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Em corrida caótica na Austrália, estratégias se mantém firmes e com pouca inovação

Mesmo com a ação do Safety Car e bandeira vermelha, os times optaram por uma estratégia mais segura, pneus médios para a largada, compostos duros para o desenvolvimento da corrida e os pneus macios foram apenas para garantir um pouco mais de aderência

O GP da Austrália de 2023 foi marcado pelo caos e a intervenção de três bandeiras vermelhas. Os períodos de paralisação contribuíram para que alguns competidores realizassem trocas de pneus sem precisar perder tempo nos boxes.

A prova realizada no Circuito do Albert Park é relativamente rápida e pela Fórmula 1 ser o último evento do dia é um pouco mais simples para a direção de prova levar a corrida para a bandeira vermelha. A escolha de não perder tempo atrás do Safety Car para realizar a remoção de um carro ou a limpeza de pista foi uma boa opção para a prova disputada neste fim de semana.

A corrida começou com o abandono de Charles Leclerc e a entrada do Safety Car em pista. Neste momento da prova, Sergio Pérez, Valtteri Bottas, Esteban Ocon e Logan Sargeant recorreram aos boxes para substituir os pneus e cumprir a parada obrigatória. Pérez precisou fazer duas trocas para retornar aos pneus duros com a tentativa de ir até o final da corrida com os mesmos compostos.

O piloto mexicano da Red Bull não fez uma escalada tão rápida, ficou boa parte da prova preso na nona posição. Os problemas que aconteceram no final da corrida colaboraram para Pérez conquistar o quinto lugar.

Max Vestappen celebra vitória no GP da Austrália – Foto: Red Bull

O primeiro período de bandeira vermelha aconteceu pouco depois da batida de Alexander Albon, o piloto da Williams ficou atravessado na pista e levou muita brita para o traçado. O diretor de prova paralisou a prova pouco depois de George Russell e Carlos Sainz entrarem nos boxes para substituir os pneus. O piloto da Mercedes perdeu a ponta e Sainz várias posições – os outros competidores realizaram as suas trocas de pneus em bandeira vermelha e como mencionado, não perderam tempo nos boxes.

Mesmo com as outras ações do Safety Car, optaram por praticamente trabalhar com a estratégia de uma parada, semelhante ao que ocorreu no ano passado. Largaram com os pneus médios, usaram os compostos duros da volta 08 até a 55 e substituíram os compostos apenas na bandeira vermelha provocada por Kevin Magnussen, com o intuito de contar com mais aderência fazendo o uso dos pneus macios.

Aquela relargada após a batida do piloto da Haas foi uma verdadeira carnificina, onde Pierre Gasly e Esteban Ocon se chocaram, Nyck De Vries e Logan Sargeant foram para a brita e Carlos Sainz tocou em Fernando Alonso. Mesmo com os pneus macios, a dificuldade para colocar temperatura rapidamente nos pneus foi uma questão na Austrália. Geralmente as temperaturas são mais elevadas, mas isso não aconteceu na corrida deste ano.

Nesta segunda relargada, apenas Sergio Pérez, Lando Norris, Oscar Piastri, Zhou Guanyu e Logan Sargeant contavam com pneus macios novos, o restante largou com compostos usados.

Max Verstappen venceu a corrida, o piloto não foi muito bem na largada que marcou o início da prova, o holandês simplesmente patinou e foi ultrapassado por George Russell e Lewis Hamilton. Pouco depois da Mercedes cometer o erro de parar Russell reagindo a entrada do Safety Car, Hamilton ficou sozinho na liderança e sem o uso do DRS, Verstappen não demorou para reassumir a liderança da prova.

Verstappen fez uma corrida sólida e quase venceu a prova com mais de 10 segundos de diferença para o segundo colocado. O holandês estava liderando a corrida com um desempenho sólido, mas cometeu um breve erro e extravasou os limites de pista, pouco depois foi a vez de Magnussen tocar o muro de contenção e provocar a tal paralisação da prova.

Fernando Alonso conquistou o seu terceiro pódio neste domingo. O piloto da Aston Martin foi acertado por Carlos Sainz e caiu para o final do pelotão (na penúltima relargada), mas com a direção de prova retornando as posições anteriores aos acidentes, Alonso recuperou a terceira posição e pode celebrar o pódio. Sainz foi punido com cinco segundos e com a proximidade do grid, o piloto da Ferrari ficou apenas com o décimo segundo lugar, fora da zona de pontuação depois de ter realizado uma corrida de recuperação por conta do erro da Ferrari.

As estratégias de corrida foram influenciadas pela frequência dos períodos de Safety Car e as outras paralisações da prova. Os três primeiros colocados optaram pela estratégia de largar com os pneus médios, seguir para os compostos duros na neutralização da prova e encerrar a corrida com os compostos macios.

Nyck De Vries não conclui a corrida, mas fez uma estratégia diferente, o piloto largou com os pneus duros, trabalhou com os médios no stint intermediário, completando 37 voltas com esse comporto, depois instalou um jogo de pneus macios, completando 9 giros.

Os Pneus da Rodada

Pneus disponíveis para cada um dos pilotos antes do início da corrida – Foto: reprodução Pirelli

A Pirelli optou por trabalhar com a gama intermediária de pneus na Austrália, formada pelos pneus  C2 (duro – faixa branca), C3 (médio – faixa amarela) e C4 (macio – faixa vermelha). Para a corrida de 2023 a Pirelli substitui os pneus C5 usados em 2022, pelos compostos C4, reduzindo o gap entre os pneus e dando mais uma opção para as equipes trabalharem ao longo da corrida, podendo incluir os pneus de faixa vermelha na sua estratégia.

Ao longo do fim de semana, enquanto as equipes tiveram a possibilidade de verificar os compostos, muitos times verificaram a durabilidade dos pneus macios, fazendo uma porção de voltas para identificar o comportamento desses pneus em seus carros.

Estratégia usada no GP da Austrália – Foto: reprodução Pirelli

C2 (duro – faixa branca): assim como na temporada passada, os compostos de faixa branca foram incluídos na estratégia de grande parte do grid. Os pilotos completaram cerca de 47 voltas com esses pneus. Após começar a corrida com os pneus médios, os pneus duros entraram em ação, fornecendo mais durabilidade para os duelos que estavam por vir.

Mesmo com a possibilidade de aparecer um Safety Car, as equipes apostavam que após o primeiro período de bandeira vermelha, seguiriam até o final da prova usando esse tipo de composto para encerrar a corrida, sem precisar de uma nova troca de pneus.

Esse composto fez parte da batalha entre Alonso e Hamilton, os competidores optaram por conservar os seus pneus por uma parte da prova, depois o espanhol foi liberado pela equipe para perseguir Hamilton e buscar o segundo lugar.

Apenas Sergio Pérez, (que começou a corrida do Pit-lane), De Vries e Sargeant começaram a corrida com os pneus duros, mas com a ação do Safety Car no começo da prova, reagiram para cumprir a parada obrigatória, antes de retornar ao jogo de pneus duros.

Desempenho de cada um dos pneus na Austrália – Foto: reprodução Pirelli

C3 (médio – faixa amarela): esses pneus não aquecem tão fácil, mas quando pegam temperatura, os pilotos podem se preocupar com a durabilidade. Os pneus médios em geral são melhores que os macios em uma corrida, justamente por um período maior de duração, além da curva de declínio de desempenho que demora um pouco mais para acontecer.

Treze dos vinte pilotos do grid optaram pelos pneus médios para a largada, sendo uma ótima escolha para o começo da corrida, principalmente para enfrentar as primeiras batalhas.

De Vries começou a corrida com os pneus duros, mas na primeira bandeira vermelha da corrida instalou os pneus médios e completou 37 voltas antes de fazer a nova troca de pneus.

C4 (macio – faixa vermelha): é o pneu ideal para a classificação, mas conseguiu ser incluído na estratégia de alguns pilotos. Pierre Gasly optou por começar a corrida com esse composto, para depois instalar os pneus duros e fazer o stint regular como os outros pilotos. Zhou Guanyu, Valtteri Bottas e Esteban Ocon também largaram com os pneus macios, mas reagiram ao primeiro Safety Car, optando pelos pneus duros, permanecendo mais tempo com esse composto em seus carros.

Podemos dizer que os pneus macios foram apenas para fazer uma graça no final da corrida, contaram com ele para ter mais aderência, mas com a demora para o encerramento da prova, a pista costuma ficar mais fria e a relargada pode não ser tão efetiva: novamente é impossível não mencionar os acidentes que aconteceram no final da corrida.

A corrida na Austrália foi bem movimentada, pois o Safety Car e a ação de uma bandeira vermelha acabam por aproximar o pelotão. As estratégias foram um reflexo da reação do que aconteceu na pista, alguns times se saíram melhor que outros e apenas 12 competidores concluíram a corrida.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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