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A Redenção de Robert Kubica no GP do Canadá de 2008

08 de Junho de 2008: A Redenção de Robert Kubica no GP do Canadá - Dia 18 de 365 dias dos mais importantes da história do Automobilismo

Voltamos ao ano antológico de 2008, temporada que nos presenteou com outra prova eletrizante em Montreal, mas para entender todo o contexto dessa corrida inesquecível, precisamos olhar um pouco mais para trás, especificamente para o GP do Canadá de 2007.

As McLarens dominavam a corrida, segurando uma pequena liderança em relação as Ferraris e a BMW de Nick Heideld. Seu companheiro, Robert Kubica, brigava no meio do pelotão para tentar se recuperar de um sábado frustrante. Na volta 22, o carro de segurança foi forçado a entrar na pista, retornando para os pits 4 voltas depois. Durante a relargada, a briga entre o polonês e Jarno Trulli continuou, mas terminaria de forma trágica poucas curvas depois. Na entrada para o hairpin, Kubica não conseguiu evitar o contato com a traseira da Toyota, perdendo o controle do carro e batendo em alta velocidade em uma parte desprotegida do muro interno. Seu bólido desgovernado ainda atravessaria a pista e finalmente pararia na área de escape, completamente destruído, com exceção da célula de sobrevivência, que continuava intacta. Três das quatro rodas voaram pela pista, a parte dianteira do monoposto estava completamente destruída, o carro parado de lado e até os pés de Kubica aparentes devido aos danos na superfície do carro. Mesmo com um impacto assustador, Robert saiu do acidente apenas com uma torção de tornozelo e uma concussão, voltando a correr duas etapas depois e praticamente nascendo de novo graças aos avanços tecnológicos na segurança da categoria.

Fonte: insidelinemedia.co.uk

Após o grande susto, a FIA solicitou que mudanças fossem feitas no circuito para prevenir que algo pior viesse a acontecer. Novos muros foram instalados no hairpin e algumas partes da pista foram recapeadas, contudo, o novo asfalto também viraria um problema no sábado, ao começar a se desfazer durante a classificação. Medidas de emergência foram tomadas de madrugada e a corrida seguiu com verdadeiros remendos nas curvas 2, 7 e 10. No quali, 5 equipes diferentes ocuparam as 5 primeiras posições, com Hamilton marcando mais uma pole, seguido por Kubica, que fazia seu retorno ao Canadá, Raikkonen, Alonso, Rosberg e Massa.

Fonte: formula1.files.wordpress.com

A ordem se manteve praticamente a mesma no domingo até Adrian Sutil abandonar na volta 16, provocando o primeiro momento decisivo da prova. A Force India em chamas do alemão eventualmente gerou a entrada do carro de segurança, duas voltas depois, o pit-lane foi aberto e os líderes mergulharam para fazer sua troca. Kimi e Kubica saltaram Hamilton e se direcionaram lado a lado para a saída dos boxes, que ainda estava fechada devido a passagem do resto do pelotão pela reta principal, detalhe que não foi notado pelo inglês. Em um verdadeiro acidente de trânsito, Lewis encheu a traseira da Ferrari parada do finlandês, tirando os dois concorrentes a vitória e ao título da prova através de um erro infantil. A corrida agora caía no colo de Kubica, Heidfeld e Felipe Massa. Todavia, o brasileiro também estaria fora de combate na volta seguinte, uma vez que a bomba de combustível enfrentou problemas durante sua parada com o carro de segurança na pista, obrigando Massa a parar novamente, dessa vez só para reabastecer.

Com 20 voltas de corrida, dois sérios candidatos a vitória estavam fora da prova, Heidfeld liderava, Kubica comandava o pelotão dos que já haviam feito o primeiro pit-stop e a estratégia de todos os pilotos tinha ido para o espaço. O GP chegou a um estado tão profundo de caos que na volta 22 o líder era Rubens Barrichello com sua Honda jabiraca. Nick parou e voltou para a pista imediatamente à frente de seu companheiro de equipe, mas Kubica logo ultrapassou o alemão e continuou sua estratégia alternativa. Rubens enfim foi para os pits na volta 35, entregando a liderança para Coulthard, que entregaria para Trulli, que finalmente entregaria para Timo Glock, o último a fazer sua primeira parada na corrida. Com apenas 28 voltas para o fim da prova, Robert Kubica assumiu a ponta, tentando recuperar os segundos preciosos perdidos atrás da Toyota. O polonês liderava, sendo seguido por Heidfeld, Alonso, Coulthard, Barrichello, Kovalainen e Massa.

Fonte: F1-fansite.com

Com apenas 25 voltas restantes, Alonso abandonou após sofrer um problema de câmbio. A partir desse ponto, a corrida virou um batalha entre as BMWs, Kubica marcava voltas de classificação com o pé embaixo e lambendo os muros enquanto Heidfeld tentava responder os avanços de seu companheiro de equipe para ainda ter chances de brigar pela vitória. Três voltas depois, o polonês parou e voltou com muita folga em relação ao alemão, agora a corrida estava em suas mãos, sua primeira vitória na Fórmula 1 se aproximava cada vez, no mesmo circuito em que quase perdeu a vida um ano antes. Um pouco mais atrás, Kovalainen mantinha a 5ª colocação em um sanduíche brasileiro, seguindo Barrichello, que se sustentava de maneira heróica na 4ª posição e vendo a Ferrai feroz de Felipe Massa crescendo cada vez mais nos seus retrovisores. O finlandês finalmente tentou se livrar da Honda de Barrichello no hairpin. Mesmo com o asfalto duvidoso, pista escorregadia e colocando a roda na grama, Felipe Massa mergulhou por dentro e ultrapassou os dois, completando uma manobra belíssima. A Ferrari chamaria o brasileiro para os boxes logo depois, mas mesmo assim a dupla ultrapassagem entraria para o livro de proezas do piloto da Ferrari.

Com menos de 10 voltas para o fim, o foco se voltava para o Top 3, que pela primeira vez desde o GP da Malásia de 2006 não tinha nem Ferraris, nem McLarens. David Coulthard sustentava a 3ª posição alcançada graças a uma estratégia perfeita, se encaminhando para o 3º pódio da história da Red Bull. Entretanto, as BMWs roubavam a cena sem dúvida nenhuma, se encaminhando não só para a primeira vitória da equipe, como também para sua primeira dobradinha.

Fonte: topspeed.gazzetta.it

Ainda mais importante do que os resultados incríveis da equipe era a história emocionante de redenção de Robert Kubica. Um ano após encarar a morte de frente, o polonês conquistou sua primeira vitória da carreira no mesmíssimo circuito em que sofreu o terrível acidente. Kubica não foi desafiado após assumir a liderança, tornando-se o primeiro piloto polonês a vencer um GP e até hoje o único a vencer pilotando uma BMW. De quebra, Kubica saiu de Montreal como líder do campeonato, 6 pontos à frente de Massa e Hamilton, emocionando de vez o mundo da velocidade.

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