Após o encerramento do GP da Austrália, Fernando Alonso foi investigado pela atitude que levou ao acidente de George Russell, o espanhol acabou punido, no entanto, se mantêm dentro do Top-10 mesmo com a punição.
O piloto espanhol freou um pouco antes do ponto ideal entre as curvas 6 e 7 do circuito do Albert Park, induzindo o britânico ao erro, o que provocou a perda de controle e a batida de Russell.
Algumas imagens foram resgatadas após o final da prova, que indicavam que Alonso tinha freado muito antes do esperado. Para muitos aquilo que o espanhol tinha realizado ‘brake test’, uma das atitudes que é passível de desclassificação, por ser uma manobra antidesportiva. No entanto, Alonso foi investigado por uma “manobra incomum”.
Fernando Alonso passou por uma investigação logo que a prova foi encerrada. George Russell optou por não acusar Alonso de nada nas entrevistas, esperando para ver como os comissários avaliariam a situação.
A FIA publicou um documento extenso relatando a situação. Os comissários ouviram Russell ao final da prova e Alonso, além dos representantes da equipe e revisaram os sistemas de posicionamento / orientação, além de vídeo, telemetria, rádio da equipe referentes aos dois pilotos.
A batida de Russell aconteceu na saída da curva 6, na volta 57. O carro do piloto ficou bem danificado, além do britânico ficar virado de lado, dado as proporções do estrago.
Durante as últimas voltas da corrida, Alonso era perseguido por Russell e fez o possível para evitar a ultrapassagem do britânico na tentativa de manter o sexto lugar para a Aston Martin.
No documento os comissários falam: “O carro 63 (George Russell) seguira o carro 14 (Fernando Alonso) aproximadamente 0s5 segundos atrás quando os carros se aproximavam da curva 6. Alonso explicou aos comissários que pretendia abordar a curva 6 de forma diferente, chegando mais cedo e com menos velocidade na curva, para conseguir uma saída melhor.”
“Russell explicou aos comissários que, do seu ponto de vista, a manobra de Alonso foi errática, pegando-o de surpresa e fez com que ele se aproximasse de forma incomumente rápida e, com menor downforce resultante do apex da curva, ele perdeu o controle na saída da curva. Não houve contato entre os carros”.
Na telemetria avaliada do carro do espanhol, identificaram que naquela volta específica, Alonso reduziu a velocidade 100m antes do que tinha realizado ao longo de todas as voltas da prova, “freando levemente em um ponto que normalmente não freava”. Porém, na sequência, os comissários afirmam que “embora a quantidade de redução fosse tão pequena que não foi o principal motivo da desaceleração de seu carro”, Alonso também reduziu a marcha em um ponto que não havia realizado em outra volta da prova. Na sequência o espanhol mudou a marcha novamente, acelerando até a próxima curva, antes de reduzir a velocidade novamente.
Alonso explicou que embora fosse o plano desacelerar mais cedo, ele cometeu um erro, o que levou ao piloto a tomar medidas extras para recuperar a velocidade.
Os comissários disseram que “a manobra criou uma velocidade de aproximação considerável e incomum entre os carros”. Para aplicar a punição para Alonso, os comissários se atentaram ao texto do regulamento que afirma: “Em nenhum momento um carro pode ser conduzido desnecessariamente devagar, de forma irregular ou de uma forma que possa ser considerada potencialmente perigosa para outros competidores ou qualquer outra pessoa”, referente ao Artigo 33.4).
Nesta ocasião os comissários não consideraram as consequências do acidente. Além disso, os comissários consideram que não contavam com informações suficientes para determinar se a manobra realizada por Alonso tinha o objetivo de causar problemas para Russell, ou se como ele afirmou, estava apenas tentando obter uma saída melhor da curva.
Desta forma a punição de drive through é aplicada, mas sem a possibilidade de cumpri-la em prova ela foi convertida para 20 segundos, aplicada com base na direção de maneira “potencialmente perigosa”, dada a alta velocidade que é observada naquele trecho do traçado.
A penalidade foi acrescentada ao tempo final da prova, Alonso caiu da sexta posição para o oitavo lugar. Lance Stroll, companheiro de equipe de Alonso foi promovido para o sexto lugar, enquanto Yuki Tsunoda acaba ganhando mais alguns pontos, por ocupar o sétimo lugar no que se torna o resultado da prova.
Alonso sabia que existiam chances de Russell conseguir a ultrapassagem, por conta do uso do DRS, já que o britânico se manteve nesta aproximação por cinco ou seis voltas. E buscou uma forma de se defender dos ataques.
Após a punição, Alonso comentou em suas redes sociais: “Um pouco surpreso com uma penalidade no final da corrida sobre como devemos abordar as curvas ou como devemos dirigir os carros de corrida. Em nenhum momento queremos fazer algo errado nessas velocidades. Acredito que sem cascalho naquela curva, em qualquer outra curva do mundo nunca seriamos sequer investigados. Na F1, com mais de 20 anos de experiência, com duelos épicos como Imola 2005/2006/ Brasil 2023, mudar as linhas de corrida, sacrificar a velocidade de entrada para ter boas saídas de curvas faz parte da arte do automobilismo. Nunca conduzimos a 100% em todas as voltas de corrida e em todas as curvas, poupamos combustível, pneus, freios, por isso ser responsável por não fazer todas as voltas iguais é um pouco surpreendente. Temos que aceitar isso e pensar no Japão, para ter mais ritmo e brigar por posições mais adiantadas. Obrigado, equipe!”
Double points for the team and a better race pace than the rest of the weekend allowed us to cross the finish line in 6th and 7th place. A bit surprised by a penalty at the end of the race regarding how we should approach the corners or how we should drive the race cars. At no… pic.twitter.com/WBdr7MPGFr
— Fernando Alonso (@alo_oficial) March 24, 2024
