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E o dia do moonwalk de Mansell

24 de Setembro, e o dia do moonwalk de Mansell. Dia 126 dos 365 dias dos mais importantes da história do automobilismo

O campeonato de 1989 era da McLaren. Prost e Senna dominavam o grid, e eram os líderes do campeonato com folgas, com Prost confortavelmente 20 pontos à frente do brasileiro, graças à vitória em Monza combinada com o abandono de Ayrton. Graças às herméticas e praticamente inexplicáveis regras de descarte, porém, Senna ainda tinha chances, embora precisasse vencer as quatro provas restantes.

O Grande Prêmio de Portugal era, então, fundamental para as aspirações verde-amarelas. Marcada para 24 de setembro no autódromo de Estoril, a 13ª das 16 etapas do campeonato seria fundamental no encadeamento posterior que culminou com o infame GP do Japão daquele ano, o primeiro round entre os companheiros de McLaren.

Uma grande quantidade de cabeças de gasolina estava presente no final de semana para testemunhar a ascensão da Ferrari, que já vinha dando sinais de estar melhorando no final do campeonato. Na classificação Senna tirou uma daquelas voltas voadoras que guardava debaixo da balaclava, mas foi seguido de perto por Berger e Mansell com as rossas da Scuderia. Não foi tão ruim assim, pois isso jogou Prost para o final da segunda fila.

Largada. Berger toma a liderança. Fonte: Pinterest

Na largada, Berger pulou à frente da McLaren e começou a abrir vantagem. O brasileiro não conseguia se concentrar para seguir a Ferrari, pois o Leão estava em seus calcanhares, tentando tudo que era possível para ultrapassá-lo. Na oitava volta conseguiu, e saiu em perseguição a seu companheiro de equipe, que começava a enfrentar o tráfego dos retardatários. Senna, livre da pressão, os seguia, e Prost professoralmente segurava sua quarta posição.

No final da reta principal, mesmo lugar onde conseguiu superar Senna, Mansell deu o pulo do gato e passou Berger, na volta 23. Ayrton vinha logo atrás, fungando no cangote do austríaco. E então começaram as janelas de pits, com Prost sendo o primeiro a parar, na volta 28.

O líderes ficaram um pouco mais na pista: Berger parou na 35 e Senna no giro seguinte, mas a Ferrari foi “ligeiramente” melhor do que a McLaren, e demorou “só” 7 segundos a menos para devolver seu piloto à pista. A distância entre os dois aumentou, enquanto Mansell flanava de nariz para o vento.

Mansell reverso. Fonte: FocusF1

Tranquilo, inabalável e preciso, o inglês ligou o pisca e entrou na garagem para sua parada na volta 39. O box da McLaren era o primeiro, o da Ferrari o segundo e Mansell foi parar no terceiro. Nigel não calculou bem a velocidade, e nem adiantou travar os pneus, pois só foi parar um bom tanto depois de passar pelos seus boxes. Os mecânicos italianos até começaram a correr em direção ao carro para fazer um pit stop delivery, mas Mansell não quis nem saber. Engatou a ré e voltou até onde deveria ter ficado. O trabalho demorou, mas devolveram o carro à pista.

Enquanto isso, uma efeméride acontecia na corrida: parando depois dos líderes, Pierluigi Martini fazia a volta de número 40 sem ninguém à sua frente. Foi a primeira e única vez que uma Minardi liderou um Grande Prêmio.

Claro que os melhores carros não tiveram dificuldade em tirar a tartaruga de cima do poste, e voltávamos a ter Berger, Senna, Mansell e Prost nas quatro primeiras posições.

Acontece que engatar o reverso nos boxes era uma infração às regras punida com exclusão da corrida, e ao passar pela linha de chegada na volta 47 das 71 previstas, Mansell viu os comissários abanando uma bandeira preta para ele. A atitude correta seria se encaminhar para a garagem, descer do carro, tomar um esporro e pensar na próxima corria, mas Nigel tinha vermelho nos olhos e não só na lataria. Ele estava rápido, embutido na McLaren de Senna e não iria deixar ninguém dizer a ele o que fazer. Na volta seguinte, ignorou com sucesso novamente os comissários e, na 49, no final da reta (após ser bandeirado pela terceira vez), esqueceu de pisar no freio e colocou o carro pelo lado de dentro ao lado do de Ayrton na curva à direita. Senna, que não era exatamente conhecido por ser um lorde ao defender a posição, nem tentou mudar seu traçado ou recolher o carro. Resultado esperado, os dois se encontraram no meio da curva, com Senna meio carro à frente da Ferrari, e abandonaram a prova – Ayrton teve sua suspensão destroçada.

Berger não tinha nada a ver com isso e venceu a corrida. Prost, em seu habitat natural de esperar as catástrofes acontecerem à sua frente para herdar as posições foi o segundo, e um surpreendente Stefan Johansson levou a Onyx-Ford ao único pódio da existência da equipe.

Gachot e Johansson. Dia histórico para a Onyx. Fonte: Contos da F1

Mansell foi punido e não pode correr a prova seguinte, na Espanha, porém foi Senna o maior prejudicado, pois Prost abriu mais 4 pontos. Apenas três vitórias dariam o título a Ayrton, e o que aconteceu é história para outros dias.

lll FORA DAS PISTAS

Regojizai, amantes da McLaren, pois hoje completam-se 69 anos da fundação da Honda Motor Company. Também faziam aniversário em 24 de setembro Jim Henson, o criador dos Muppets e Linda McCartney, a mais bela mulher de Beatle da história.

E, fazendo história, em 1991 o Nirvana mudava o cenário do rock ao lançar Nevermind, seu segundo álbum de estúdio e peça fundamental em qualquer coleção que se preze desde então. Fiquem com o petardo Grunge, até a próxima.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.
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