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O fiasco da equipe Penske em Indianópolis

21 de maio de 1995 - 01ª Temporada: dia 346 de 365 dias.

Team Penske, a mais tradicional equipe do automobilismo norte americano atingiu a poucos dias a histórica marca de 200 vitorias na Indy, 16 na mais importante prova da categoria, a Indy 500. Mas foi justamente no mítico oval de Indiana que a equipe de Roger Penske viveu seu maior vexame.

Al Unser Jr com o carro de Raul Boesel Fonte: Penske

Para entender a situação voltaremos a 1994. Neste ano a equipe trucidou a concorrência vencendo 12 das 16 etapas, seus pilotos foram os 3 primeiros colocados no campeonato, Al Unser Jr 225 pontos, Emerson Fittipaldi 178 pontos e Paul Tracy 152 pontos. O quarto colocado Michael Andretti marcou 118 pontos. O domínio da Penske foi maior ainda na Indy 500 onde Emerson Fittipaldi liderou 145 voltas e Al Unser Jr 48, o brasileiro que estava prestes a colocar 1 volta em Al Jr bateu na saída da curva 4 entregando a vitória ao norte americano. Tamanha vantagem do time ocorreu por conta do motor especial que a Mercedes preparou para Indianapolis. O motorzão preparado pelos alemães utilizava o comando de suas válvulas por varetas. Tal expediente permitia que o propulsor germânico utilizasse pressão no turbo 10 bar maior que seu principal concorrente o Ford Cosworth. Nota importante, este motor podia ser utilizado apenas na Indy 500. Na outra etapa em superspeedway do calendário disputada em Michigan o dominante chassis da Penske foi coadjuvante, Emerson Fittipaldi largou em 7°, Paul Tracy em 11° e Al Unser em 14°. Na corrida Al Unser e Emerson Fittipaldi classificaram-se em modestos 8° e 10° lugar respectivamente, mas ambos não cruzaram a linha de chegada por quebra de seus motores. Paul Tracy abandonou na volta 150.

Emerson com o carro de Bobby Rahal. Fonte: @Penske

Voltemos a 1995. A Cart chegava a Indianapolis para a 79° edição da Indy 500. Nos bastidores a cisão entre a Cart e Tony George, presidente do Indianapolis Motor Speedway estava bem adiantada. Incomodados com o domínio do motor Mercedes e da Penske no ano anterior a USAC (Tony George) alterou o regulamento da Indy 500 de 1995 proibindo o motor com acionamento de válvulas por varetas, tal medida enfureceu Roger Penske e os outros chefes de equipe que eram equipados com motor Mercedes. Já nos primeiros testes no início de maio Emerson e Al Jr figuravam entre os mais lentos, os carros da Penske sofriam para virar na casa de 221 milhas de media enquanto que os ponteiros estavam na casa de 228 milhas. Mr. Penske leva seus carros para uma revisão na fábrica e descobre que o PC24 sofria de uma falha estrutural no assoalho que gerava um arrasto gigantesco tornando o bólido lento demais nas retas, um pecado mortal tratando-se de Indianapolis. Passando vexame no pole day a mais tradicional equipe americana partiu para o desespero utilizando o PC23 de 1994, mas sem o motorzão especial da Mercedes ele também foi um fiasco. Sendo assim a equipe teria que recorrer a carros de outros times. Roger Penske possui dinheiro suficiente para comprar 2 vagas para seus pilotos em qualquer equipe nanica, mas os milionários contratos com Mercedes e Goodyear lhe impediam de utilizar carros com motores Ford e Honda e os que fossem calçados com pneus Firestone.

Al Unser Jr com o Reynard da Hall Fonte: Penske

Roger Penske teve que recorrer a equipe Rahal Hogan e a Hall, ambas equipadas com motores Mercedes. Al Unser tentou a sorte com o Reynard-Mercedes branco igual a neve, não deu certo. Apelaram então para os Lola-Mercedes da Rahal Hogan. Al Jr tentou classificar-se com o carro reserva de Raul Boesel e Emerson o fez com o carro reserva de Bobby Rahal. Um irreconhecível Al Unser nada conseguiu com o carro de Boesel, já Emerson Fittipaldi estava prestes a classificar-se com o carro de Rahal, mas surpreendentemente Roger Penske abortou a tentativa do brasileiro. Resultado: Frank Freon e Stefan Johansson que por ironia do destino guiava um chassis Penske do ano anterior eliminaram a dupla da equipe mais tradicional dos EUA do grid de sua prova mais importante.

Ironia do destino, Stefan Johansson com um chassis Penske do ano anterior elimina o último piloto da Penske da prova Fonte: Penske

Al Unser Jr perdeu o título para Jacques Villeneuve por 10 pontos no final da temporada, um 5° lugar em Indianapolis poderia ter mudado essa história. Há exatos 23 anos a gigante Penske teve seu dia de equipe nanica, uma história que apenas a Indy e Indianapolis poderiam proporcionar. Curiosamente com a cisão Cart x IRL a Penske só voltaria ao oval mais famoso do mundo em 2001.

lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.

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Cristiano Seixas

Wikipédia da Fórmula 1, um dos maiores intelectuais do automobilismo, Cristiano Seixas é um dos mais antigos apoiadores dos produtores de conteúdo e deixa aqui no BP uma pequena porção do seu conhecimento para as futuras gerações!

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