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Barrichello Escapa com a Vitória em Corrida Invadida

Dia 60 de 365 dias dos mais importantes da história do Automobilismo

Após uma surpreendente dobradinha da Williams em Magny-Cours, a Fórmula 1 se encaminhava agora para o lendário circuito de Silverstone com os campeonatos de pilotos e construtores completamente abertos. 11 pontos separavam o líder Michael Schumacher e seu irmão Ralf, na terceira posição. Entre as equipes, a Ferrari liderava com 103 pontos e era agora seguida de perto pela própria Williams, com 100. No entanto, o dia 20 de Julho de 2003 entraria para a história por motivos que vão além de brigas por posições.

O sábado serviu para misturar completamente o pelotão, uma vez que 5 equipes diferentes ocupavam as 6 primeiras posições. Todavia, nenhum dos irmãos Schumacher marcava presença na primeira fila. Rubens Barrichello havia colocado sua Ferrari na pole, seguido pela Renault do sempre perigoso em Qualifyings, Jarno Trulli. Kimi Raikkonen largava em terceiro e dividia a segunda fila com a Williams de Ralf Schumacher. Michael largava apenas em quinto, seguido pela Toyota de Cristiano da Matta, que surpreendeu não pelo resultado como também por ter sido forçado a usar o carro reserva na sessão de classificação.

Fonte: F1-Fansite

Já na largada, Rubens fez jus à síndrome Webber-Barrichello e caiu da ponta para a terceira posição, sendo saltado por Trulli e Raikkonen. Michael também largou bem, mas logo começou a ser pressionado por Alonso e Montoya. O italiano começava a se estabelecer na liderança em busca de sua primeira vitória na carreira enquanto Rubens marcava uma volta mais rápida atrás da outra tentando recuperar o tempo perdido no começo do GP. Entretanto, com apenas 4 voltas de corrida, o primeiro elemento externo entrou em ação. O protetor de cabeça de David Coulthard se soltou e se despedaçou na curva 1, provocando a entrada do carro de segurança. O escocês e Cristiano da Matta foram para os boxes enquanto o grid se juntava novamente. A ordem se manteve na relargada, mas Barrichello finalmente superou Kimi na volta 10, recuperando uma das posições perdidas. Entretanto, tudo mudou na volta seguinte.

Logo no começo da 11ª volta, o padre irlandês Neil Horan, o mesmo que no ano seguinte acabaria com as chance de medalha de ouro de Vanderlei Cordeiro de Lima nas Olimpíadas de Atenas, invadiu a pista carregando placas com dizeres religiosos e começou a correr no sentido contrário pela reta do hangar, enquanto o pelotão passava em alta velocidade e tentava evitá-lo. Alguns segundos depois, Neil foi enfim dominado por Stephen Green, um dos comissários de pista na ocasião, que posteriormente receberia uma medalha de bravura da Associação Britânica de Automobilismo pelo ocorrido, o segundo a ser presenteado com tal honraria. A invasão do padre obviamente provocou a entrada do carro de segurança, e consequentemente, os líderes foram imediatamente para os boxes. Como resultado, Cristiano da Matta liderava a dobradinha da Toyota na ponta, que era seguida por David Coulthard, sendo esses os três pilotos que já tinham passado pelos boxes. O trio era seguindo por Trulli, Raikkonen, Ralf, Firman (Jordan) e Barrichello, todos com uma passagem pelo pit-lane, e portanto, realmente brigando por posição.

Fonte: EuroSport

Com tantos carros fora de posição, a relargada foi completamente caótica. Ainda nas primeiras duas voltas, Kimi superou Trulli, Coulthard e Panis, subindo para 2ª posição, Barrichello despachou a Jordan de Firman e Schumacher começava a fatiar o pelotão intermediário. Na 16ª, Barrichello e Ralf batalharam roda com roda durante boa parte da volta na briga pela 6ª posição. Melhor para o brasileiro, que tinha agora a Renault de Jarno Trulli na sua frente. Com pouco menos de metade da prova realizada, o Trulli Train começava a se desfazer uma vez que Rubens e Montoya finalmente encontravam uma maneira de superar o italiano, que caía para 7º. Cristiano da Matta ainda se segurava na liderança e Michael Schumacher seguia preso na parte de trás do grid, brigando pela 12ª posição.

Fonte: F1 Fanatic

A Toyota começou a acordar de seu sonho na volta 30, quando Cristiano da Matta fez sua segunda parada. Na volta seguinte, Olivier Panis, que havia caído de 3º para 6º, também entrou para sua troca e reabastecimento. Isso permitiu que Raikkonen e Barrichello finalmente ficassem de cara para o vento, podendo despejar toda a potência de seus monopostos sem ter que se preocupar com batalhas ou defesas. Na 35, o líder Kimi Raikkonen fez sua segunda parada, deixando Barrichello com a missão de cortar 6 segundos para buscar a liderança através do overcut. O brasileiro simplesmente voou durante cinco voltas, marcando os tempos mais rápidos da prova em praticamente todas as oportunidades, entretanto, o esforço não foi suficiente e Rubens ainda voltou para a pista em segundo após sua parada na volta 39, não obstante, agora muito mais próximo do finlandês.

Fonte: Polpe Position

A liderança de Kimi durou apenas mais duas voltas. Barrichello rapidamente se aproximou da McLaren e não permitiu qualquer chance de defesa, superando Raikkonen e buscando sumir na liderança da prova, finalmente recuperando o tempo perdido na largada. Já da Matta ainda segurava o último degrau do pódio com unhas e dentes, mas Montoya ficava cada vez maior em seus retrovisores. Entretanto, com 15 voltas para o final, o sonho da equipe japonesa realmente acabou quando o brasileiro entrou para sua terceira parada na prova, caindo para a 7ª posição.

Com 10 voltas para o fim, tudo começou a se encaixar para Michael Schumacher. Kimi perdeu mais uma posição, caindo para 3º, enquanto o alemão finalmente escalou o grid com propriedade e conseguiu alcançar a 4ª colocação, reduzindo o dano que poderia ter sido causado pela queda no pelotão na primeira metade da corrida. Na ponta, Barrichello liderou confortavelmente no último trecho, vencendo pela primeira vez desde o GP dos Estados Unidos de 2002. Coulthard conseguiu uma brilhante 5ª posição e da Matta se segurou em 7º, garantindo pontos importantes para a Toyota.

Fonte: The Judge 13

A sequência de resultados diminuiu a liderança de Schumacher no campeonato de pilotos, mantendo agora uma diferença de 7 pontos em relação a Raikkonen, que era agora seguido por Montoya. Nos construtores, a Ferrrari abriu uma diferença de 10 pontos contra a Williams, mas ainda sim, tudo estava em aberto com apenas 5 corridas restantes no ano.

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