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ESPECIAL FERRARI: Os carros de Maranello que jamais venceram

A Ferrari está comemorando 70 anos em 2017. A marca italiana é sinônimo de status, glamour e claro vitórias. E é justamente no quesito vitórias que resolvemos homenagear a equipe mais vencedora da Fórmula 1, falando um pouco sobre alguns modelos da Casa de Maranello que nunca venceram um Grande Prêmio sequer:

312 B3 (1973) Fonte: @Tumblr

| 312 B3 (1973) – 1973 foi um ano terrível para a Ferrari, pela primeira vez a equipe fechou a temporada sem subir uma vez sequer ao podium. Jacky Ickx e Arturo Merzario sofreram com a 312 B3, projetada por Mauro Forghieri. Apesar dos fracos resultados muitos conceitos utilizados neste modelo serviram como base para a série 312 T, que levaria a Ferrari ao topo nos anos seguintes.

Os melhores resultados foram o 4º lugar de Ickx na Argentina e de Merzario no Brasil e África do Sul, nos construtores foi a 6º colocada com 12 pontos. Os parcos resultados fizeram os italianos mudarem tudo, trazendo para 1974 um novo e jovem diretor esportivo, Luca di Montezemolo e a dupla de pilotos da BRM, repatriando Clay Regazzoni e apostando em um austríaco jovem e promissor: Niki Lauda.

312 T5 – 1980Fonte: @Tumblr

| 312 T5 (1980) – Sem dúvida a pior temporada da Scuderia em toda sua história na Fórmula 1. Após o título de 1979 os italianos pararam no tempo e foram atropelados pela concorrência na temporada seguinte. A 312 T5 marcou o fim da vitoriosa série 312 T iniciada em 1974. Foram apenas 8 pontos no ano, amargando a 10º colocação entre os construtores. Os melhores resultados foram os 5º lugares de Jody Scheckter em Long Beach e Gilles Villeneuve em Mônaco e no Canadá, curiosamente pistas travadas. O ponto mais baixo da temporada aconteceu em Montreal, com o grid limitado a 24 carros o campeão de 1979 Jody Scheckter já totalmente desmotivado terminou o quali na 26º posição, não classificando o carro para a largada. O sul-africano se aposentou no final do ano, sendo substituído pela promessa francesa Didier Pironi.

F186 – 1986 Fonte: @Tumblr

| F186 (1986) – Credenciada pelo vice-campeonato com Michele Alboreto e o bom campeonato do segundo piloto Stefan Johansson em 1985, esperava-se que a Ferrari viesse forte para 1986. Ocorre que o time já havia perdido o fôlego já na segunda metade de 85, alijando Alboreto da disputa pelo título contra a McLaren de Prost. O F186 era um dos bólidos mais belos do grid, mas ficou devendo nos resultados, não sendo páreo para Williams, McLaren, Lotus e até mesmo a Benetton. Os melhores resultados vieram em provas com muitas quebras, podiuns na Bélgica, Áustria, Itália e Austrália com Johansson e o segundo lugar de Alboreto na Áustria. Ficou em 4º lugar entre os construtores com 37 pontos. Os fracos resultados fizeram com que a Casa de Maranello contratasse a peso de ouro o projetista da McLaren, John Barnard havia desenhado o magnifico MP 4/2 que vencera os campeonatos de 84, 85 e 86. Dispensou o sueco Johansson e trouxe o jovem austríaco Gerhard Berger para ser companheiro de Alboreto.

642 643 – 1991 Fonte: @Tumblr

| 642/643 (1991) – Após voltar a disputar o título em 1990, algo que não acontecia desde 1985, a Ferrari pintava como a favorita para 1991, o chassis 642 era a princípio a evolução do carro que quase havia dado o título a Prost no ano anterior, o outro piloto do time seria a revelação de 1990, o também francês Jean Alesi. A receita parecia perfeita para encerrar o jejum de 11 anos sem títulos. Mas a Williams despontou com o fabuloso FW14 e só não levou o título daquele ano pois Senna iniciou o certame de forma avassaladora. Já nas primeiras etapas ficou claro que o carro não conseguiria lutar por vitórias, com Prost passando um belo vexame em Imola ao rodar na volta de apresentação com pista molhada, não conseguindo sequer largar. A Scuderia se perdeu em seus problemas internos tendo estreado a versão 643 no GP da França, enchendo os tifosi de esperança, com Prost marcando a pole e disputando a vitória com a Williams de Mansell, mas os carros vermelhos não mais conseguiram acompanhar McLaren e muito menos a Williams. O ponto alto da crise ocorreu após o GP do Japão, onde Alain Prost foi demitido após críticas abertas ao carro vermelho comparado por ele a um caminhão, mesmo tendo ele conquistado os melhores resultados do time no ano com segundos lugares nos Estados Unidos, França e Espanha. Nem o terceiro lugar entre os construtores com 55,5 pontos livrou os italianos de entrarem em uma bela crise.

F92A – 1992 Fonte: @Tumblr

| F92A (1992) – Após anos penando na March/Leyton House, finalmente o italiano Ivan Capelli teria oportunidade em um time de ponta. Ocorre que o simpático italiano chegou ao lugar certo na hora mais errada possível. O modelo F92A era um verdadeiro fiasco e a equipe um caldeirão fervente no quesito política interna, some-se a isso a cornetagem da impiedosa imprensa italiana, resultado: mais uma temporada longe das vitórias, quarto lugar entre os construtores com apenas 21 pontos.

Jean Alesi conseguiu o milagre de levar o carro ao podium com terceiros lugares na Espanha e no Canadá. O pobre Capelli conquistou míseros 3 pontos, quinto no Brasil e sexto na Hungria tendo ficado em uma modorrenta 13º posição no campeonato atrás de Hakkinen (Lotus), De Cesaris (Tyrrell), Alboreto (Footwork), Comas (Ligier) e Wendlinger (March). Foi trocado por Nicola Larini após o GP de Portugal. A equipe chegou a lançar uma versão com câmbio transversal a partir do GP da Bélgica, mas não adiantou nada. A declaração mais polêmica ficou por conta da declaração do presidente ferrarista Luca di Montezemolo, ao afirmar que a equipe não deixaria a Fórmula 1 apesar dos fracos resultados e que o motor era o órgão sexual de uma Ferrari.

F93A – 1993 Fonte: @Tumblr

| F93A (1993) – Para 1993 a Scuderia repatriou Gerhard Berger, reviveu a faixa branca no carro, semelhante aos saudosos anos 70, mas a aquisição mais importante da Casa de Maranello estrearia no GP da França. A partir desta prova a equipe mais tradicional da Fórmula 1 passaria a ser comandada pelo francês Jean Todt, que tinha a missão de reorganizar a estrutura do time para voltar a vencer no futuro. Antes da chegada do novo comandante a equipe estava em quinto lugar entre os construtores com 9 pontos, para se ter uma noção do fiasco dos italianos até ali, a Minardi e a Lotus tinham 7 pontos cada e a estreante Sauber 6.

Aos poucos Todt foi colocando ordem na bagunça e os resultados começaram a aparecer com o podium de Berger na Hungria e o fantástico segundo lugar de Alesi em Monza, para delírio do tifosi. Fechou o ano em quarto lugar com 28 pontos. Reza a lenda que foi neste ano que Jean Todt fechou o compromisso com Ayrton Senna para que o brasileiro fosse piloto de Maranello a partir de 1996. Infelizmente o destino nos roubou o prazer de ver Senna na Ferrari, mas os tifosi mal sabiam que, apesar dos fortes acidentes de Berger no Brasil e em Portugal e no quali em Monza, começava ali em 1993 uma reação que culminaria na fase mais vencedora da Scuderia.

F14T – 2014 Fonte: @Tumblr

| F14 T (2014) – O início da era dos motores híbridos marcou o fim do casamento entre Ferrari e Fernando Alonso. Com a chegada de Kimi Raikkonen esperava-se uma Ferrari fortíssima em 2014, só que estava se iniciando naquele ano a era Mercedes, apenas o maior domínio de uma equipe na Fórmula 1 moderna. Com a ascensão da Williams, os carros de Maranello caíram para o quarto posto entre os construtores. O clima entre Alonso e o time foi azedando a medida que os resultados não apareciam, com o espanhol fazendo visitas frequentes aos motorhomes rivais, irritando a cúpula ferrarista. Mesmo com o asturiano quase vencendo na Hungria a equipe o fez provar de seu próprio veneno, contratando Sebastian Vettel para o ano seguinte. Ok, Vettel vai para a Ferrari e Alonso vai para a Red Bull, foi o que muitos imaginaram; aí entrou em ação a síndrome de Carlos Reutemann de Fernando, os austríacos anunciaram Daniil Kvyat para o lugar de Vettel, e o espanhol teve que se contentar com uma vaga na decadente McLaren. Raikkonen esteve irreconhecível, terminado apenas em 12º no campeonato marcando apenas 55 pontos, tendo como melhor resultado o 4º lugar na Bélgica. Alonso foi o sexto com 161 pontos ajudando o time a fechar entre os construtores na quarta colocação com 216 pontos, 104 a menos que a terceira colocada, a Williams. Como quase sempre acontece na Ferrari, após uma temporada ruim, nova troca de comando, com Maurizio Arrivabene chegando para o lugar de Marco Mattiacci.

SF16 H – 2016 Fonte: @Tumblr

| SF16 H (2016) – Após um excelente 2015 com três vitórias, esperava-se que se algum time poderia enfrentar a Mercedes, este seria a Ferrari. Até na pintura do carro os italianos resolveram inovar, recriando a faixa branca na carenagem, tal qual nos anos 70 e 1993. Mas o fato do projetista James Alisson ter deixado o time após a morte de sua esposa fez o desempenho da Ferrari decair muito. Vettel teve a vitória nas mãos na Austrália e no Canadá, mas foi derrubado pela estratégia errada da equipe. Como os resultados minguaram a política entrou em cena, com o presidente Sergio Marchione indo a fábrica pessoalmente cobrar resultados do time. Vettel se tornou um reclamante contumaz no rádio, e curiosamente no meio de toda esta confusão, Kimi Raikkonen voltou a ter boas performances chegando a estar à frente do alemão no campeonato. O time fechou o ano em 3º lugar com 398 pontos, mas para quem sonhava em desafiar a Mercedes, o ano acabou sendo decepcionante.

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Cristiano Seixas

Wikipédia da Fórmula 1, um dos maiores intelectuais do automobilismo, Cristiano Seixas é um dos mais antigos apoiadores dos produtores de conteúdo e deixa aqui no BP uma pequena porção do seu conhecimento para as futuras gerações!

2 Comentários

  1. Ver fotos da ferrari de 1986 me dá calafrios, pela falta do santantônio. Albotero e Johanson tiveram sorte em não capotar o ano inteiro!

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