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O início de uma Era: a Era Cosworth

Série 365: 04 de Junho de 1967, 50 anos do início de uma Era, a Era Cosworth - 01ª Temporada: dia 14 de 365 dias.

Zandvoort, Holanda, 4 de junho de 1967. Ha 50 anos era disputado o GP de n.º.: 153 da F1, o terceiro daquela temporada. Um GP como outro qualquer? Tudo levava a crer que sim, mas começava ali uma era de domínio de um dos mais clássicos e charmosos motores da história da Fórmula 1.

Em 1965 a F1 anunciava uma mudança no regulamento de motores para o ano seguinte, dobrando o limite de cilindradas de 1500 para 3000. A Coventry Climax que fornecia motores para a maior parte dos times britânicos decide abandonar a F1. Colin Chapman comandante da Lotus, visionário como sempre, sabia que precisaria de um novo motor para poder continuar a ser competitivo, ou teria que se contentar em correr com os velhos Climax de 2500cc fora de uso desde 1961 e por isso mesmo ultrapassados. Procurou então a britânica Cosworth dos engenheiros Mike Costin e Keith Duckworth, que já haviam trabalhado na Lotus, para negociar o desenvolvimento de um motor nos moldes das novas regras.

A partir de um bloco de motor Ford V8 a Cosworth desenvolveu o mítico Ford Cosworth DFV (Double For Valve). A matriz americana da Ford a princípio não teria topado o negócio achando muito arriscado o investimento de 100 mil libras, logo Chapman precisou da ajuda do assessor de relações públicas da Ford britânica Walter Hayes e Harley Copp engenheiro da marca para convencer a matriz em Detroit a encarar o desafio da F1, afinal a Ford já havia conquistado o título da Nascar em 1965 e vencera as 24h de Le Mans em 1966, restando a categoria máxima a ser dominada.

Com certeza foi um dos melhores investimentos feitos pela montadora de Detroit em sua história. Os motores Ford Cosworth DFV V8 era leves, potentes e resistentes e logo passaram a dominar a impor seu domínio na categoria. Para se ter uma dimensão de tal domínio, entre 1968 e 1983 (16 campeonatos) o motor DFV equipava o carro do campeão em 12 oportunidades, apenas a Ferrari consegui derrota-los por 3 vezes e a BMW 1 vez já no início da era turbo.

Voltemos ao GP da Holanda de 1967, que marcou a primeira a estreia do motor Ford Cosworth DFV e também do chassi Lotus 49 na F1, Graham Hill marcou a pole position sendo o único a virar na casa de 1min e 24seg, fazendo crescer a confiança da equipe Lotus em um bom resultado, Jim Clark com a outra Lotus ficou apenas na 8º posição do grid. Nas 10 primeiras voltas Hill liderou seguido por Jack Brabham, Clark que partiu em 8º já estava em 4º. Volta 11, Graham Hill abandona com problemas de câmbio, Brabham assume a ponta seguido por Rindt e Clark. Começava a entrar em cena a genialidade do escocês voador. Volta 14, Clark supera Rindt, apenas Jack Brabham o separa da liderança. Na volta seguinte Clark ultrapassa Brabham e dispara na ponta. A classificação mostrava Clark, Brabham, Rindt, Hulme e Amon. Daí até a bandeirada apenas Rindt teve problemas e Jim Clark conseguiu uma magistral vitória com folgados 23seg sobre Jack Brabham, o podium foi completado por Denny Hulme.

O início do casamento entre Lotus e Ford Cosworth não poderia ter sido melhor, afinal conquistaram a pole com Graham Hill, marcaram a melhor volta e conquistaram a vitória com Jim Clark, era a primeira vez que um motor estreava com vitória na F1. Deste histórico 4 de junho de 1967 até 1983, os motores DFV marcaram uma era de ouro na F1, passando a equipar quase todos os carros do grid. Mas a chegada do propulsor turbo no final dos anos 70 rapidamente tornou o velho DFV obsoleto, fazendo com as principais equipes se tornassem parceiras de montadoras dispostas a investir em um motor turbo, Williams com a Honda, McLaren com a TAG Porsche, Brabham com a BMW e a Lotus com a Renault abandonaram o clássico DFV, que graças a seu baixo custo passou a equipar os carros dos times pequenos.

| Os números do motor Ford Cosworth DFV são impressionantes:

154 – vitorias;

131 – poles;

137 – voltas mais rápidas;

446 – podiuns;

10 – títulos de construtores;

| 12 títulos de pilotos:

1968 – Graham Hill;

1969 – Jackie Stewart;

1970 – Jochen Rindt;

1971 – Jackie Stewart;

1972 – Emerson Fittipaldi;

1973 – Jackie Stewart;

1974 – Emerson Fittipaldi;

1976 – James Hunt;

1978 – Mario Andretti;

1980 – Alan Jones;

1981 – Nelson Piquet;

1982 – Keke Rosberg;

O motor mais clássico da F1 venceu pela última vez em Mônaco pelas mãos de Keke Rosberg e sua Williams, e curiosamente a evolução do DFV batizada de DFY estreou com o que poderíamos chamar de uma vitória em casa, com o triunfo de Michele Alboreto da Tyrrell em Detroit, sede da Ford.

O Ford Cosworth DFV foi um pilar vital para a popularização da F1 na década de 70, pois era acessível a todos as equipes, inclusive as nanicas, fato que permitiu a muitos se aventurarem e vencerem na categoria máxima do automobilismo mundial.

lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.

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Cristiano Seixas

Wikipédia da Fórmula 1, um dos maiores intelectuais do automobilismo, Cristiano Seixas é um dos mais antigos apoiadores dos produtores de conteúdo e deixa aqui no BP uma pequena porção do seu conhecimento para as futuras gerações!
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