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A última vitória de Emerson Fittipaldi

Dia 59 dos 365 dias dos mais importantes da história do automobilismo

.In Memorian Rui de Souza Passos, 1955-2017.

O 30º Grande Prêmio da Grã-Bretanha, ocorrido em 19 de julho de 1975, foi uma corrida maluca.

Sério, foi BEM esquisita. Se o leitor ainda tem dúvidas de como foi essa corrida, vou fazer um resumo:

– A classificação final foi considerada 11 voltas a menos do que era previsto;

– Dos 26 carros que começaram a prova, só 6 estavam funcionando quando a corrida acabou;

– Estes 6 carros se classificaram em 1º, 6º, 8º, 10º, 12º e 13º;

– Quatro dos cinco primeiros colocados já tinham abandonado na última volta;

– O campeão estava nos boxes quando a corrida terminou.

E então, posso dizer que essa corrida foi louca ou não?

O evento em Silverstone começou normal, ou quase. Algumas surpresas e novidades já indicavam que aquele não seria um dia comum. A começar pela multidão recorde de espectadores, com 77 mil pessoas presentes no autódromo para verem a Shadow de Tom Pryce largar em primeiro lugar (foi a única pole do galês). Seriam mais, porém um engarrafamento quilométrico impediu muitos cabeças de gasolina de chegar às arquibancadas. Uma chicane tinha sida construído na Woodcote, a fim de aumentar a segurança, o que causou uma chuva de protestos pela descaracterização do circuito – fosse hoje, a patrulha da corrida chata xingaria muito no Twitter.

Ao lado de Pryce largava Carlos Pace com a Brabham, depois vinham as Ferrari de Niki Lauda e Clay Regazzoni (vejam Rush de novo!!!). Emerson largava na quarta fila, em sétimo, ao lado do argentino Carlos Reutemann.

O RAC (Royal Automobile Club, responsável pela organização da prova) chegou com novidades: pela primeira vez na Fórmula 1 a largada obedeceria um sistema de luzes ao invés da tradicional bandeirada. Assim que a luz verde apareceu, Carlos Pace assumiu a liderança. Reutemann, que era vice-líder do campeonato 22 pontos atrás de Lauda, abandonou por falha no motor ainda na quarta volta.

Uma corrida movimentada, com vários líderes, se seguiu. Estiveram na ponta Clay Regazzoni (dono da volta mais rápida da prova), Tom Pryce, Jody Scheckter, Jean-Pierre Jarier, James Hunt e Emerson Fittipaldi, que assumiu a primeira posição na volta 43. Dez voltas depois, o céu desabou.

Uma tempestade de proporções épicas transformou a pista em lago e um a um os pilotos foram encontrando as cercas ao redor do traçado. Foram três abandonos na volta 53, dois na 54 e quatro na 55. A Direção da prova decidiu que não havia mais condições de continuar, e a bandeira vermelha foi acionada. O RAC achou justo considerar a classificação da 54ª volta – a anterior à maioria dos abandonos – como a oficial da prova. Isso causou bastante confusão, principalmente pela reclamação da Ferrari, que estava com os dois pilotos fora da pontuação naquele momento, apesar de ter Lauda em 3º e Regazzoni em 6º quando a corrida foi encerrada. A decisão final veio três dias depois, e foi mantida a classificação dos pilotos conforme a volta 54.

Com isso, os pilotos que pontuaram de 2º a 5º lugar foram, na ordem, Pace, Scheckter, Hunt e Mark Donohue, todos tendo abandonado a corrida na volta 55. Em sexto lugar, com um pontinho, a March do italiano Vittorio Brambilla.

Só que quem se deu bem mesmo foi Emerson. Ele abriu a volta 54 em primeiro lugar e foi para os boxes para trocar os pneus. Com isso, escapou da foice que limou geral e acabou colhendo sua 14ª e última vitória da carreira, ultrapassando Reutemann e se tornando o vice-líder do campeonato.

FORA DAS PISTAS

O dia 19 de julho marca o aniversário do ator mais na moda atualmente, Benedict Cumberbatch. O cara é bom – não bastasse a voz grave e o sotaque inglês, ainda fez um dos melhores Sherlocks das telas e participou tanto do universo Marvel quanto da Terra Média de Tolkien nos cinemas. Mas não é sobre ele que vamos falar.

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O véio d’aveia. Fonte: mediamass

O nosso personagem nasceu nesta data em 1947 e também é inglês, porém já tem o título de Sir. Uma espécie de Tony Stark da vida real, o cara é cantor, foi considerado um dos melhores guitarristas de todos os tempos, construiu sua própria guitarra, a Red Special e ainda compôs algumas das mais belas canções de todos os tempos. Além disso, é um ativista pelos direitos animais e um cientista renomado, PhD em astrofísica pelo Imperial College of London e colaborador da NASA na missão New Horizons para o estudo de Plutão, além de ter sobrevivido a uma banda de rock de sucesso nos anos 70 e 80. Estamos falando de Brian May, guitarrista do Queen e mente por trás de We Will Rock You, Flash, Who Wants to Live Forever e The Show Must Go On. Hoje, além de continuar na ativa tanto na música quanto na ciência, May tem emprego garantido como dublê do velho da aveia Quaker. Fiquem com aquela que, na minha opinião, é uma das melhores músicas do Queen, também composta por Sir Brian May.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.
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