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É uma questão de sorte, competência ou um pouco de tudo?

Na Fórmula 1, algumas pessoas falam que a sorte é direcionada aos pilotos competentes. Não tem como discordar dessa frase depois do que aconteceu com Jolyon Palmer neste final de semana, logo após a Renault anunciar oficialmente que Suzuka seria a última corrida do britânico.

No caso dele pode ter sido sorte ou melhor uma fase ruim, tudo bem que ela durou duas temporadas, mas ninguém é campeão de GP2 sendo tão ruim assim, ao meu ver ele apenas não se adaptou a categoria e foi punido como a F1 geralmente faz quando não acontece a entrega de resultados ou quando o piloto acaba cometendo algumas sequências de erros.

A sorte pode ter falado mais alto para Sainz, que foi promovido antes mesmo da temporada acabar e no GP dos Estados Unidos já vai estar de casa nova. Não falo que as equipes precisam passar a mão na cabeça dos seus pilotos, até porque elas são empresas e ninguém quer ficar com um funcionário ruim, que vai causar mais despesas do que resultados, mas eu acho triste a forma como os erros acabam se elevando e o passado é apagado da memória da grande maioria.

Alguns pilotos se destacam pelo jeito arrojado de pilotar, como Max Verstappen, mas muitas vezes os seus erros são esquecidos depois de uma sequência de acertos. Como depois de 7 corridas sem terminar durante o ano, o holandês conseguiu uma vitória Malásia e uma semana depois, iniciou uma caçada na reta final da corrida atrás de Lewis Hamilton, que por pouco não lhe rendeu mais uma vitória. Mas bastou um segundo lugar, para que logo em sequência, Max voltar para a boca de muitas pessoas, sendo o piloto mais bem cotado para um lugar na Mercedes e um dos melhores pilotos do grid. Pena que ele também não tem um histórico de consistência, fica aí mais um passado apagado.

Stroll é mais um desses pilotos com passado esquecido. No começo da temporada muito se falava sobre o canadense estar na competição apenas porque o pai podia bancar o acento, mas depois do seu terceiro lugar no Grande Prêmio do Azerbaijão o discurso mudou da água para o vinho, talvez o grande problema seja o carro da Williams que é ruim mesmo, mas Stroll tem o seu talento.

Viu como as coisas mudam conforme os dias vão passando? Vamos para mais alguns exemplos…

Na temporada passada Vettel era conhecido como o piloto mais chorão do grid, já que todos os áudios dele sobre ”blue flag pra não sem quem” e ”fulano está muito devagar” sempre estavam no ar. Mas neste ano e principalmente depois das férias da Fórmula 1 é injusto chamar o alemão de chorão. Nunca vi Sebastian Vettel tão sereno como venho acompanhando nas ultimas transmissões. Todos os problemas que assolaram a Ferrari nesta reta final não estão em evidencia nem no semblante do piloto e nem em suas atitudes em pista, muito pelo contrário o piloto está se mostrando otimista, mesmo nesta fase ruim. O time ainda acredita nele e no seu crescimento e se não for esse ano, no próximo eles podem tentar mais uma vez.

Lewis Hamilton é aquele piloto que arrasta uma legião de fãs por onde passa, mas deve ter quantidade semelhante de haters pelo mundo. Não tem como contestar o talento do inglês, mesmo quem não gosta dele, acaba reconhecendo isso e se não gosta é porque não torce para a equipe do piloto, mas muitos ainda têm vontade de ver o piloto defendendo a escuderia do coração.

Sorte + Competência. Ele acabou vencendo corridas neste ano que eram literalmente da Ferrari, ultrapassou Sebastian Vettel que era o líder do campeonato e disparou na frente do alemão sem nem olhar para trás. Lewis é feito de motivação e oportunidades ou seja – ” Eu quero? Ótimo vou correr atrás! Opa deixam uns pontos aqui para trás, epa, vou somar eles aqui.” Quando Hamilton tem vontade, não tem para ninguém, parece que ele acaba atraindo as coisas boas e nada pode atingir ele.

Eu me lembro que em meados de abril eu redigi um texto falando sobre a Red Bull tentar colocar os seus pilotos na briga pelo campeonato, ainda nesta temporada. Os avanços previstos demoraram para aparecer e desta vez eles acabaram vindo muito tarde. A equipe só apresentou um grande avanço depois das férias da Fórmula 1, mas o grande problema foram os inúmeros abandonos que Max Verstappen acabou apresentando.

Era para a equipe austríaca também estar no meio dessa disputa de título, mas a grande verdade é que agora ela só pode atrapalhar o líder do campeonato e evitar que Sebastian Vettel fique com o segundo lugar na tabela, já que a mesma vem tirando pontos decisivos da disputa.

Bottas acabou se beneficiando das quebras de Sebastian Vettel, mais que Lewis, já que apenas 13 pontos separam o alemão do finlandês e Ricciardo ainda está um pouco distante dessa briga, mas tudo vai depender dos acontecimentos das últimas 4 corridas.

O campeonato de Lewis tem me lembrado o de Alonso de 2005. Um Kimi Raikkonen bom, com o carro da McLaren veloz, mas nada confiável, mas no caso de Alonso, depois de vencer o campeonato antecipadamente ele e Raikkonen conseguiram voltar a correr por correr, sem o peso nas costas.

A conclusão é: A Fórmula 1 é um misto de sorte e azar, competência, entrega de resultados, adaptação e forca de vontade.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.
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