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O piloto que construía carros

23 de Julho de 1935 e o piloto que construía carros - Dia 63 de 365 dias dos mais importantes da história do automobilismo

James Ellis Hall era o homem certo no lugar certo, na hora certa. Um engenheiro inovador, testou-se nas corridas como piloto no início dos anos 60 – justamente na época em que a maior mudança em termos de design e aerodinâmica estava começando. O fato de estar conectado com o mundo das competições automobilísticas lhe deu a oportunidade de colocar em prática as inovações que tinha pensado para tornar os carros mais rápidos. Hall não se importou com paradigmas e ganhou inclusive do gênio Colin Chapman no número de soluções aerodinâmicas apresentadas, muitas das quais ainda são parâmetros para as equipes de hoje em dia.

Jim Hall. Fonte: www.hemmings.com

Jim nasceu em Abilene, no Texas, em 23 de julho de 1935 e até hoje, aos 81 anos, está envolvido com óleo, gasolina e esporte a motor. Vindo de uma família abastada, Hall teve a tranquilidade para correr onde queria e montar seus próprios carros. Competiu na Fórmula 1 com um carro comprado da Lotus em 12 provas entre 1960 e 1963, classificando-se em 11 delas e marcando 3 pontos ao chegar em 6º na Inglaterra e 5º na Alemanha em 1963 – neste ano também participou das 24 horas de Le Mans numa Ferrari 330LMB ao lado de Dan Gurney, porém abandonou por problemas na transmissão do veículo.

Em 1962, junto com seu amigo Hap Sharp criou uma equipe em Midland, Texas, e a batizou de Chaparral (Sharp + Hall, hein?hein?). Chaparral também é o nome em espanhol para um tipo de cuco conhecido nos Estados Unidos como roadrunner, e eternizado em desenho como Papa-Léguas.

Seu primeiro carro tinha um motor frontal V8 da Chevrolet, mas foi na segunda tentativa que começaram a aparecer. O Chaparral 2 tinha motor traseiro e foi o primeiro carro construído em fibra de vidro sobre um chassis de alumínio (este Hall conseguiu com um vendedor da Alcoa, chamado Roger Penske). O carro estreou na pole position em Riverside, em outubro de 1963, e liderou por várias voltas antes de abandonar por problemas mecânicos. Estava bom, mas Hall queria melhor, e depois de fazer uma “plástica no nariz” do carro para melhorar a aerodinâmica, incluiu uma transmissão automática experimental da Chevrolet que deu tão certo que nunca mais foi abandonada.

Modelo campeão das 12h de Sebring em 1965. Fonte: Pinterest

Em 1964 e 1965 o Chaparral 2 foi o carro a ser batido em corridas nos Estados Unidos, vencendo inclusive Ferraris e Fords debaixo de chuva em Sebring 64 (os pilotos? Jim Hall e Hap Sharp, os donos da equipe). No final do ano o Chaparral 2 ainda apareceu com outra novidade, uma asa traseira móvel – e vocês acham que tudo isso foi invenção do Bernie, não é? Em 1965, guiando um modelo 2A junto com seu sócio, venceu as 12 Horas de Sebring.

Jim Hall e Phil Hill, 1000km de Spa, 1967. Fonte: primotipo.com

Hap Sharp queria experimentar a endurance, então Hall colocou um teto em um dos carros e criou o Chaparral 2D. Eles competiram em sete corridas entre 1966 e 1967, porém só conseguiram terminar uma, os 1.000 quilômetros de Nurburgring em 1966.

Neste mesmo ano, uma nova competição surgiu na América do Norte e Hall tinha o Chaparral 2E, um projeto que era quase alienígena de tão inovador, pronto para competir na Can-Am, . Os radiadores apareceram ao lado do piloto, no centro do carro; isso além de equilibrar o problema da temperatura movia o centro de gravidade mais para o meio do carro, o que aumentou muito a estabilidade do modelo. Quatro anos depois, de olho no Chaparral, Chapman fez a mesma coisa com a lendária Lotus 72. Mas quando você olhava para o 2E tudo que conseguia ver era a asa traseira alta, que era controlada de dentro do cockpit pelo piloto, aumentando ainda mais o downforce.

O esquisitão 2E, com Hall ao volante. Fonte: prbrt.smugmug.com

Mesmo com o carro colado no chão, acidentes aconteciam, e pilotando um modelo 2G em Las Vegas em 1968 Hall bateu em outro competidor e acabou quebrando ambas as pernas, encerrando aí sua carreira como piloto. Não que isso tenha sido um problema pois durante sua história os Chaparral foram conduzidos por nomes como Phil Hill, John Surtees e Jackie Stewart.

Como chefe de equipe, Hall trabalhou com Carl Haas na F-5000 e juntos ganharam sete títulos de pilotos na Can-Am. Em 1978, com um Lola Cosworth dirigido por Al Unser, Hall estreou na Champ Car series, ganhando as três corridas de 500 milhas, incluindo a de Indianápolis. No ano seguinte trouxe para a competição mais uma criação dele, o Chaparral 2K, com uma novidade que foi batizada de efeito solo. Com este carro Johnny Rutherford levou a Indy 500 e o campeonato de 1980.

Jim Hall continuou envolvido com a CART até sua aposentadoria, em 1996. Seu filho Jim Hall Junior mora na Califórnia e comanda uma escola de kart nomeada em homenagem ao pai. Hall foi incluído no International Motorsports Hall of Fame em 1997.

Fonte: metaphorsinmotion.com

FORA DAS PISTAS

23 de julho é um dia de perdas. Há exatos 6 anos deixamos de ouvir a maravilhosa voz de Amy Winehouse, e eu só consigo imaginar do que mais ela seria capaz se não tivesse se juntado ao fúnebre clube dos 27; e há três anos nos deixava o mestre Ariano Suassuna, um paraibano que construiu um nordeste só dele nos seus contos.

Mas para não nos despedirmos em nota de tristeza, vale lembrar também que em 23 de julho de 1965 nasceu em Londres um dos maiores gênios da guitarra, considerado o melhor de todos pela Time em 2009, ranqueado em 65º de 100 de todos os tempos pela Rolling Stone: Saul Hudson.

Oi? Saul quem? Não conhece? Ele usa um nome artístico: Slash. Os dedos responsáveis pela abertura de Sweet Child o’Mine e pelo solo de November Rain já foram de um típico junkie Rockstar, porém devido à uma miocardiopatia que o obrigou a andar com um desfibrilador instalado em seu peito em 2001 parou com as drogas, a bebida e o cigarro. Em 2016, Slash fez as pazes com Axel Rose e retornou à banda que o deixou famoso. Sorte nossa.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.
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