Indy

A fantástica IndyCar 2018

A IndyCar finaliza sua “primeira fase” após quatro etapas disputadas. Muita coisa já foi respondida, outras questões acabaram sendo levantadas. Confira abaixo um resumo das etapas iniciais do calendário e um prognóstico do que foi visto:

A temporada começou na belíssima pista de rua de St. Peterburg, na Flórida, no dia 11/03. Um lindo dia de Sol e de muita expectativa cobria a categoria, já que o tão esperado novo carro, o DW18, estava pronto para estrear, além de caras novas que poderiam mexer (e muito) na composição da competição.

Vale destacar alguns dos novos nomes da Indy, como o canadense Robert Wickens, oriundo da DTM, o britânico Jordan King, vindo da F2, o austríaco René Binder, da F2, o norte americano Kyle Kaiser, campeão da Indy Lights de 2017, o brasileiro Pietro Fittipaldi, campeão 2017 da extinta World Series e o outro brasileiro novato é o Matheus Leist, também vindo da Indy Lights.

O carro novo, com linhas mais arredondadas, menor e notavelmente mais arisco que seu antecessor, proporcionou uma prova incrível de abertura, com destaques para o fim de semana que quase se tornou de ouro para Matheus Leist, que após largar entre os líderes, acabou abandonando.

A vitória ficou com Sebástien Bourdais, a segunda seguida na pista de rua. A polêmica ficou por conta da batalha entre Alexander Rossi e Robert Wickens na última volta, onde Rossi arriscou tudo na curva 1, mas acabou cometendo um erro ao frear muito depois do ideal, levando também o Wickens para fora e com isso, o francês acabou herdando a vitória.

A segunda etapa do campeonato ocorreu no deserto de Phoenix, no primeiro desafio em circuito oval, no dia 07/04. A categoria se viu em uma pista curta e perigosa, um oval rápido, com inclinação e à noite. A prova não foi das mais agressivas, mas nem por isso foi ruim. Um jogo de xadrez dos mais complexos foi sendo jogado por pilotos e equipes, chegando ao ponto de termos três corridas diferentes no fim da prova: a do Bourdais, a do Rossi e a do resto.

O francês tinha tudo para ganhar a prova por ser o último a parar para pôr combustível e pneus novos, pois todos os outros concorrentes não teriam combustível para a conclusão da prova, mas a bandeira amarela no finalzinho acabou com as chances de Bourdais, que amargou a décima terceira posição. Rossi em uma prova incrivelmente agressiva de recuperação, após tomar uma multa na parte inicial da prova e ficar uma volta atrás, acabou ficando atrás de Scott Dixon, só conseguindo ultrapassá-lo no final da corrida, chegando na quarta posição. Já Josef Newgarden, o atual campeão da categoria, conquistou a primeira vitória na temporada, efetuando as paradas nas horas certas e não cometendo erros, como os que Ed Jones e Will Power, que vinham muito bem na prova, cometeram. Essa prova também marcou a estreia de Pietro Fittipaldi, que vinha na faixa dos 10 primeiros quando acabou batendo na volta 40.

A terceira prova do campeonato foi disputada na semana seguinte, dia 15/04 nas ruas charmosas de Long Beach. A Mônaco americana sempre nos reserva emoções e neste ano não foi diferente, apesar do domínio assustador de Alexander Rossi, que finalmente venceu no campeonato.

A prova, já na largada, teve o acidente de Graham Rahal que acabou tocando em Simon Pagenaud, tirando-o da prova. O francês da Penske estava animado para uma boa corrida, mas infelizmente não chegou nem a primeira curva. Will Power conseguiu uma sólida segunda posição, Ed Jones mostrando sim que pode ser um fator no campeonato foi o terceiro, Zach Veach em uma impressionante corrida ficou em quarto. Se por um lado, Rossi foi dominante, por outro, o troféu de azarado da corrida vai para o Sebastien Bourdais. Mais uma vez o francês tinha carro para no mínimo ser top 3 da prova, mas se em Phoenix a estratégia da Coyne acabou caindo por terra, aqui o que caiu por terra foi a paciência do piloto. Entrou no box justamente em uma das bandeiras amarelas, mas por esperteza dele e da equipe, não parou para a troca dos pneus, diferente de Scott Dixon, que foi punido por efetuar a parada. Ainda executou uma das manobras mais selvagens da história do esporte a motor, quando no final da Shoreline Drive, na freada da curva um, o piloto executou uma arriscadíssima ultrapassagem tripla (Dixon, King e Leist). O detalhe é que ele ultrapassou Scott Dixon usando a linha de saída dos boxes, com isso, a direção de prova exigiu que Bourdais devolvesse a posição ao neozelandês. Ele até devolveu, mas repassou o piloto da Ganassi em seguida. No final, no hairpin, foi tocado pelo seu companheiro de equipe, Claman de Mello, acabou rodando e isso foi a pá de cal na paciência do francês, que saiu falando poucas de boas de Leist e Jordan King, demonstrando seu destempero em uma corrida que começou dos sonhos, mas terminou sendo o pior pesadelo, com um amargo décimo quarto lugar.


A quarta etapa do campeonato era para ter sido realizada no dia 22/04 no circuito misto de Barber, no Alabama. Mas devido a uma chuva fortíssima, que gerou inúmeras poças d’água, a Indy (que fez 23 voltas no domingo) jogou a prova, que tinha parado na volta 22 de 90, para a segunda-feira. Se no domingo a prova foi caótica, na segunda, se tornou (mais uma vez), uma prova estratégica.

A dominância dessa vez ficou com Josef Newgarden, que venceu pela terceira vez em quatro provas disputadas no Alabama. O piloto #1 da Penske dominou as ações da segunda-feira já nas primeiras voltas, quando abriu muita vantagem para o restante do pelotão. Ryan Hunter-Reay chegou em um sólido segundo lugar, com Hinchcliffe em terceiro e Wickens em quarto. A prova na segunda em sua maioria foi disputada com pista seca, mas nas últimas voltas a chuva veio, de forma lenta, fazendo aos poucos os pilotos irem aos boxes. Sendo praticamente o último a parar, Newgarden acabou escolhendo a hora certa, pois foi logo assim que a chuva aumentou de intensidade. Quem ainda tentou ir além foi Sebastien Bourdais, mas nas voltas finais a chuva apertou, impossibilitando o uso de pneus secos.

Tendo um resumo bem rápido das quatro primeiras provas, vamos aqui puxar umas partes importantes que ficaram claras nessa primeira fase do campeonato:

Rossi é o piloto mais rápido do grid, juntamente de Bourdais, ambos poderiam estar mais à frente no campeonato.

Falando em Bourdais, que campeonato do francês! Sempre arriscando estratégias malucas, pois sabe que não tem um carro campeão.

A Penske começou um pouco atrás, mas já se vê claramente que Newgarden é o homem a ser batido e que vai buscar esse bicampeonato. Power no Alabama vinha bem, até cometer um erro até bobo em se tratando de um piloto experiente, passando em cima da poça d’água no domingo, no cantinho da reta dos boxes. Pagenaud começa sendo o mais defasado dos três, mas não pode ser descartado.

Na Ganassi, Dixon e Jones aparentam ser pilotos muito mais parecidos do que se imagina. São pilotos que não necessariamente na classificação vem para a frente, mas sabem acertar carros durante a corrida para ganhar terreno. Se não fosse o erro de Jones em Phoenix… olho na Ganassi.

A equipe de Sam Schmidt conta com uma dupla dos sonhos: Hinch (o prefeito) é um dos queridinhos da categoria, na pista, ninguém questiona suas habilidades. Agora, com esse “tal de” Robert Wickens, que vem da DTM, a equipe pode ter uma sequência dos sonhos. Um prêmio ao gigantesco Sam Schmidt, um exemplo de superação!

A Andretti começa o ano muito bem com Rossi (citado acima), Hunter-Reay, piloto experiente, soma pontos importantes. Mesmo com o infortúnio de Long Beach, é um nome pesadíssimo para o campeonato.  E Marco Andretti faz um ano muito acima do esperado, na nona posição da tabela.

A equipe de Graham Rahal não vem como prometido nos testes de pré-temporada, onde o filho da lenda, Graham, foi o mais rápido. Ainda assim, ocupa uma boa quarta posição na tabela de pontos, enquanto Takuma Sato, anda bem apagado, numa discreta décima quarta posição. Mas a Indy 500 vem aí e os dois (principalmente Sato) andam muito bem.

A Foyt começa o ano muito bem, sabendo que é uma equipe que está se reestruturando. Em termos de pilotos, tem o mais experiente da categoria, Tony Kanaan e o novato Matheus Leist. Uma dupla muito boa para esse momento em que claramente a Foyt finalmente quer virar a chave e se tornar grande. Os passos estão sendo dados, é ver como serão os próximos, pois até aqui foram bons. E olho nessa equipe para a Indy 500.


Pietro Fittipaldi participou até o momento de uma corrida, em Phoenix, onde vinha muito bem. O neto do eterno Emerson, não fará todo o campeonato desse ano, mas quem sabe em 2019 acaba sendo contratado para toda a temporada. Com certeza seria uma adição valiosa para a categoria.


A próxima etapa da IndyCar será no misto de Indianapolis, no dia 12/05. As 500 Milhas de Indianapolis será disputada no dia 27/05.

PS: A IndyCar notabilizou em quatro provas disputadas, praticamente 1000 ultrapassagens. Se isso não fez o carro novo ser o sucesso…

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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.

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