ficou preso atrás de carros mais lentos. Após uma ótima parada, Vettel conseguiu saltar seu companheiro de equipe, abrindo caminho para sua terceira vitória no ano.
| Ricciardo estica o primeiro stint
O australiano utilizou uma estratégia muito parecida com a de Sebastian Vettel, usando o Overcut e parando muitas voltas após seus concorrentes diretos, Verstappen e Bottas. Os ultra macios mantiveram uma ótima performance por muito tempo, permitindo que Ricciardo marcasse algumas voltas mais rápidas, parando na volta 38 e saltando seus rivais, para a fúria de Max Verstappen.
| Mad Max vs Finlandês voador
Para piorar ainda mais a situação do holandês, assim como Ricciardo, Bottas também o saltou na janela de pit-stops. Isso aconteceu graças a ótimas voltas de entrada e saída dos pits para Valtteri Bottas. O undercut funcionou muito bem para o finlandês e custou caro para Max. Se tivesse escolhido uma estratégia parecida com a de Ricciardo, o resultado poderia ter sido muito diferente, todavia, Verstappen ainda pararia mais uma vez após a entrada do Safety Car.
| Hamilton fica na pista
Como foi mencionado anteriormente, a estratégia ideal era permanecer na pista o máximo possível com os resistentes porém rápidos ultra macios. Foi exatamente isso que Lewis Hamilton fez, usando o ritmo forte da Mercedes W08 e o composto mais macio para escalar o pelotão enquanto outros pilotos faziam suas trocas.
Quando o inglês resolveu parar na volta 46, perdeu apenas uma posição, caindo para 7º. A estratégia funcionou perfeitamente para ajudar o inglês a subir no grid. Lewis ainda contou com alguns incidentes e outros pilotos perdendo tempo em batalhas, maximizando a limitação de danos com um super overcut.
| Vandoorne faz o mesmo
Stoffel Vandoorne parecia estar a caminho de seus primeiros pontos de 2017 com uma ótima 10ª posição, após ficar com os ultra macios do primeiro stint durante o máximo de voltas possível e parando na volta 43. O belga parecia ter cravado sua escolha estratégica mas a batida na relargada acabou com qualquer chance de pontuação.
| Paradas não programadas
Alguns pilotos poderiam ter garantido resultados muito melhores, não fosse uma viagem não programada aos boxes. Sergio Perez calçou os super macios muito cedo graças a uma asa dianteira danificada, caindo para 16º em meio a carros mais lentos. Um ponto ainda era possível, mas uma tentativa improvável de ultrapassagem em Daniil Kvyat na Rascasse exigiu que o mexicano passasse pelos pits mais uma vez.
A sequência de corridas no Top 10 de seu companheiro de equipe também chegou ao fim devido a um furo de pneu, acabando com a corrida de Esteban Ocon ao ser forçado a parar mais uma vez. Kevin Magnussen também sofreu um furo, perdendo a chance de superar seu companheiro, Romain Grosjean.
| Desgaste muito baixo
A pista praticamente sem aderência de Mônaco é realmente única, proporcionando condições completamente diferentes. A Pirelli enviou os três compostos mais macios para o principado, mas até mesmo os ultra macios não sofreram com desgaste, levando os italianos a admitirem que o composto poderia durar até a bandeirada.
Pascal foi o piloto que mais rodou com os ultra macios, completando 56 voltas com o composto até ser jogado na barreira de proteção por Jenson Button. Perez foi o piloto que mais usou os super macios, fechando 47 voltas, enquanto os pneus macios mal foram usados no final de semana e sequer viram a cor da pista durante a corrida. Isso indica que a escolha de uma parada era a única possível.
| Stints mais longos
- Ultra macios: Wehrlein (56 voltas)
- Super macios: (47 voltas)
Fonte:
- Agradecimentos a Pirelli Motorsport pelos infográficos detalhados